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Árvore, ceia, presentes: você sabe por que o Natal tem essas tradições?

Professores de História  explicam o que se comemora originalmente no Natal e - spoiler - não é o nascimento de Jesus Cristo

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 23 de dezembro de 2023 às 05:00

null Crédito: Shutterstock

Enquanto o Carnaval e o São João são recheados de curtição e farra, a terceira festa da lista de momentos mais esperados do ano propõe paz, solidariedade e união familiar. É o famoso espírito natalino! Ele exige preparação e já em novembro é possível ver ruas e shoppings decorados, assim como as famílias se reunindo para a sagrada montagem da árvore em cada lar.

As decorações levam símbolos como Papai Noel, sinos, velas, anjos, estrelas e guirlandas, que se unem aos presentes e à ceia no grande dia. Mas de onde vêm as tradições natalinas incorporadas tão automaticamente na agenda anual e o que elas significam?

A história por trás do Natal mais adotada atualmente, principalmente pelas religiões cristãs, é a de que no dia 25 de dezembro se comemora o nascimento de Jesus.

Mas, segundo historiadores, é difícil precisar a data do aniversário. “No século II celebrava-se no dia seis de janeiro a festa do batismo de Cristo. [...] Foi no Ocidente, a partir do século IV, que o nascimento de Jesus passou a ser celebrado no dia 25 de dezembro”, aponta o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Fernando Altemeyer Junior, especialista em Ciência da Religião.

“Quem vai estabelecer o Natal é o Papa Júlio I, num movimento iniciado pelo imperador romano Constantino de cristianização de festas pagãs que existiam na antiguidade em dezembro como marco do início do inverno”, completa o professor de História Antiga da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Alair Duarte.

“Um desses festejos era a Saturnália, que acontecia em honra aos deus romano Saturno que era ligado à agricultura. Era momento de agradecer pela colheita. Um outro festival acontecia como homenagem à Mitra, um deus popular entre os romanos que era representado pelo sol e celebrado no dia 25 de dezembro”, explica Alair Duarte.

Presépio

O presépio montado no Natal representa o momento do nascimento de Jesus, que teria acontecido num estábulo em que Maria e José haviam parado para se abrigar quando viajavam de Nazaré a Belém. Por isso, os animais também estão presentes na cena. Os três reis magos que aparecem foram os primeiros visitantes do menino e têm os nomes de Baltazar, Gaspar e Belquior (ou Melchior). Eles teriam levado de presente, ouro, incenso e mirra. Segundo o professor Fernando Altemeyer Junior, o primeiro presépio foi criado por São Francisco de Assis, no século XIII.

Árvore

A árvore de Natal remete às que existiriam no Paraíso bíblico, cheias de maçãs hoje representadas pelas bolas vermelhas. “Elas foram incorporadas como sinal do Natal a partir do século XI, ganham a forma atual. no século XVI e, no século XIX, a esposa alemã do duque de Orleans introduz este costume na França. Só em 1912, em Boston, nos Estados Unidos, é inaugurada uma árvore iluminada numa das praças centrais da cidade e isto se espalha por todo o planeta como tradição”, diz o professor Altemeyer .

O pinheiro foi adotado pois é muito presente no país e representa os vegetais que não perdem as folhas mesmo no duro inverno do hemisfério norte. O professor Alair Duarte ainda acrescenta uma outra perspectiva: “O pinheiro tem formato de triângulo e traz a ideia da santíssima trindade, com Pai, Filho e Espírito Santo”

Anjos, estrelas, velas, sinos e guirlandas

Os anjos da decoração natalina representam tanto o anjo Gabriel, conhecido por ter anunciado a gravidez de Maria, quanto os anjos mensageiros que teriam surgido no céu para anunciar o nascimento de Jesus. O comunicado é representado pelos sinos, tradicionalmente utilizados pelas igrejas para o anúncio das horas e de grandes acontecimentos. Já a estrela que teria guiado os três reis magos até o estábulo é hoje a colocada em destaque no topo da árvore de Natal. As velas acesas para a ceia remetem às utilizadas nos festejos originais para iluminar a noite, além de representar a luz do sol, associado à figura de Mitra. As velas também hoje podem estar presentes na coroa ou guirlanda do advento. “As quatro velas simbolizam o perdão a Adão e Eva, a fé dos patriarcas, a alegria do rei David e o ensinamento dos profetas que anunciaram um reino de paz e de justiça”, explica Altemeyer.

Presentes e ceia

O professor Alair Duarte afirma que nos rituais festivos da antiguidade havia o momento da ceia, muito marcada pelo vinho e pelo pão, vindos de alimentos colhidos da terra. “A carne também era muito apreciada, principalmente para a aristocracia. O peixe ficava com os menos abastados”, aponta. Altemeyer acrescenta que costuma-se cear à meia-noite porque, segundo o cristianismo, Cristo teria nascido neste horário. O momento é marcado pelo canto do galo, na conhecida missa do galo. Segundo Duarte, nos festejos era uma prática comum as trocas de presentes como sinal de renovação, mas a tradição também pode remeter aos presentes levados a Jesus pelos reis magos e à figura do Papai Noel.

Papai Noel

A ideia de Papai Noel vem do bispo São Nicolau, na atual região da Turquia. “Diz-se de forma lendária que ele passaria de telhado em telhado depositando presentes nas meias colocadas nas chaminés”, conta Altemeyer. “Essa história se une às lendas nórdicas com renas, trenós de neve e gnomos míticos”, completa. Mas São Nicolau não era como o Papai Noel que vemos hoje. “A roupa vermelha e o saco nas costas nascem nos Estados Unidos na metade do século XIX e logo em seguida vem a figura do simpático velhinho. Ele é introduzido na Europa depois da Primeira Guerra Mundial e se impõe pouco a pouco pela pressão comercial e daqueles que querem festejar o Natal sem referências religiosas”, finaliza o professor.