Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Estúdio Correio
Gabriela Araújo
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 12:42
Com o aumento do número de motocicletas nas ruas de Salvador, cresce também a preocupação com a segurança no trânsito. De janeiro até julho de 2025, a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) contabilizou 1.594 feridos em sinistros envolvendo motos e 34 mortes. No mesmo período de 2024, foram 1.544 pessoas feridas e 41 vítimas fatais, enquanto em todo o ano passado, foram registrados 2.853 feridos e 74 mortos.>
Em entrevista ao CORREIO, Roger Monteiro, médico e diretor do Hospital Ortopédico do Estado da Bahia (HOEB), administrado pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, afirmou que os números registrados pela Transalvador se refletem nas unidades de saúde. >
Primeira motofaixa de Salvador
“Os motociclistas estão entre as principais vítimas de traumas ortopédicos graves. No HOEB, os casos mais frequentes envolvem fraturas expostas, especialmente em pernas e braços, sendo a tíbia e fíbula os ossos mais afetados, fraturas complexas de joelho e quadril, muitas vezes exigindo cirurgias com próteses ou fixadores externos, fraturas de clavícula, úmero e punho, comuns em quedas com tentativa de proteção usando os braços, lesões nos pés e tornozelos. Em acidentes de maior energia, observamos politraumas, inclusive na pelve e coluna”, detalhou. >
O uso de equipamentos de proteção pode reduzir significativamente a gravidade das lesões, afirmou o médico. “Capacete, luvas, botas e jaquetas ajudam a minimizar danos, principalmente em membros superiores e inferiores. Quando o motociclista não usa equipamentos adequados, vemos mais fraturas expostas, múltiplas e infecções, além de maior risco de amputações”, alertou. >
Ainda segundo Monteiro, com o passar dos anos, o perfil dos pacientes mudou. “Temos observado mudanças importantes no perfil dos pacientes, como crescimento do número de jovens adultos, muitos entre 18 e 30 anos, grande presença de entregadores de aplicativo, que passam longas horas no trânsito e estão mais expostos a acidentes, maior participação de mulheres pilotando motocicletas e aumento de casos envolvendo motociclistas amadores de final de semana, principalmente em estradas”, destacou. >
De acordo com Antônio Neri, diretor de trânsito da Transalvador, não basta apenas usar os equipamentos de proteção, também é necessário que esses itens sejam utilizados de forma correta. “O uso do capacete traz mais segurança ao motociclista quando ele se envolve em um sinistro de trânsito. Dessa forma, ele precisa ser usado com a viseira fechada e devidamente afivelado", pontuou.>
Por mês, o Hospital Ortopédico do Estado da Bahia (HOEB), referência estadual em ortopedia e traumatologia, atende cerca de 400 vítimas de acidentes por mês, considerando ocorrências em geral, sendo metade delas resultantes de acidentes de trânsito. Em períodos de feriados prolongados ou festas populares, esse número costuma aumentar. >
O diretor da unidade de saúde lembra ainda dos desafios do atendimento e reabilitação. “Muitas fraturas são múltiplas ou expostas, exigindo várias cirurgias. O tempo de reabilitação é prolongado, e muitos pacientes são trabalhadores autônomos, que dependem da motocicleta como fonte de renda, o que traz impacto financeiro e emocional”, explicou. >
Para integrar as ações de aumento da segurança viária, Salvador inaugurou, em março, a primeira motofaixa da capital, implantada na Avenida Mário Leal Ferreira, mais conhecida como Avenida Bonocô. A cidade é a terceira do Brasil autorizada pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) a implementar a estratégia viária.>
A motofaixa foi desenhada entre as faixas 1 e 2, a partir do canteiro central, em cada sentido da Bonocô, demarcada com linhas tracejadas nas cores azul e branco. Isso permite que os motociclistas transitem com mais segurança na região, sem modificar a dinâmica já existente na via. Mesmo com a inclusão da motofaixa, cada sentido da avenida continua tendo quatro faixas para circulação de veículos. No entanto, por determinação da Senatran, a velocidade máxima na Bonocô passou a ser de 60 km/h.>
• Use sempre capacete – com viseira fechada e devidamente afivelado. >
• Invista em equipamentos de proteção – luvas, botas e jaquetas reduzem a gravidade das lesões em braços e pernas.>
• Prefira roupas reforçadas – tecidos resistentes ajudam a minimizar escoriações e fraturas.>
• Mantenha a moto revisada – freios, pneus e luzes em dia fazem diferença em situações de risco.>
• Respeite os limites de velocidade – especialmente em áreas com motofaixa ou grande fluxo de veículos.>
• Redobre a atenção em cruzamentos e ultrapassagens – pontos mais críticos para acidentes.>
• Evite dirigir cansado ou sob pressão de tempo – entregadores e motociclistas de aplicativo estão entre os mais expostos.>
O projeto de conteúdo Semana Nacional de Trânsito é uma realização do jornal Correio, com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e da Transalvador. >