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Altar gigante celebra fé e tradição no Santo Antônio Além do Carmo

Em sua 19ª edição, artista Rodrigo Guedes mistura arte, religiosidade e memória afetiva das tradições juninas

  • M
  • Moyses Suzart

Publicado em 7 de junho de 2025 às 05:00

Altar de Santo  Antônio
Altar de Santo Antônio Crédito: divulgação

Pela grandeza da obra, não é nenhum exagero imaginar uma versão pocket da fachada do altar da igreja de São Francisco, no Pelourinho. Contudo, neste caso, o santo é outro: Santo Antônio, um dos responsáveis divinos para o melhor período do ano, as festas juninas. Com tons dourados e cuidado com todos os detalhes, o artista plástico Rodrigo Guedes abre pela 19ª vez a sua casa para mostrar arte, devoção e liturgia ao santo casamenteiro e que abre o melhor período do ano (já disse isso, né?)

Na Rua Direita do Santo Antônio, nº 559, em pleno coração do bairro histórico de Salvador, uma sala se transforma em santuário e memória viva da fé popular. Na edição deste ano, de número 19, Guedes coloca como tema “Santo Antônio: esperança e fé do povo nordestino”, reafirmando o poder da arte como expressão da espiritualidade da região mais junina do país.

O grande destaque é o altar gigante de cinco metros de altura, montado na casa do artista. Construído com materiais simples e recicláveis, o altar assume a forma de um oratório monumental que convida os visitantes a um mergulho simbólico no sagrado. A instalação presta tributo ao santo mais celebrado do Brasil e emociona pelo cuidado artesanal e a profundidade simbólica. Tudo isso com o capricho que Guedes herdou de suas duas avós, ambas devotas do santo: Dona Elza Guedes, que faleceu em 2015, no dia do Santo Antônio, após a reza, além de Maria do Socorro, atualmente com 84 anos.

“Esta homenagem que faço há 19 anos tem tudo aquilo que eu ouvi das minhas avós, como eram feitos os altares antigamente. Essa menção direta ao povo nordestino, do imaginário popular, do sagrado do povo, dos casarios do Nordeste, dos estandartes dos santos de devoção do povo nordestino. Estamos resgatando as memórias afetivas, as rezas de Santo Antônio feitas em casa. É um resgate de uma história, não só da família, mas também da cultura popular que se perdeu. Quando a gente abre as portas de casa, a gente convida as pessoas pra reviver esses tempos”, disse Guedes.

Inspirado na canção “Santo Antônio”, do cantor e compositor Jota Velloso, o trabalho de Rodrigo também é uma homenagem à memória de suas avós, mulheres devotas que transmitiram a fé e a prática da oração como herança familiar. Além do altar, o público pode visitar uma exposição com registros da trajetória do projeto: fotos, recortes de jornais e depoimentos que documentam quase duas décadas de celebração coletiva. Incluindo uma ‘tragédia’ que ocorreu com sua avó Maria do Socorro.

Em um ano não muito distante, Guedes fez um altar sem o brilho e dedicação do que é possível ver este ano. Nem ele gostou. Logo após o período de Santo Antônio, o teto desabou no local, bem onde a avó tinha acabado de levantar.

Em 19 anos, o que não falta é caso para contar sobre os devotos que visitam os altares de Guedes. “A casa é aberta ao público, né? escuto de tudo, principalmente das mulheres: que vai arrancar Santo Antônio do altar, vai botar ele de cabeça pra baixo para arrumar marido ou ter filho, botar no congelador… São brincadeiras que se tornaram uma marca para o santo. Eu acho que até o próprio santo acha divertido, pois é uma relação carinhosa”, brinca.

Durante as noites do Tríduo, os devotos poderão desfrutar de uma tradicional mesa junina, com iguarias típicas como o mungunzá. O tradicional pãozinho da farinha abençoado também não faltará. A programação inclui ainda sorteios de brindes, cânticos em ritmo de ijexá e muita celebração em honra aos santos juninos: Antônio, João e Pedro. A entrada é gratuita e as visitas ao altar acontecem até 13 de junho, das 16h às 20h.

“Eu costumo dizer que é uma arte feita para múltiplos olhares. Eu como artista, sou um simples instrumento daquilo que eu nasci para fazer. E quando eu acabo de fazer, aquilo não mais me pertence, pertence ao mundo. As pessoas se encantam, elas se emocionam, elas choram, interagem com a arte, fazem pedidos, tocam nos pés de Santo Antônio. É emocionante. me emociono só de falar”, completa Rodrigo Guedes.