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Brenda Viana
Millena Marques
Publicado em 20 de novembro de 2024 às 17:29
Milhares de soteropolitanos marcaram presença na 21ª Caminhada da Liberdade nesta quarta-feira (20), Dia da Consciência Negra. Neste ano, com o reconhecimento nacional do feriado, o evento celebra os 190 anos da Revolta dos Malês e uma homenagem à atriz e cantora Zezé Motta. >
A caminhada começou por volta das 15h, com concentração na Senzala do Barro Preto, sede do Ilê Aiyê, no Curuzu. O destino é o Pelourinho. De acordo com o Fórum de Entidades Negras da Bahia (Feneba), organizador do evento, 40 mil pessoas marcaram presença no ano passado. >
Fundador e presidente do Ilê Ayiê, o Vovô do Ilê, celebrou o reconhecimento do Dia da Consciência Negra como feriado em todo país. “Mas a luta continua. A gente não quer negro só em novembro, é o ano todo. Somos uma cidade negra. Nós estamos vivendo em busca não é de supremacia de raça, é de liberdade e igualdade. E essa caminhada em homenagem a Zumbi dos Palmares é muito importante”, destacou. >
A secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia, Ângela Guimarães, celebrou o tema escolhido para a caminhada deste ano. “Fez com que a gente resistisse, desde a época da escravidão até aqui, e conquistar políticas afirmativas, Estatuto da Igualdade Racial, cotas nas universidades. A população negra segue viva, atuante e em marcha por liberdade, dignidade e igualdade”, disse. >
Comerciante criada no bairro da Liberdade há 32 anos, Bárbara Sousa celebrou o primeiro ano de feriado nacional. “Estou extremamente feliz pela primeira vez, primeiro ano de feriado, reconhecimento negro. Eu, como mulher preta, me sinto muito feliz no bairro da Liberdade", afirmou. >
Ao final da Caminhada, haverá um show-tributo dedicado a Luiz Melodia, com a participação de Renato Piau, violonista e parceiro de longa data do artista. >
Zezé Motta >
Aos 80 anos, 55 deles dedicados à cultura, a atriz, cantora, mãe de quatro filhos e ativista Zezé Motta será a grande homenageada da 21ª Caminhada da Liberdade. Mais de 70 filmes realizados para o cinema e 50 produções em TV, ela receberá o Troféu Nobre Guerreira, reconhecimento à sua trajetória artística e luta contra o racismo. >
Zezé é uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU) e foi a responsável pela criação do Centro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan), lançado em 1984, um banco de dados pioneiro que busca combater a falsa ideia de que atores e atrizes negros eram poucos ou não existiam, tantas vezes utilizada como justificativa para a escalação de elencos majoritária ou exclusivamente brancos. >
"Zezé Motta é conhecida e admirada pelos baianos e baianas, possui uma ligação íntima e solidária com o movimento negro, completando 80 anos de trajetória como defensora ferrenha da luta contra o racismo. Sempre ligada a Lélia Gonzalez (autora e ativista), não teve medo de colocar sua carreira como atriz e cantora em risco. É mais que justa essa homenagem para que novas gerações conheçam a importância dessa grande mulher na luta do povo negro e da Diáspora", diz o presidente do Feneba, Raimundo Bujão. >
Feneba >
O Fórum de Entidades Negras da Bahia foi criado em 3 de abril de 2001 por integrantes do Movimento Negro Unificado e dos blocos afro Ilê Aiyê, Muzenza, Malê Debalê, Cortejo Afro, Os Negões e Ókánbí. Sua atuação está pautada na busca por reparações, criação e melhoria das políticas públicas para a população negra, manutenção da luta antirracista, combate à intolerância religiosa e ao racismo institucionalizado. >