ATCA recorre contra desclassificação da disputa pela Osba

Estado terá 15 dias para analisar recurso; por enquanto, IDSM é o único concorrente e indicou o maestro Cláudio Cruz

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  • Larissa Almeida

Publicado em 2 de agosto de 2023 às 05:00

Orquestra Sinfônica da Bahia
Orquestra Sinfônica da Bahia Crédito: Caio Lírio/Divulgação

A Associação Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA) interpôs recurso contra a decisão da Comissão de Julgamento que a desclassificou do processo seletivo sobre qual organização social vai gerir a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) pelos próximos dois anos. A informação foi publicada no Diário Oficial do Estado da Bahia, na edição de segunda-feira (31).

Procurada, a ATCA confirmou a interposição do recurso e afirmou que o documento submetido à Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA) traz "uma série de questionamentos e pontos levantados que são fundamentais para fortalecer a ampla concorrência, a garantia da excelência e a diversidade do serviço a ser prestado, para que a OSBA continue sendo uma entidade com autonomia, especialmente no seu corpo de gestão, além de uma orquestra conectada com os interesses da cultura e da sociedade da Bahia", disse em nota.

De acordo com a Secult-BA, um parecer será consolidado e divulgado, deferindo ou indeferindo o recurso no prazo de até 15 dias. Dessa forma, a previsão é que um novo posicionamento ocorra até o dia 15 de agosto. Já o resultado final da seleção depende do andamento dos processos.

Desclassificação

A desclassificação da ATCA, que concorre com o Instituto de Desenvolvimento Social pela Música (IDSM) pela gestão da orquestra baiana, foi divulgada pela Secult-BA no dia 12 de julho. Segundo a pasta, a ATCA não atingiu a nota técnica mínima apta para chegar à fase seguinte do processo de seleção por falta de comprovação da experiência no critério de gestão e execução de serviços de gestão e divulgação da música de concerto.

Conforme informou a Secult-BA, a ATCA enviou um atestado, situando-se na faixa de cinco a sete anos de experiência, o que gerou uma pontuação de quatro pontos. "Com a soma das demais pontuações dentro desse critério, a organização conseguiu 16,6 pontos, sendo que o mínimo obrigatório previsto no edital é de 20 pontos. Por isso, a desclassificação", justificou.

Por outro lado, o IDSM foi classificado e abriu caminho para assumir a gestão. O instituto anunciou que, caso seja vencedor, o novo maestro da Osba será Cláudio Cruz. A indicação de Cláudio deu fim às especulações a respeito de um possível comando à frente da Osba de Ricardo Castro, maestro do Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba) – gerido pelo IDSM. A influência de Castro, que passou pela orquestra entre 2007 e 2010, é temida por músicos da Osba.

Polêmica entre maestros

Em dezembro do ano passado, Ricardo Castro também esteve no centro de uma polêmica envolvendo a Osba. Na ocasião, ele criticou a orquestra por promover o 'Osbrega', concerto cujo repertório é formado por canções do brega brasileiro. Castro classificou o projeto como "um círculo do inferno nunca Dantes visto neste país" – fazendo um trocadilho com o escritor Dante Alighieri.

"Quando uma orquestra sinfônica estadual, depois de conquistar milhões inéditos para seu orçamento e poder contratar músicos excelentes, escolhe esse « título » para promover um concerto que poderia ser tocado melhor por « Lairton e seus teclados », estamos certamente entrando em um círculo do inferno nunca Dantes visto neste país", escreveu Ricardo em postagem no Instagram, no dia 21 de dezembro de 2022.

Após a fala, Ricardo Castro foi duramente criticado na internet e acusado de elitismo. Há 12 anos no comando da Osba como maestro, Carlos Prazeres relembrou o ocorrido em entrevista recente ao CORREIO e sugeriu que o discurso do maestro do Neojiba era estratégico. "Agora, com este interesse no edital, consigo entender o que se passa: a velha tática de se inventar um inimigo para justificar o combate a ele”, disse ele.

Prazeres ainda afirmou que, caso o IDSM vença o edital, sua permanência na Osba está descartada. “Seria impossível porque a proposta da OS [organização social] ligada ao maestro Ricardo Castro já tem um novo maestro previsto. Caso realmente venha outra gestão, me restará desejar sorte, afinal, eu jamais iria torcer contra a orquestra que tanto amo”, completou.

Segundo a assessoria da Osba, ainda não há uma sinalização da Secretaria de Cultura (SecultBa) sobre o prazo que a atual gestão permanece, "caso a IDSM [Instituto de Desenvolvimento Social pela Música] assuma".

"O contrato emergencial inicialmente vai até o final de setembro. Mas o processo do edital ainda está em curso", diz a nota.