Alimentos crus e água contaminada: saiba como evitar o contágio de cólera

Caso local foi registrado em Salvador depois de 18 anos

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  • Maysa Polcri

Publicado em 23 de abril de 2024 às 06:00

caso de cólera registrado em Salvador acende o alerta para os riscos da infecção intestinal. Os sintomas são diarreia aguda e desidratação, que podem levar à morte. A transmissão se dá por via fecal-oral, através da ingestão de água ou alimentos contaminados. Pacientes com cólera também podem contaminar outras pessoas. Veja abaixo como se proteger da doença.

O médico infectologista Victor Castro Lima explica que a bactéria Vibrio cholerae, causadora da cólera, está presente no ambiente aquático, de forma livre ou associada em seres vivos. Por isso, pode contaminar crustáceos, moluscos, peixes, entre outros. “É importante verificar a procedência dos alimentos e evitar o consumo de alimentos crus. Verduras, frutas e legumes devem ser bem higienizadas”, diz. Os principais sintomas são diarreia aguda e vômitos.

A incidência de cólera está relacionada a condições precárias de saneamento básico, que permitem que as pessoas entrem em contato com água contaminada por fezes de pessoas infectadas. Dados do Censo de 2022, divulgados em fevereiro deste ano, apontam que mais de 182 mil pessoas vivem em casas sem banheiro na Bahia - o que representa 1,3% da população baiana.

“O fornecimento de água potável é fundamental para a prevenção da doença. A contaminação inadvertida do sistema hídrico e dos reservatórios nos domicílios podem favorecer o surgimento de diferentes doenças, como cólera, salmonela e giárdia" explica a médica Verônica Rocha, infectologista do Instituto Couto Maia.

A ingestão de água de rios e lagoas contaminadas também pode causar cólera. Em fevereiro do ano passado, a Lagoa do Geladinho, em Feira de Santana, foi interditada pela prefeitura depois que a bactéria causadora da doença foi detectada na água. A contaminação também pode ser direta, de pessoa para pessoa. Nesses casos, acontece pelo compartilhamento de banheiro ou se não houver higiene correta das mãos.

Casos de cólera são uma preocupação no mundo. Em setembro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para o aumento de casos. Apenas em 2022, foram 472 mil casos, em 2021, foram 223 mil. Neste ano, 24 países já confirmaram surto de cólera. Não é o caso do Brasil.

Na última sexta-feira (19), a OMS aprovou o uso de uma fórmula simplificada da vacina oral contra a cólera Euvichol-Plus, para facilitar a produção do imunizante. A vacina é feita com toxinas de bactérias inativas e será aplicada em dose única, ao invés de duas. Até então, não há previsão para que o imunizante produzido na Coreia do Sul seja aplicado no Brasil.

Dicas de prevenção, segundo o Ministério da Saúde

  • Lave sempre as mãos com sabão e água limpa principalmente antes de preparar ou ingerir alimentos, após ir ao banheiro, após utilizar conduções públicas ou tocar superfícies que possam estar sujas, após tocar em animais, sempre que voltar da rua, antes e depois de amamentar e trocar fraldas;
  • Lave e desinfete as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
  • Trate a água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água, aguardar por 30 minutos antes de usar);
  • Guarde a água tratada em vasilhas limpas e com tampa, sendo a “boca” estreita para evitar a recontaminação;
  • Não utilize água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados para banhar ou beber;
  • Evite o consumo de alimentos crus ou mal cozidos (principalmente os frutos do mar) e alimentos cujas condições higiênicas, de preparo e acondicionamento, sejam precárias.
  • Ensaque e mantenha a tampa do lixo sempre fechada; quando não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado em local apropriado;
  • Use sempre o vaso sanitário, mas se não for possível, enterre as fezes sempre longe dos cursos de água.