Morador de Santo Amaro está por trás de versões de pagode, axé e funk "a la Caetano"; ouça

O apresentador Otaviano Costa disse que a versão era a caetanovelosificação da Metralhadora

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 24 de fevereiro de 2016 às 07:32

- Atualizado há um ano

Ele certamente rezou (e ainda reza) a novena de Dona Canô.  Um preto norte, americano, forte, que às vésperas do Carnaval confundiu todo mundo e virou pelo avesso os “entendidos” em Música Popular Brasileira. Um jovem Reconvexo que brincou com uma música e transformou a arrochadeira de Itabuna em algo com a cara do Recôncavo.    O cantor e compositor Marcel Fiuza, 27 anos, é um típico santamarense. Ao gravar o áudio de uma versão caetanizada de Paredão Metralhadora, da banda Vingadora, fez os grupos de WhatsApp do Brasil inteiro se perguntarem: ‘Seu som me cega! Quem é você?’.Marcel é o Caetano ‘fake’ que confundiu o país com a voz idêntica à do ídolo: Paredão Metralhadora com jeito de Recôncavo (Foto: Almiro Lopes/CORREIO)Seria Caetano aprontando mais uma das suas e atirando para todos os gostos musicais? Trá, trá, trá! “Sou fã do cara desde pequeno. Imito Caetano nas rodas de amigos”, esclarece Marcel. A imitação é quase perfeita. Além da voz parecidíssima, tem toda a malemolência caetaniana. Houve quem tivesse certeza de que se tratava do artista. Mas tudo é uma questão de ser, querer ser, merecer ser um camaleão. “Gente que me conhece há anos duvidou que era eu cantando”, comenta.  A gravação da versão da Metralhadora foi feita em 29  de janeiro, dia exato em que a banda Vingadora iria se apresentar em Santo Amaro. “Gravei de forma totalmente despretensiosa. Mandei para alguns grupos de amigos e acabou rodando o Brasil”. Alegria, alegria. Rodou tanto que acabou no programa Vídeo Show, da TV Globo. O apresentador Otaviano Costa disse que a versão era a caetanovelosificação da Metralhadora. “Marcel Fiuza! Você é um gênio, cara”, elogiou Otaviano, depois que Marcel acabou com o mistério em 2 de fevereiro ao gravar um vídeo dando uma palhinha. De mãe santo-amarense e pai angolano, o rapaz nasceu em Salvador no dia 29 de julho de 1988. “Sou de Leão”, enfatizou. Mas o leãozinho que imita Caetano mora em Santo Amaro desde os 2 anos de idade. Mesmo com a namorada e o pai morando na capital, não deixa dúvida de onde prefere estar. “Ah, eu gosto de ficar mais láááá”, disse, alongando-se na fala, um jeito que só se vê no Recôncavo. “O ritmo em Santo Amaro é mais lento. Aí eu sou assim”, disse, sentado à mesa de uma lanchonete na frenética Rodoviária de Salvador. “Dou uns bate-e-volta, mas prefiro Santo Amaro”, repetiu.   

Marcel tem dez anos de carreira, ainda não estourou, mas uma força estranha o leva a cantar. Tem certo laço com a família Velloso. Conhece Rodrigo e Jota, irmãos de Caê. Não só já esteve com o ídolo e apertou sua mão como já tocou para ele assistir. “Foi em um aniversário no Teatro Dona Canô. Nos encontramos, apertamos as mãos, mas fiquei paralisado”, relembra.Depois do Trá, Marcel já fez outras versões na voz de Caetano. Entraram para a lista o axé Cabelo de Chapinha, o arrocha Chorência e o funk É Hoje! Marcel não tem preconceitos. Sabe que a vida é amiga da arte. Segue com os olhos cheios de cores, o peito cheio de amores. Por que não? Mesmo fã de Caetano antes, agora e depois, no final da entrevista entregou que o “conterrâneo” não é o seu maior ídolo. Ama Caetano, mas o cara que mais admira na MPB chama-se Djavan. A declaração gerou discussão com o repórter, para quem Caetano está no mesmo patamar de Deus. Pô,  Marcel! Não enche!    

Ouça algumas versões de Marcel: 

"Sofrência"

Minha Deus (Cabelo de Chapinha)

Hoje