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Da Redação
Publicado em 18 de agosto de 2023 às 05:00
A Bamin está pronta para produzir aproximadamente 26 milhões de toneladas de minério de ferro por ano na sua mina, em Caetité, a pouco mais de 600 quilômetros (km) de Salvador. Com um produto de qualidade internacional, pela alta concentração, tudo o que impede a mineradora de conquistar o mundo com o minério baiano são os 527 km que separam a Mina Pedra de Ferro do litoral de Ilhéus.
“Após uma série de estudos, a solução logística que se mostrou mais acertada para o nosso projeto é a Fiol”, enfatiza Gustavo Cota, diretor de Operações Ferroviárias da Bamin, durante a conversa com o jornalista Donaldson Gomes, no programa Política & Economia. Fiol é a sigla para Ferrovia de Integração Oeste-Leste, que deve, não apenas solucionar o problema da mineradora, mas pode criar um novo eixo de desenvolvimento para o estado, como aponta Gustavo Cota.
Para a mineradora, o ferro que será movimentado deverá funcionar apenas como uma “ancora” para o projeto. A ideia é que boa parte das 60 milhões de toneladas que a ferrovia deverá movimentar por ano sejam compostas pelos mais diversos tipos de produtos. “Nosso produto será importante para tirar a infraestrutura do papel, para a primeira fase”, projeta. “O pico de produção da Bamin não vai usar nem metade da capacidade da Fiol, então é parte do nosso trabalho buscar outras cargas”.
Segundo ele, o agronegócio é prioritário para o projeto logístico da empresa.
Somente durante a fase de implantação da Fiol 1, a Bamin estima que o número de empregos diretos gerados poderá passar dos 5 mil. Atualmente, nos 127 km que já estão em obras, há uma expectativa de chegar a 1,2 mil pessoas trabalhando. “A Bamin tem como princípio a busca de mão de obra local, privilegiando quem vive nas proximidades do projeto”, destaca.
“Nós trabalhando já há algum tempo em um programa de capacitação para dar conta de nossas demandas. No momento da contratação também tem um rito de preparação para atender às nossas demandas”, explica.
Junto com o Porto Sul, a Fiol, depois de concluída em suas três fases deverá ligar não apenas a Bahia de uma ponta a outra, mas também oferecer ao país uma ligação da região Centro-Oeste com o litoral baiano. O objeto de trabalho da Bamin é apenas a Fiol 1. Os outros dois trechos, de Caetité a Barreiras e de Barreiras para o Centro-Oeste – em Figueirópolis ou Mara Rosa – seguem sob a responsabilidade do governo federal. A Fiol completa terá mais de 1,5 mil km.
Em 2021, o trecho 1 foi concedido à Bamin, após a vitória em um leilão, para que a empresa conclua as obras restantes e opere o corredor logístico por 35 anos.
“É bastante comum que os projetos de mineração se deparem com a falta de infraestrutura adequada para o escoamento e que as empresas do setor acabem desenvolvendo essa logística. No caso da Bamin, a Fiol e o Porto Sul se mostraram a solução mais adequada e eficiente par ao volume que será produzido”, avalia. “No caso de minério de ferro, estamos falando sobre grandes volumes, são milhões de toneladas por ano”, explica.
A retomada das obras de implantação do trecho 1 vão começar justamente por onde houve menos trabalho até então, entre Ilhéus e Aiquara. Segundo Cota, a decisão de priorizar o local com maior atraso vai ajudar a empresa a cumprir o cronograma de implantação, que prevê a operação até 2027. “Vamos começar por este trecho de 127 km, porque é onde nós teremos mais trabalho”, explica.
Os 20 municípios por onde a ferrovia vai passar serão impactados de maneiras diferentes, entretanto a em todos deve acontecer algum tipo de transformação econômica, projeta o diretor da Bamin. “Todos recebem royaties, tributos gerados pela prestação de serviços, além de outros impactos econômicos, como a contratação de mão de obra”, explica Cota.
“Uma ferrovia é uma obra que cruza áreas bastante intensas e isso demanda uma série de serviços, como fornecimento de alimentação, segurança, entre outros, e movimenta toda a cadeia de serviços dos municípios”, diz.
A instalação de terminais para movimentações de cargas está condicionada à existência de demanda nos locais, explica. Segundo ele, está prevista a instalação de um terminal intermodal em Caetité, que atenderá tanto a demanda de movimentação de minério de ferro, quanto de outros tipos de produtos. “A gente pode receber grãos, é de lá também que poderão sair os fertilizantes importados pelo Porto Sul, para abastecer as áreas de produção do agronegócio da Bahia”, ressalta, citando ainda combustíveis, contêineres e todos os outros produtos que tiverem demanda.