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Baianos vivem frustração e incerteza com mudança nas regras de cidadania italiana: 'Balde de água fria'

Novas barreiras limitam a concessão do documento

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 5 de maio de 2025 às 05:30

Entenda o que muda com as novas regras
Entenda o que muda com as novas regras Crédito: Reprodução

As novas regras impostas para a emissão da cidadania italiana atrapalham os planos de baianos que pretendiam conseguir o documento pelo governo do país europeu. Agora, a autorização só vale para descendentes de pais ou avós italianos. O processo, que já não era fácil, ficou ainda mais restrito e frustrou os sonhos de muitas pessoas. 

É o que explica Rodrigo Baldner, CEO da Cidadania Italiana Tempone. Ele enfrentou as questões burocráticas e obteve a cidadania em 2018. Decidiu, então, criar a empresa em Salvador para ajudar outros descendentes italianos. "A grande maioria dos solicitantes atualmente são bisnetos ou trinetos de italianos, o que, com a nova regra, torna a aplicação impossível", afirma. 

Rodrigo Baldner lembra que o modelo já é utilizado por países como Espanha e Portugal. Não havia limite geracional antes das regras anunciadas em março. Bastava apenas que a pessoa interessada em obter a cidadania conseguisse comprovar vínculo com alguém nascido na Itália após 1861 - quando o Reino da Itália foi criado.

A nova determinação é vista por alguns especialistas como inconstitucional, uma vez que a cidadania italiana é considerada um direito originário, que nasce com o indivíduo descendente. Protestos foram realizados no país europeu por pessoas contrárias à medida. Em Salvador, há quem ainda tenha esperança de conseguir o documento. Caso da baiana Larissa, de 35 anos. 

O marido dela é bisneto de italianos, e a família tinha acabado de reunir a documentação que comprova o vínculo quando foi surpreendida pelas novas regras. "Foi um balde de água fria quando soubemos que só netos e filhos conseguiriam a cidadania. Fomos muito impactados porque queríamos que nossos filhos tivessem direito à cidadania", lamenta Larissa, que é mãe de duas crianças, de 2 e 5 anos. 

Processos em andamento

Processos para a emissão da cidadania que tenham sido iniciados antes do anúncio da nova determinação não serão impactados. Luis Eduardo Bonadia, morador de Feira de Santana, deu início à burocracia duas semanas antes da novidade. Por ser neto de italianos, ele ainda teria direito à cidadania mesmo com a mudança. Seus filhos, de 14 e 9 anos, não teriam, a não ser que pai fosse naturalizado, o que deverá acontecer em breve. 

Luis Eduardo Bonadia conta que ainda não tinha priorizado a cidadania até fazer uma viagem para a Europa no ano passado. "Pessoas que moram lá mostraram os diversos benefícios de ter a dupla cidadania, como conseguir ingressar para fazer um curso ou mestrado. Também pensei que seria um bom legado para deixar para meus filhos", conta o administrador.

A forma utilizada por ele foi a via judicial, uma das três formas de conseguir o documento. O processo leva, em média, dois anos, e custa entre R$ 20 e R$ 30 mil. Nesse caso, é preciso que advogados reúnam os documentos para fazer o pedido junto ao governo italiano. O próximo passo é passar por audiência. A de Luis Eduardo Bonadia está marcada para setembro de 2026. 

Luis Bonadia decidiu tirar a cidania italiana para que os filhos também pudessem ter o direito
Luis Bonadia decidiu tirar a cidania italiana para que os filhos também pudessem ter o direito Crédito: Acervo pessoal

Ainda é possível conseguir a cidadania fazendo o pedido ao consulado italiano. Este é o processo mais demorado, pode levar até 12 anos e custar entre R$ 16 e R$ 20 mil. A outra opção é a via administrativa, que prevê comprovação de que o solicitante possua residência na Itália. Por isso que a baiana Isabela Freire, 26, mora no país europeu desde o início deste ano. 

Ela, que é neta de italianos, conta que a parte mais difícil do processo foi conseguir alugar um apartamento na Itália. "Precisei convencer um proprietário a me alugar uma residência sendo uma estrangeira, que não tem histórico de crédito no país e fala italiano mais ou menos. Essa foi o maior desafio, mas acabou sendo mais simples do que eu imaginava", conta. 

Rodrigo Baldner, especialista no assunto, ressalta que a maior dificuldade enfrentada pelos brasileiros é a comprovação do vínculo com parentes italianos. "A maioria das pessoas sabe, por relatos familiares, que possui descendência italiana, mas sem informações exatas de onde seus antepassados vieram da Itália", diz.

Rodrigo Baldner conseguiu a cidadania italiana em 2018 e criou uma empresa para orientar outros interessados
Rodrigo Baldner conseguiu a cidadania italiana em 2018 e criou uma empresa para orientar outros interessados Crédito: Acervo pessoal

Ele lembra que a Itália possui mais de 8,1 mil comune, o equivalente aos municípios brasileiros. "É uma tarefa difícil e, em alguns casos, até impossível de concluir. Depois de reunir todos os documentos e passar por uma análise documental, o processo em si não é tão complicado", detalha Rodrigo.