Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Maysa Polcri
Publicado em 21 de agosto de 2024 às 05:45
Se ninguém nunca clonou sua conta do WhatsApp, tentou invadir suas redes sociais ou ligou dizendo que um empréstimo no seu nome havia sido aprovado, sinta-se privilegiado. Ações desse tipo configuram estelionato eletrônico, crime o qual as ocorrências cresceram quase 80% em ano na Bahia. Apenas no ano passado, foram 7.515 registros em delegacias baianas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. >
O número, no entanto, deve ser ainda maior. Afinal, não são todas as vítimas que registram as ocorrências. Caso de Gabriel Amorim, que teve o WhatsApp clonado em julho deste ano. Criminosos criaram uma conta no aplicativo de mensagens com o nome e a foto da vítima. Se passando por Gabriel, enviaram mensagens para parentes e conhecidos do jovem. >
“Eu acordei e vi que meu pai tinha me mandado um print de uma conversa em que outra pessoa falava com ele com a minha foto de perfil. Foi aquele velho padrão: diziam para ele adicionar o novo número porque eu havia mudado”, conta Gabriel, que já conhecia o modus operandi do golpe. “Foi aquela velha conversa para depois pedir um Pix”, resume. >
Para evitar que conhecidos fossem vítimas do estelionato, Gabriel fez uma postagem em sua conta no Instagram avisando aos seguidores que não tinha mudado de número. “Dois amigos disseram que receberam a mensagem falsa, mas acho que ninguém caiu no golpe e o assunto morreu”, comenta. Na Bahia, é como se 20 pessoas caíssem em golpes desse tipo por dia. >
Segundo a advogada Tamiride Monteiro, presidente da Comissão de Tecnologia e Informação da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Bahia (OAB-BA), o envio de links maliciosos por e-mail ou mensagem de texto é a forma mais utilizada pelos criminosos. Ela explica como isso acontece. >
“Eles utilizam um link falso para ludibriar a vítima, que clica. A partir disso, conseguem acessar o computador ou celular da vítima, roubar todos os dados e criptografá-los”, diz. Por isso, a advogada alerta para que as pessoas tomem cuidado ao receber mensagens de desconhecidos. “É importante evitar clicar em links encurtados, independente do contexto que sejam enviados”, completa. >
Os links encurtados são aqueles abreviados, que não revelam as informações do site para qual a pessoa que clicar será direcionada. Esse é um exemplo de link comum: https://www.correio24horas.com.br/minha-bahia/jovem-feita-refem-na-engomadeira-perde-a-visao-e-tem-olho-direito-retirado-0824. Porém, a mesma página pode ser acessada por um link encurtado (https://abrir.link/hJtPi). Essa prática é utilizada para enganar as vítimas e fazer com que elas acessem sites fraudulentos. >
Outra forma de driblar os golpes é ativando a autenticação de dois fatores nas redes sociais. Fátima Duran não tinha essa opção e teve o Instagram hackeado neste ano. “Eu abri o aplicativo e vi que não estava entrando na minha conta automaticamente, achei estranho e coloquei login e senha novamente. Consegui acessar, alterei minha senha, e depois perdi o acesso completamente”, diz. >
Os estelionatários que invadiram sua conta começaram, então, a fazer postagens para enganar os seguidores de Fátima. “Postaram um story com uma foto minha e um texto recomendando um perfil de uma mulher que trabalha com investimento bancário. Tentei recuperar minha conta de todas as formas, mas não consegui”, conta a jovem. A pena para quem comete esse tipo de crime pode chegar a quatro anos de prisão, além de multa. >
O protocolo de autenticação em duas etapas exige um segundo código, para além do e-mail e senha, como forma de garantir que o dono da conta que tenta acessá-la. >
“Não é recomendado utilizar o telefone e o SMS como formas de autenticação de duas etapas porque o número de celular também pode ser clonado. A melhor forma é utilizar um endereço de e-mail”, indica a advogada Tamiride Monteiro.>
Para evitar ter as contas acessadas em caso de roubos e furtos de celulares, uma boa opção é se cadastrar no programa Celular Seguro, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Lançado no ano passado, a plataforma alerta operadoras de telefonia e bancos, caso o usuário tenha sido roubado. >
É preciso se cadastrar previamente na plataforma e registrar a ocorrência no aplicativo. Não há garantia de bloqueio automático das contas, mas o objetivo é facilitar a vida de quem é vítima. Veja mais dicas de proteção abaixo.>
1 - Não clicar em links enviados por desconhecidos, especialmente se forem links encurtados>
2 - Ativar a notificação em duas etapas através de outro e-mail de confiança >
3 - Se cadastrar na plataforma Celular Seguro >
4 - Nunca transfira dinheiro para amigo ou familiar que tenha feito o pedido por mensagem de texto sem, antes, ligar para confirmar; não faça a ligação pelo próprio aplicativo de mensagens>
5 - Nunca permita que acessem remotamente o seu computador ou celular, nem aceite fazer procedimentos de segurança durante ligações telefônicas.
>