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Vitor Rocha
Publicado em 15 de setembro de 2024 às 18:52
O Porto da Barra, um dos principais cartões-postais de Salvador, foi apontado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), neste domingo (15), como um dos dezenove pontos impróprios para banho na capital baiana. Mesmo assim, a praia ficou lotada. De soteropolitanos a turistas, todos foram aproveitar o sol e o mar da Baía de Todos-os-Santos.>
No local, a maioria dos banhistas não sabia que a praia estava imprópria para banho. O cozinheiro Edson Félix, que foi ao Porto da Barra após receber uma folga, disse que não teria entrado no mar se soubesse do levantamento. >
"Normalmente venho durante a semana, mas hoje recebi uma folga e resolvi vir para praia. Faltou divulgação. Às vezes eu vejo passando que a água tá imprópria. Se eu soubesse, não entrava na água. Você é doido? Pôr minha vida em risco. Mas agora já entrei, fazer o quê", conta. Edson é pai de cinco filhos e acrescenta que vai culpar as autoridades em caso de contaminação dos familiares.>
O boletim de balneabilidade do Inema é realizado para avaliar a qualidade da água. Para isso, é analisada a presença da bactéria Escherichia coli (E. coli), que serve como indicador microbiológico de contaminação fecal. >
Outras situações que também levam à classificação de água imprópria são derramamento de óleo, extravasamento de esgoto ou surtos de doenças transmitidas pela água, por exemplo. O órgão não especificou qual o tipo de contaminação do Porto da Barra.>
A reportagem não encontrou sinalização no local que informasse sobre a qualidade da água. Questionado, o Inema não respondeu se houve sinalização nos locais contaminados, até o fechamento desta edição. A entidade disponibiliza o site oficial e também o aplicativo 'Vai Dar Praia', para conferir a balneabilidade dos locais.>
Diante do cenário, a contaminação surpreendeu não só os baianos como Edson, mas também os turistas de passagem. Em sua segunda visita a Salvador, Lucas Karsten e Gionéia Copetti, mãe e filho vindos de Santa Catarina, também não sabiam da informação. >
"Poxa, que banho de água fria! Chegamos faz uma hora, pelo menos foi pouco tempo na água. Deviam colocar pelo menos uma placa informando a qualidade da água. Aí as pessoas decidem se querem entrar ou não", disse o catarinense.>
Apesar de muitos banhistas não saberem sobre a poluição da água, os comerciantes sentiram o movimento mais fraco. No entanto, para a vendedora de bebidas Fátima Araújo, pouco importa a contaminação do mar: "O povo não liga para esse negócio de poluição. Só olhar aí, a praia está lotada. Se soubesse ou se não soubesse, o povo ia tomar banho igual".>
Riscos de contaminação>
A contaminação da água com a bactéria Escherichia coli oferece riscos a todos os públicos, em especial crianças, idosos e pessoas com sistema imunológico enfraquecido. É o que afirma o infectologista e assessor técnico do Laboratório Central do Estado da Bahia, Antônio Bandeira. >
"Os riscos são vários, mas os principais são diarreia, náuseas e secções intestinais. Para quem tem o sistema imunológico enfraquecido, também é possível contrair sepse", informa. Ele explica que a sepse é uma infecção potencialmente grave e que é necessário tratamento, normalmente realizado através de antibióticos.>
Apesar dos riscos, o médico ressalta que o simples contato com a água não é suficiente para causar doenças. Para que haja contaminação, é necessário ingerir as bactérias. >
"Se você botar seu pé na areia, você não vai ter nenhuma contaminação, mas, por exemplo, mesmo que você mergulhe de boca fechada, as bactérias vão estar no seu corpo e no seu rosto, então é provável que você acabe engolindo", explica.>