Alemães se juntam a orquestra baiana em concerto inédito com 150 músicos

Apresentação acontecerá novamente na terça (5) e quarta-feira (6)

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  • Maysa Polcri

Publicado em 4 de março de 2024 às 05:00

Apresentação que celebrou os 30 anos de existência da Associação Barroco na Bahia
Apresentação que celebrou os 30 anos de existência da Associação Barroco na Bahia Crédito: Marina Silva/CORREIO

Os já conhecidos tambores que animam baianos e turistas no Terreiro de Jesus, no Pelourinho, deram lugar a uma expressão musical diferente, na tarde deste domingo (3). Dessa vez, os sons do coro e orquestra de um concerto inédito atraíram cerca de 600 pessoas para a majestosa Catedral Basílica de Salvador. O concerto de 150 músicos foi resultado da junção de integrantes do grupo Barroco na Bahia e de um tradicional coral alemão.

Ao todo, 80 coristas vieram da Escola Superior de Música de Munique para participar da apresentação que celebrou os 30 anos de existência da Associação Barroco na Bahia. Um dos templos religiosos mais tradicionais da capital baiana ficou pequeno para a quantidade de pessoas que acompanharam a apresentação.

As portas da Basílica foram fechadas para evitar a superlotação e, mesmo assim, teve gente que precisou ficar de pé para acompanhar a orquestra. Do lado de fora, algumas pessoas faziam fila e aguardavam pela possibilidade de entrar. O grupo volta a se apresentar na Catedral Basílica, na terça-feira (5), às 18 horas. Na quarta-feira (6), o concerto será Igreja de São Francisco, no mesmo horário.

No interior da Basílica, os olhares atentos da plateia se dividiam entre a beleza da imponente igreja de tons dourados e o coral formado por brasileiros e estrangeiros. A apresentação provocou uma espécie de arrebatamento coletivo.

Os pelos dos corpos se arrepiavam conforme os sons dos instrumentos se tornavam mais graves. Foi possível ver que certos visitantes fechavam os olhos como uma estratégia para que os ouvidos capturassem com a devida atenção o espetáculo.

Pela primeira vez, a Orquestra Barroco na Bahia se uniu ao grupo alemão Madrigalchor der Musikhochschule München. Os músicos chegaram da Europa há poucos dias e realizaram quatro ensaios antes da apresentação. O espetáculo trouxe como destaque a Messa de Requiem, missa de Giuseppe Verdi, considerado o maior compositor nacionalista da Itália e um dos mais influentes do século XIX.

A ideia de convidar os estrangeiros para participar do evento surgiu a partir da complexidade da obra, como explicou Francisco Meira, um dos músicos da Orquestra Barroco na Bahia. “É uma peça religiosa icônica, que não é facilmente montada. Essa é apenas a segunda vez que ela é apresentada na Bahia. É preciso um grupo sonoro muito grande e a peça tem elementos do romantismo, expressionismo e da música barroca”, explicou. O Barroco na Bahia foi o único grupo a montar a missa de Verdi em Salvador até agora.

Além dos músicos, cinco solistas internacionais encantaram o público na apresentação. O padre Abel Pinheiro, pároco da Catedral Basílica, celebrou o evento e a presença massiva do público: “O Barroco na Bahia valoriza a música sacra e a música clássica. Como o padre e regente Hans Bonisch é alemão, ele conseguiu que o coro madrigal da Alemanha viesse se apresentar neste concerto inédito”.

Parte do público era formada por pessoas acima dos 50 anos e católicos. A aposentada Sandra Passos ficou sabendo da apresentação pelo padre da igreja que frequenta em Salvador: “Soube que seria uma apresentação inédita, com a presença de mais de 100 músicos e não pude perder a oportunidade de conferir de perto”. Apesar da presença majoritária de idosos, alguns jovens incrementavam o público.

Aléssia Carvalho, 23 anos, marcou presença para prestigiar os colegas músicos que fazem parte da Orquestra Barroco na Bahia. Ela faz parte dos Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba) e toca violoncelo. Apesar do estilo diferente do qual é acostumada, a jovem estava animada com a apresentação. Foi a primeira vez que ela acompanhou a orquestra de perto. “Gosto de ouvir todos os tipos de concertos e a música erudita é muito importante”, falou.