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Raquel Brito
Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 17:35
O crescimento industrial na Bahia em 2024 promete ser tímido: foi esse o tom inicial das expectativas para o setor econômico no próximo ano, apresentado pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) na manhã desta quinta-feira (21). Segundo a entidade, entretanto, mesmo num ritmo mais lento o cenário promete ser positivo, com destaque para a Construção Civil, segmento industrial com maior perspectiva de crescimento. >
De acordo com o superintendente da FIEB, Vladson Menezes, o desempenho da Bahia na Construção Civil já tem sido positivo em 2023, superando o PIB nacional do segmento, que foi de -0,6%. No próximo ano, três fatores devem ser cruciais para esse saldo positivo: a queda das taxas de juros, a evolução do Programa Minha Casa Minha Vida, para o qual a Bahia teve 18 mil Unidades Habitacionais selecionadas, e o avanço das obras de infraestrutura por conta do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).>
“A Construção Civil deve crescer. Nós já temos tido a retomada do setor, o desempenho na Bahia já tem sido maior que o nacional. A gente trabalha pouco com os números, mas vemos [para 2024] um crescimento muito próximo da indústria nacional como um todo. Não é um ‘crescimento chinês’ de alguns anos atrás, mas é um crescimento, e aponta para uma Bahia mais competitiva”, afirmou Menezes durante a apresentação. >
Por conta do impacto do Minha Casa Minha Vida na expansão desse setor, o crescimento deve acontecer de forma equilibrada, ou seja, tanto em Salvador como em cidades do interior, segundo o presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos. >
“As unidades que foram selecionadas para o programa Minha Casa Minha Vida estão muito bem distribuídas em todo o estado, inclusive municípios de pequeno porte. Isso, por si só, garante um espraiamento desse crescimento em todo o estado da Bahia. Outros mercados, como o mercado imobiliário de uma forma geral, tendem a se concentrar nas cidades acima de 50 mil habitantes, onde já existe um mercado consolidado”, explica.>
Além disso, o presidente cita entre os fatores para o alavancamento da Construção Civil a possibilidade de uma demanda maior por obras públicas, tanto pelo PAC como pela proximidade das eleições municipais, que, segundo ele, vêm historicamente acompanhadas de orçamentos que viabilizam essas construções. >
Outros setores que cresceram e apresentaram o saldo mais positivo entre os segmentos na Bahia este ano foram os de Alimentos (12,8%), Calçados (6,8%) e Bebidas (1,9%), que seguem o desempenho da geração de empregos, uma vez que são itens básicos. Assim, conforme a renda da população cresce, esses segmentos crescerão junto. Para 2024, a expectativa é que o aumento continue, mas de maneira mais moderada, assim como a empregabilidade.>
O que deve influenciar positivamente o cenário baiano em 2024 é também o Produto Interno Bruto (PIB), cuja estimativa é que apresente um crescimento de 1,7%, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Entretanto, alguns pontos devem ser motivos de atenção. >
“A taxa de juros ainda elevada e incertezas fiscais são pontos de atenção que podem afetar a indústria baiana, por conta de sua forte correlação com o desempenho da economia brasileira”, afirma Menezes. Apesar do ritmo de expansão menor, esse avanço beneficia segmentos como o de Alimentação, que tende a seguir o desempenho da economia nacional.>
Em 2024, a projeção da FIEB é que o crescimento da indústria baiana seja de menos de 1%, um pouco inferior ao da indústria nacional. Com um mercado que depende muitas vezes do cenário mundial e da formação de preço internacional, a indústria baiana enfrentou em 2023 desafios em setores como a petroquímica, que teve um desempenho negativo de -9,7% no acumulado do ano até outubro. Os principais motivos foram os altos custos das matérias-primas e os baixos preços das resinas no mercado doméstico, devido ao aumento das importações. No próximo ano, a tendência é que a baixa nesse segmento permaneça.>
“O ano de 2023 foi um ano mais propício para as indústrias que trabalham com produtos de consumo, como alimentação, calçados e vestuário, e aqueles que têm uma base de exportação mais estável, como celulose. O grande desafio decorreu de setores que têm um peso enorme para a indústria baiana, como o setor Petroquímico, que passa por um ciclo ruim em função do baixo crescimento da China, das consequências da guerra entre Ucrânia e Rússia... porque tudo isso afeta os preços relativos no Mercado Global e com impacto local”, pondera Carlos Henrique Passos, presidente da FIEB.>
Para contornar o avanço tímido, Passos afirma ser necessário resolver “da porteira para dentro”, ampliando a produtividade, o que deve acontecer através da capacitação dos empregados da indústria e da melhoria dos equipamentos, além do auxílio do Primeiro Setor. “Certamente, também precisamos ter a contribuição do governo com políticas de infraestrutura que possam melhorar o escoamento dos produtos, a chegada dos insumos da fábrica e a estabilidade de serviço, como por exemplo a energia elétrica”, adiciona.>
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo.>