Comerciantes do Santo Antônio chegaram a pagar ‘taxa de proteção’ a supostos traficantes

Empresários do bairro viraram alvos de extorsão de criminosos

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 25 de abril de 2024 às 05:20

Santo Antônio Além do Carmo na mira dos crimnosos
Santo Antônio Além do Carmo na mira dos criminosos Crédito: Marina Silva/ CORREIO

Alvos de um golpe de extorsão, comerciantes do Santo Antônio Além do Carmo chegaram a pagar por uma taxa de proteção cobrada por criminosos que se passam por líderes de facção em ligações telefônicas. O golpe cresceu em relatos dos comerciantes nos últimos meses, mas não é novo. Uma comerciante, que prefere não se identificar, conta que há um ano e meio recebeu a ligação de um golpista. Apavorada, acabou transferindo R$ 500 – o que tinha em conta no momento – na hora.

“Um telefonema muito ameaçador, ameaçando botar fogo na casa, ameaçando atirar nas pessoas e cobrando um dinheiro, cobrando para não desligar o telefone, cobrando todo o dinheiro que tínhamos na conta e, na época, não tínhamos muito. Eu fiz um pix de R$ 500 muito assustada. Só depois, entrei em contato com um policial que mora nas proximidades e ele me disse que isso geralmente é golpe de dentro da cadeia”, conta ela, que acabou tomando prejuízo.

Depois de tomar conhecimento do golpe, a comerciante recorreu ao banco, que conseguiu devolver R$ 350. Um outro comerciante, porém, não teve a mesma sorte e acabou tomando um prejuízo de R$ 1 mil reais há um mês.

“Foi do mesmo jeito. Me ligou, disse que era de facção e eu me desesperei. Com tudo que a gente vê de notícia, fica fácil acreditar porque já existe em outros bairros. Ele cobrou R$ 2 mil, mas só pude transferir mil na hora. Ainda bem porque, com ele falando a localização do meu estabelecimento e tudo mais, teria perdido mais dinheiro”, relata ele, que prefere não revelar o nome.

Professor de Direito Digital, Walter Capanema explica que o golpe é comum e tem um modus operandi básico. “Os golpistas exploram o medo e a vulnerabilidade dos comerciantes, usando informações sobre os estabelecimentos para tornar as ameaças mais críveis. Porém, não se deve apavorar por isso porque essas informações podem ser obtidas por meio de pesquisa em redes sociais, sites de empresas ou diretórios comerciais”, conta Capanema.

O professor ainda cita cuidados para evitar esse tipo de problema. “Desconfie de qualquer ligação que solicite pagamentos imediatos por segurança ou proteção e não realize transferências de dinheiro ou forneça informações pessoais por telefone. Além disso, registre um boletim de ocorrência caso receba esse tipo de chamada, fornecendo o máximo de informações possíveis às autoridades para conter esse tipo de situação”, completa ele.