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Gilberto Barbosa
Publicado em 11 de junho de 2024 às 08:00
Empresários do setor industrial e representantes de órgãos estaduais se reuniram para discutir estratégias para a modificação dos processos de produção da indústria baiana, a partir do uso do Hidrogênio Verde (H2V). O Workshop Bahia, Estado Sede do Refino Verde no Mundo foi realizado nessa segunda-feira, 10, na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), no bairro do Stiep, em Salvador.
“O Brasil vem se colocando com um player importante na questão do hidrogênio verde já que temos uma produção de energia renovável expressiva, compondo quase 100% da matriz energética. O workshop vem para juntar as demandas e oportunidades de atores como empresas e o governo e, a partir disso, fomentar a implantação de unidades de refino verde na Bahia”, afirmou o presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos.
No evento foram discutidas estratégias para a redução do uso do carbono no processo industrial, a partir da mudança do processo de produção do hidrogênio, usado em indústrias como a química, siderúrgica, produção de fertilizantes e petróleo.
Atualmente, a extração do gás é feita a partir da eletrólise, processo químico que usa energia elétrica para produzir substâncias que não são encontradas na natureza. A fonte da energia usada no processo são combustíveis fósseis, como o carvão e o gás natural, que não renováveis e favorecem a emissão de gás carbônico (CO2), um dos principais gases do efeito estufa.
Já na extração do Hidrogênio Verde (H2V), a eletrólise é feita a partir da água, separando as duas moléculas de hidrogênio da molécula de oxigênio. Os insumos energéticos seriam provenientes de fontes renováveis como o vento, a água ou o sol.
“Historicamente, a Bahia tem sido pioneira no setor energético, sendo o primeiro posto de petróleo perfurado no Brasil. Hoje, o estado tenta retomar esse protagonismo na economia de baixo carbono, seja nos incentivos e regulamentação ou na construção de um plano estadual de hidrogênio verde, que fomente tanto a indústria local como atraia outras cadeias produtivas para a Bahia”, disse o diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (INEEP), Mahatma Ramos.
Para José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, o principal desafio na produção de hidrogênio verde é reduzir os custos ao mesmo patamar do que demanda o hidrogênio cinza, proveniente dos combustíveis fósseis.
“Esse valor depende do custo das transmissões eólica e solar e do custo do eletrolizador que é o equipamento mais importante no processo e atualmente é importado. Nós estamos propondo a produção de uma indústria na Bahia que utilize mais o hidrogênio e produza produtos verdes”, explicou.
Para o secretário de desenvolvimento econômico Ângelo Almeida, o evento é uma sinalização para que empresas passem a discutir possibilidades biorrenováveis. Ainda segundo o secretário, a alta oferta de energia limpa no estado pode tornar o estado uma potência econômica dessa indústria.
“O hidrogênio ainda está sendo discutido no congresso, mas nós temos que sair na frente. As indústrias estão procurando locais onde a produção de energia seja limpa e barata e isso aumenta a geração de empregos. Com esse processo vamos criar uma cadeia de desenvolvimento sustentável aqui no estado”, afirmou.
Para Mahatma, a ideia é usar a ciência como base na construção de políticas voltadas para uma economia de baixo carbono. A crise climática demanda urgência no processo, que se bem-sucedido, pode reduzir eventos extremos e tornar um país mais justo no ponto de vista energético e de geração de empregos.
“A indústria energética tem um tempo de maturação de três a cinco anos para os investimentos. Agora, falamos em construir as bases de regulamentação, pensar em fomento, captação de recursos e construção efetiva dessas plantas industriais de produção de energia verde, com prazo até 2030 para a consolidação dos primeiros parques industriais de hidrogênio verde na Bahia e no Nordeste”, concluiu.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro