Bahia é atingida por quinta onda de calor em 2023

Fenômeno favorece o registro de temperaturas acima da média em 57 municípios do estado

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  • Millena Marques

Publicado em 15 de dezembro de 2023 às 05:00

Onda de calor continua e Inmet alerta para risco de morte
Onda de calor atinge a Bahia e mais 14 estados do Brasil Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

A nova onda de calor que atinge a Bahia e mais 14 estados do Brasil é, pelo menos, a quinta que alcança parte do território baiano em 2023. Desta vez, o fenômeno atingirá 57 municípios baianos, com destaque para a região do Oeste, entre a região do vale do São Francisco e a divisa com os estados de Goiás e Espírito Santo, entre esta quinta-feira (14) e domingo (17). Algumas cidades baianas podem registrar temperaturas máximas acima de 40 °C no final de semana.

De acordo com Aldírio Almeida, meteorologista do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), a onda de calor é resultado de um bloqueio atmosférico, que manterá o tempo seco e quente na maior parte do país. A condição impede a movimentação de chuvas e massas de ar frio, concentrando-se principalmente sobre parte do centro do país e impedindo sua progressão para outras áreas.

A partir da próxima semana, as temperaturas registradas deverão ser mais amenas. "As condições atmosféricas serão favoráveis à ocorrência de chuvas, primeiramente no extremo oeste e sul do Estado, e depois se espalhando para as demais regiões, condição que deixará as temperaturas mais amenas", explica.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um aviso meteorológico, indicando os níveis de perigo conforme a persistência da massa de ar quente em determinadas áreas: permanência do fenômeno de 2 a 5 dias representa perigo potencial, enquanto de 3 a 5 dias indica perigo. Caso a onda permaneça em uma região por mais de cinco dias, o aviso é de grande perigo.

A meteorologista do Inmet Andrea Beltrão informou que as temperaturas podem continuar elevadas após o domingo devido a intensificação do El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Pacífico.

"O El Nino ainda está com intensidade forte. Ele deve ter um pico maior em dezembro e janeiro. A partir de fevereiro, a intensidade diminui, mas, ainda assim, vai influenciar as condições do tempo e do clima, com prazo para ir pelo menos até o outono de 2024", explica.

Alerta para municípios em situação de seca

De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a seca no interior da Bahia já atrapalha a agricultura em 247 municípios e é uma das maiores preocupações do órgão na região Nordeste. O coordenador-geral de operações do Cemaden, Marcelo Seluchi, explica que a combinação das altas temperaturas com a ausência de chuvas em determinadas áreas do estado influenciam as condições alarmantes.

"Essa onda de calor não vai ser tão intensa como a outra [a de novembro]. Por isso, atribuo a situação da seca mais à precipitação do que a altas temperaturas. No entanto, cada vez que nós temos uma onda de calor e temperaturas acima da média há um aumento do estresse da vegetação", explica.

Para mitigar impactos ambientais naturais, Seluchi pontua a necessidade de um planejamento estratégico. Previsto desde o ano passado, o El Niño é um dos principais fatores que causam a seca no estado. "Prevendo a seca em 2023 por causa do El Niño, os reservatórios foram enchidos na sua capacidade máxima, como o reservatório de Sobradinho. Isso permite guardar água para um período de mais seca", diz.

A reportagem entrou em contato com a Defesa Civil do estado, solicitando o número de municípios em estado de seca e quais medidas seriam tomadas após o anúncio da quinta onda de calor, no entanto, não obteve respostas. 

Em nota oficial, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) informou que mais de 100 mil animais morreram por causa da seca no estado, de acordo com o último levantamento. A Faeb afirma que "buscou o diálogo com todas as instituições que têm ligação com a atividade rural e emitiu alerta sobre os efeitos da seca no estado, entre eles: a elevação do preço da cesta básica e o aumento do desemprego."

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro