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Larissa Almeida
Publicado em 26 de junho de 2024 às 07:00
Um laboratório baiano de prótese odontológica digital esteve perto de fechar as portas durante a pandemia de Covid-19, período em que passou aproximadamente cinco meses sem arrecadar receita. Com despesa fixa de R$ 80 mil por mês, o proprietário do negócio, que preferiu não se identificar, chegou a contrair dívidas que, somadas, chegavam a R$ 500 mil. Para resolver o problema e fugir do vermelho, ele decidiu fazer renegociação com fornecedores e obteve acesso a linhas de crédito, que deram condições para que ele amortecesse a dívida. >
“O negócio voltou a ficar positivo final de 2022, tivemos nosso melhor ano em 2023, crescimento de mais de 25% comparado ao ano de 2022, e esse ano já estamos 20% acima quando comparado ao primeiro semestre do ano passado”, afirma. >
Assim como no caso do proprietário do laboratório, empresários podem recorrer a determinadas linhas de crédito para resolver situações de endividamento de empresas. De acordo com o consultor financeiro Raphael Carneiro, a maior parte dessas linhas depende dos bancos que as empresas têm relacionamento, mas existem outras que podem ser buscadas de maneira independente. >
Ele recomenda que, antes de tentar acesso à crédito por meio dessas linhas, os empresários adotem alguns cuidados. “Um cuidado fundamental para se ter, seja médio, micro ou grande empresário, é entender que ao recorrer a um crédito, você vai resolver aquele problema no momento e vai ter o dinheiro para resolver o problema do endividamento. Mas durante alguns meses ou anos, você vai ter uma parcela para pagar mensalmente. E é preciso entender que esse valor precisa entrar na conta da empresa, nas linhas de despesa da empresa”, diz. >
“Precisa saber se a empresa terá condição de arcar com aquele valor, porque não adianta recorrer a um crédito para resolver o endividamento agora se daqui a quatro meses ou um ano, vai voltar à mesma condição porque não o teve fôlego para arcar com aquele pagamento. Então, antes de resolver a situação de endividamento, é importante entender o cenário da empresa”, alerta. >
Para um negócio adquirir crédito, é preciso comprovação do volume de movimentação. As melhores taxas de juros dependem do perfil de risco da empresa, conforme ressalta o economista Edisio Freire. “Vai depender muito do perfil, porque não adianta a empresa buscar crédito se ela não tiver de adimplente no mercado. Ela precisa ter um nível de movimentação ali comprovada, via faturamento, para que possa ser medido o nível de capacidade de crédito para ela”, pontua. >
“Ela também precisa ter um cadastro adimplente, tanto da empresa quanto do sócio, para que possa tomar crédito. Não tendo essas duas situações, a empresa vai ter mais dificuldade e vai acabar, no máximo, conseguindo instituições financeiras que têm taxa de juros muito elevada”, conclui. >
Veja abaixo 6 opções de linhas de crédito para empresas, segundo a Serasa: >
1. Crédito para empresas BNDES >
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é uma empresa pública que oferece financiamento a longo prazo e investimento em todos os tipos de empresas do Brasil. >
No BNDES, há várias modalidades de financiamento, o que torna possível apoiar micro e pequenas empresas, empreendedores individuais e empresas de grande porte. >
2. Microcrédito >
Essa modalidade é destinada ao microempreendedor que pretende abrir ou ampliar um negócio. >
Serve para MEIs (microempreendedores individuais), autônomos e até mesmo para pessoas jurídicas que não têm fácil acesso a empréstimos ou créditos convencionais. O valor máximo para esse tipo de empréstimo é de R$21 mil. >
3. Pronampe >
O Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) disponibiliza crédito para micro e pequenas empresas com condições especiais. >
Ele surgiu para ajudar os negócios afetados pela pandemia e se tornou permanente. É destinado a microempresas com faturamento anual de até R$360 mil, pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões e MEIs com faturamento de até R$ 81 mil. >
4. Crédito para capital de giro >
Tipo de crédito útil para atender diversas necessidades do fluxo de caixa das empresas, como o pagamento de colaboradores, fornecedores e aluguel, por exemplo. Mas não é necessário explicar a finalidade do empréstimo no momento da solicitação. >
Além disso, é possível optar pelo pagamento bimestral, semestral ou integral após o fim do contrato. >
5. Antecipação de recebíveis >
Essa linha de crédito permite à empresa receber os lucros de forma antecipada. O processo costuma ser menos burocrático e é utilizado por empresários que ainda não têm capital de giro. >
Como esse crédito antecipa os pagamentos, isso também funciona como uma garantia. Ou seja, as taxas de juros aplicadas costumam ser mais baixas que as de outras linhas. >
6. Empréstimo com garantia >
O empréstimo com garantia é uma modalidade de crédito que não é exclusiva para empresas. Qualquer pessoa pode ter acesso. Basta ter um bem, como casa ou carro, para oferecer como garantia. >
No entanto, a linha é muito utilizada por empresas, principalmente as de menor porte. Isso acontece pela facilidade de aprovação do crédito, pelos juros menores aplicados e por não ser necessário especificar para qual fim o dinheiro será utilizado.>
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro>