Conheça algumas das substâncias obesogênicas e onde são encontradas

Rotina saudável ajuda a diminuir contato com compostos químicos

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 17 de março de 2024 às 05:00

Plásticos têm substâncias obesogênicas
Plásticos têm substâncias obesogênicas Crédito: Shutterstock

Embora largamente disseminados, é possível buscar alternativas sem obesogênicos - ou, ao menos, com uma quantidade menor deles. Mudanças na rotina, como deixar de consumir alimentos inflamatórios - em geral, os empacotados e ultraprocessados - são uma dessas medidas, como sugere a médica nutróloga Sandra Gordilho.

“Essa inflamação vai gerar estresse oxidativo, acúmulo de glicose e ácidos graxos”, explica. Se for possível buscar alimentos orgânicos, sem o uso de agrotóxico, essa deve ser uma prioridade. “Uma dica é comprar mais alimentos da feira, orgânicos. Uma coisa que eu falo muito é para diminuir o uso de plástico, que inclui até levar a própria sacolinha ao mercado”.

Sob o epíteto de ‘obesogênicos’, essas substâncias são compostos químicos que podem afetar o metabolismo, levando ao aumento das células adiposas - ou seja, as células que armazenam gordura. Nos últimos anos, cientistas e médicos têm se debruçado sobre o tema para entender qual é o tamanho do impacto desses componentes na saúde e no excesso de peso.

Na hora de escolher um detergente, por exemplo, uma saída é buscar os orgânicos. Eles podem ser feitos até em casa. Alguns cosméticos, incluindo ceras e maquiagens, devem ser evitados. Uma possibilidade é substituir os produtos de beleza pela maquiagem mineral - ou seja, à base de minerais -, cujo uso tem crescido nos últimos anos.

Outra recomendação frequente é não fumar. “O cigarro tem substâncias desse tipo, por isso o tabagismo deve ser desencorajado”, afirma a médica nutróloga Eline Soriano, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). “Ter um estilo de vida saudável, com alimentação saudável, alimentos mais naturais e praticar atividade física é um caminho para começar a se livrar dessas substâncias”, acrescenta.

O cuidado que muita gente já tem com alimentos ao olhar o rótulo das embalagens deve ser ampliado para outros produtos, como sugere a endocrinologista Isabella Magalhães. “Temos que ver se esses desreguladores estão presentes. Se for um produto cosmético, é importante perguntar ao médico dermatologista se tem conservante”.

Ainda assim, como lembra o professor Martins Cerqueira, da Ufba, uma rotina totalmente livre de obesogênicos nos dias atuais é impossível - especialmente para habitantes de grandes cidades, que já estão mais expostos a esses compostos do que locais com menos atividade industrial. “No planeta Terra de hoje, ter zero exposição é impossível. Mas quanto menor a exposição, menor a influência”.

Conheça algumas dessas substâncias obesogênicas e onde são encontradas

Bisfenol A (BPA): muito usado em plásticos e resinas epóxi, é frequente em recipientes para comida (como as vasilhas de marmita), garrafas de plástico, latas de conserva e até utensílios para bebês. É um dos casos em que temperaturas elevadas podem fazer com que seja liberado e entre em contato com os alimentos.

Parabenos: são conservantes muito utilizados em cosméticos. São usados para preservar as formulações de itens como shampoos, desodorantes, cremes, maquiagens e até loções infantis.

Polifluoroalquilados: antes chamados CFCs (os clorofluorcarbonetos), são substâncias refrigerantes. Eram muito comuns em aparelhos mais antigos de geladeira e ar-condicionado, mas têm sido substituídos nos mais modernos.

Ftalatos: que estão em derivados de plásticos e agrotóxicos. São capazes de tornar produtos plásticos rígidos mais maleáveis, enquanto também podem dar aspecto líquido ou cremoso a itens de higiene.

Acrilamida: é usada tanto para produzir outra substância (a poliacrilamida), que é direcionada para o tratamento de água e remoção de impurezas, como para alimentos preparados em altas temperaturas - como as frituras.

Bifenilas policloradas: já foram muito usadas em indústrias para capacitores e transmissores elétricos, mas também em sistemas hidráulicos, resinas, adesivos e tintas.

Éteres difenílicos polibromados (PBDE): são retardadores de chamas, por isso, são comumente encontrados em materiais de construção, peças de mobiliário, tecidos, plásticos e produtos eletrônicos.