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Estúdio Correio
Publicado em 26 de dezembro de 2025 às 05:00
Diante da recente escolha da cor branca "Cloud Dancer" como a Cor do Ano de 2026 pela Pantone, uma onda de críticas como “sem criatividade” e “vazio” inundou o debate público. No entanto, uma análise que transcende a superficialidade revela uma profunda coerência e coragem na decisão. Em um mundo cada vez mais barulhento, saturado e ansioso, a escolha pela cor branca não representa um vácuo de ideias, mas um retorno ao essencial. >
Em tempos de caos algorítmico, a cor aparece como um convite para reordenar e limpar excessos que, sem perceber, permitimos que como uma borracha vá nos apagando aos poucos. Já imaginou uma folha em branco para reiniciarmos nossa história, reescrever nossas verdades, desenhar o seu mundo sem a interferência do que você ouve e vê na velocidade da luz a qual estamos imersos? Parece poético demais, não é? Mas é urgente a necessidade de retomarmos o roteiro de nossas vidas, cada qual no seu universo e dentro de sua realidade. >
Pantone Cloud Dancer
Vivemos em uma era de hiperestimulação incessante e por vezes, nossa capacidade de reflexão é terceirizada para máquinas que pensam por nós. Em quem Rodin se inspiraria para esculpir o seu clássico O Pensador nos dias de hoje se ouvisse de uma jovem de 20 anos “eu nem penso mais, o GPT faz isso por mim” (ouvi isto num banheiro feminino)? >
Num mundo marcado por conflitos, tensões e guerras que parecem não ter fim, o branco surge como um chamado à calma, a paz. Estamos escondendo nossos cansaços e fadigas atras de uma felicidade forçadamente colorida. Neste contexto, a cor branca não grita por atenção, mas sussurra por um momento de respiro. >
E ao contrário do que muita gente tem dito nos últimos dias, que a escolha foi sem fundamento ou arbitrária, vale lembrar que o processo do Pantone Color Institute é bem sério. Especialistas acompanham de perto vários setores, como moda, design, cinema, arte, arquitetura, tecnologia e até o comportamento do consumidor. No fim, são as próprias pessoas que indicam qual cor faz sentido para aquele momento. Por isso, a cor do ano nasce da observação do que está acontecendo no mundo e do espírito do tempo, o zeitgeist. >
A escolha da Pantone faz a gente encarar uma pergunta incômoda: ainda sabemos começar do zero? O branco não dá atalhos, ele devolve pra gente a responsabilidade, e até o privilégio, de criar a partir do nada. É um convite para pensar com calma, sem filtro e sem ruído. >
A meu ver, a Pantone não escolheu a cor mais fácil — escolheu a mais corajosa. Não nos deu um vazio, mas a possibilidade de recomeçar o olhar. Este é o meu parecer... apenas. E com toda liberdade, cada qual ache e faça o que quiser com s(EU) Cloud Dancer.>
O Projeto Fatos e Cenários é uma realização do Jornal Correio com patrocínio da Suzano, Tronox e apoio da Alba Seguradora, Sistema FIEB e Wilson Sons. >