Mariana Aydar interpreta apenas canções do poeta Nuno Ramos em quarto álbum

Pedaço Duma Asa é uma obra caseira no melhor sentido da palavra; foi gravado no estúdio dela e do marido Duani

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  • Doris Miranda

Publicado em 6 de outubro de 2015 às 13:02

- Atualizado há um ano

Não se engane com o título do novo álbum de Mariana Aydar,  Pedaço Duma Asa, o quarto da carreira. Não tem nada de quebrado nessa história. Pelo contrário, a cantora pulistana de 35 anos está inteiraça, imersa na maternidade de Brisa, 2 anos, e na obra do poeta e artista plástico Nuno Ramos, 55, autor de todas as músicas do disco produzido pelo músico Duani, marido dela.(Foto:Divulgação)Cantar o também paulistano Nuno foi um sonho realizado por Mariana, que se apaixonou pela poesia lindamente tristonha dele: “Sempre quis mergulhar no universo do Nuno, é um encontro que estava para acontecer nesta vida. Este é um disco mais denso, tem DNA de samba triste, porque a tristeza tem sua beleza, né?”Não é uma vontade recente a desse encontro. Os dois se conheceram em 2007 num festival de música no interior de São Paulo. Ela achou que Nuno, vencedor do Prêmio Portugal Telecom de 2009 na categoria artes plásticas, era português. Um ano depois, veio a primeira parceria entre eles em disco: a canção Tudo o que Trago no Bolso entra no álbum  Peixes Pássaros Pessoas, o segundo de Mariana. Em seguida, um show com quatro apresentações, três no Rio e uma em São Paulo. Noites “mágicas, novas, transformadoras”, nas palavras de Mariana.IdentidadeA partir daí, muitas outras músicas surgiram - Nuno lhe mandou uma fita cassete com  mais de 70 - e a vontade de um disco somente com esse material veio mais forte: “O Nuno compõe muito rápido. É muito natural, flui. Fiquei perdida no meio de tanta música, dava para fazer um disco duplo”.Ouvindo Pedaço Duma Asa, percebe-se início, meio e fim. E, sobretudo, histórias femininas  - algumas tristes, outras não. Todas permeadas por uma delicada abordagem do universo feminino. “Achei que tinha feito escolhas aleatórias mas, sim, o feminino foi se apresentando aos poucos, acho que tem a ver com o fato de eu ter virado mãe”, revela.Pedaço Duma Asa é uma obra caseira no melhor sentido da palavra. Foi inteirinho feito no estúdio que ela e o marido, o músico/produtor Duani mantêm em casa. “Fiz as coisas do meu jeito, no meu espaço, no meu tempo”, conta Mariana que, na época, ainda estava muito próxima de Brisa. “A experiência da maternidade esteve presente o tempo todo. Me senti privilegiada porque é muito cruel a mulher ter que se afastar do seu bebê para voltar ao trabalho”, completa.Talvez por isso, ela tenha se reconhecido tão plenamente dentro de um estúdio, já que nunca escondeu que seu lugar favorito sempre foi o palco. “Foi uma experiência muito legal, quero repertir”, brinca a cantora.Da tranquilidade no ambiente e da identidade com a obra, o samba de Mariana Aydar surge com uma certa baianidade: “Essa sonoridade tem muita a ver com o que  aprendi com Letieres Leite, produtor do meu terceiro disco. Qualquer coisa que fizer a partir de agora vai ser para depurar esse som”. E que som é esse? O do tambor, instigado desde a ralização do álbum Cavaleiro, o ‘mais baiano’ de Aydar. Pena que o público de Salvador não tenha tão cedo previsão de assistir isso ao vivo, porque a turnê está indo para outras direções agora.