'Café, Pépi e Limão': jovens em vulnerabilidade social são convidados para a exibição do filme

Sessão foi realizada na tarde desta terça-feira (19), no Cine Glauber Rocha

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  • Gilberto Barbosa

Publicado em 19 de março de 2024 às 22:42

Sessão foi realizada na tarde desta terça-feira (19)
Sessão foi realizada na tarde desta terça-feira (19) Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Acompanhar a jornada dos jovens Café, Pépi e Limão pelas ruas de Salvador foi um momento marcante para Pedro Blues, 26 anos. Ele esteve na sessão do filme que leva o nome do trio e viu nas brincadeiras e nos trejeitos de Café, interpretado por João Vitor Souza, o seu irmão, Ian, já falecido.

“Ele foi o meu personagem preferido. Eu chorei em muitas cenas dele porque as brincadeiras e a forma de falar dele eram iguais a de meu irmão. O carisma dele se destacou no filme e eu saí com muita vontade de conhecer o ator. O final dele mostra como o mundo é injusto”, afirmou.

Pedro é monitor do programa Corra Para o Abraço - Juventude, que acompanha jovens em situação de vulnerabilidade social. O projeto foi convidado para a sessão de 'Café, Pépi e Limão', realizada na tarde dessa terça-feira (19), no Cine Glauber Rocha. A recepção é parte do projeto “Escola vai ao cinema”, realizado pelo Panorama Internacional Coisa de Cinema.

O filme conta a história da amizade de três jovens que se conhecem nas ruas de Salvador. Café fugiu do interior devido a uma “vingança de família” e tenta encontrar seu pai que está preso em um presídio na capital. Pépi vive na periferia, é violentada por seu padrasto e expulsa de casa pela própria mãe. Limão mora em um buraco sob um viaduto com Marta, sua mãe, que está muito debilitada devido ao vício em drogas. Os três se juntam para sobreviver, enquanto a amizade cresce entre eles. No entanto, os reveses do cotidiano os levam a caminhos diferentes.

A sessão começou às 15h10, com todos os assentos já ocupados. O público foi se apegando aos personagens conforme a trama se desenrolava. As emoções passaram pela alegria com as brincadeiras de Café, até a tristeza e a catarse com as cenas dos protagonistas. Um grito de “Toma!” foi ouvido após uma das cenas, arrancando risadas das pessoas. Parte da audiência saiu emocionada da sala após a exibição.

“Poder ver jovens que nem sempre têm a oportunidade de estar em um cinema como esse é muito bacana. Esse filme me prendeu pela identificação com as falas e com os personagens. Também pelo impacto e o choque com a realidade das pessoas que vivem na rua, que muitas vezes são vistas como viciadas, mas são diversas situações que levam eles para lá”, avaliou Pedro.

O convite também foi feito ao projeto Consultório na Rua, criado pelo Governo Federal, que visa ampliar o acesso da população de rua aos serviços de saúde. Cerca de 45 ingressos foram disponibilizados para as pessoas acompanhadas pelo programa. Muitos deles estiveram pela primeira vez no cinema.

“Nós avisamos durante a semana e algumas pessoas sinalizaram que queriam vir ao cinema. Eles se identificaram bastante com o filme, porque aborda questões pessoais relacionadas às dificuldades e situações de violência que quem vive na rua lida diariamente", afirmou o voluntário do projeto Felipe Oliveira.

“Foi um dia muito especial para mim e o que eu fiquei mais nervoso. Eu estava com as pernas tremendo na apresentação do filme e quase falhando na saída. O filme foi feito para que a sociedade mude o seu julgamento em relação às pessoas que estão na rua. Alguns passaram por mim e me agradeceram", comentou o diretor, Pedro Léo.