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Emilly Oliveira
Publicado em 16 de outubro de 2023 às 19:57
A cadência dos tambores do Cortejo Afro tomou conta das ruas do Pelourinho, embalando o Dia do Comerciário, celebrado nesta segunda-feira (16). Mesmo sem relação direta com a data, o desfile foi considerado um presente para os trabalhadores soteropolitanos que passaram pelo Centro Antigo de Salvador e pelos turistas que visitavam a capital pela primeira vez. >
A apresentação faz parte da programação musical fixa do projeto Cole no Centro, da Prefeitura de Salvador, que estreou no Carnaval deste ano e retornou na semana passada com a grade ‘AfroCortejos’, promovendo desfiles de blocos afros pelas ruas do Pelô, quase diariamente [confira programação abaixo]. >
A percussão do Cortejo Afro saiu de sua sede, na rua Santa Izabel, no Pelourinho, às 17h, passou pelo Terreiro de Jesus e finalizou a apresentação no mesmo local de partida, levando consigo a maioria das pessoas que cruzaram com o bloco ao longo do circuito. A primeira parada, na praça da Cruz Caída, encantou o casal de comerciantes, da capital baiana, Marcelo e Tatiane Cupertino, de 36 e 32 anos, respectivamente. >
Os dois foram tomar uma “cervejinha” no Pelourinho para aproveitar o Dia dos Comerciários e acabaram atrás do bloco. Uma surpresa descrita como “maravilhosa” por Tatiane. “Adoro muito, estou feliz de ter escolhido vir aqui, hoje. Mais maravilhoso do que isso, só se o bloco arrastasse o desfile até amanhã”, desejou. >
Marcelo também disse ter aprovado a iniciativa. “Já estamos acostumados a vir tomar uma cervejinha aqui e achamos que seria apenas isso, mas não, virou o presente do feriado”, comentou o comerciante. Foi no ponto em que eles encontraram a percussão do Cortejo Afro que o balé do bloco se uniu aos membros, que iniciaram a apresentação. >
Veko Araújo, “sombreiro man” do Cortejo Afro, encabeçou o grupo. Atrás dele, vinha o maestro, seguido dos seus percussionistas e do balé. Quase todos usavam roupas coloridas com estampas africanas, exceto, Veko, que vestia um conjunto de calça e camisa vermelho e dourado; e os bailarinos, que usavam saia amarela, com um detalhe de 'animal print' em um dos lados. >
Segundo a turista de Porto Alegre, Simone Nunes, 45 anos, cada detalhe vai ficar guardado com carinho na memória dela, que visita Salvador pela primeira vez, ao lado da paulista Viviane Sartori, 48 anos. As duas se conheceram na semana passada, no voo que pegaram de São Paulo com destino à capital baiana, e o que era para ser uma viagem solo, se tornou uma amizade abençoada pelo batuque da Bahia. >
“É maravilhoso, estou encantada, achando tudo sensacional. A energia e a batida do Cortejo [Afro] são de arrepiar. Visitei outros lugares da Bahia, mas se soubesse que Salvador é assim teria vindo antes”, disse Simone. “Não há nada parecido com isso em São Paulo, é perfeito”, completou Viviane.>
Além delas, que seguiram o Cortejo até o final do desfile, tentando acompanhar a coreografia, a paulistana Rosilda Roberto Lopes, 46 anos, também não poupou elogios ao Cortejo Afro. Segundo ela, a motivação para seguir dançando junto com o balé do bloco está no amor que nutre pela percussão desde o tempo em que foi rainha de bateria da escola de samba Sociedade Rosas de Ouro.>
“É uma delícia. Eu já desfilei no Carnaval de São Paulo e é completamente diferente, mas acende aquela energia que é muito própria da festa, estou amando, já planejando a volta para sentir mais disso aqui”, disse Rosilda.>
Para o presidente do Cortejo Afro, Rogério Alves, as apresentações realizadas no Centro Histórico têm um clima especial. “Realizar apresentações no Centro Histórico é motivo de grande satisfação para nós, pois aqui iniciamos a nossa história com os tradicionais Ensaios do Cortejo Afro, há 25 anos, e onde permanecemos realizando atividades culturais durante todo esse tempo, sempre buscando praças e largos com maior capacidade de público que cresce a cada ano”, afirmou. >
Ainda segundo Rogério, a programação de verão do bloco contará com ensaios pré-carnaval, às segundas-feiras, e com o Réveillon com o Bailinho de Quinta, além de outras festas até o Carnaval, quando o Bloco Cortejo Afro desfilará na sexta-feira, no Circuito Osmar, no Campo Grande, e domingo e segunda, no circuito Dodô, na Barra-Ondina.>
Programação ‘AfroCortejos’>
Muzenza>
Quando: quarta-feira (18), às 16h>
Onde: saída da sede - Rua das Laranjeiras, 22, Pelourinho>
Quanto: gratuito>
A Mulherada>
Quando: quinta-feira (19), às 17h>
Onde: saída da sede - Rua do Tesouro, 39, Pelourinho>
Quanto: gratuito>
Banda Didá>
Quando: sábado (21), às 16h>
Onde: saída da sede - Rua Maciel de Cima, 19, Pelourinho>
Quanto: gratuito>
Filhos de Gandhy>
Quando: domingo (15), às 15h>
Onde: saída da sede - Rua Maciel de Baixo, 53, Pelourinho>
Quanto: gratuito>
Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>