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Debaixo d’água: entenda por que o mergulho em apneia vem cada vez conquistando mais adeptos

Confira também escolas e operadoras de mergulho onde aprender a praticar; cursos variam de R$ 500 a R$ 1 mil com aulas práticas na Barra, prainha do MAM e Cidade Baixa

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 30 de julho de 2023 às 16:00

Robson Oliveira é um dos instrutores de mergulho que dão aulas práticas na praia do Porto da Barra
Prática do esporte pode ser realizada em diversos locais de Salvador e aumenta no Verão Crédito: Marina Silva/ CORREIO

O empresário Rodrigo Macedo, 50 anos, é fascinado pelo mar. Diante de uma rotina nem sempre tão tranquila quanto o mundo submarino, há 15 anos começou a praticar mergulho em apneia nos corais de Ondina em busca de polvos e lagostas. “Trabalho em um ramo bem estressante, diga-se de passagem. A gente acaba procurando o mergulho em apneia para ter um controle melhor do corpo e da mente”.

Antes de começar a mergulhar, o empresário sofria muito com dores de cabeça, estresse e asma. Rodrigo gostou tanto que a atividade se tornou um esporte e o levou a bater o recorde Panamericano Master 50+. São 35 anos de prática de mergulho e, nos últimos sete, ele passou a se dedicar aos campeonatos de apneia esportiva em piscina. Foi também medalhista panamericano na competição realizada no Equador, em 2022.

Rodrigo Macedo tem 50 anos e já acumula conquistas em competições esportivas
Rodrigo Macedo tem 50 anos e já acumula conquistas em competições esportivas Crédito: Acervo Pessoal

“Na apneia dinâmica - onde o objetivo é se deslocar numa piscina pela maior distância possível - minha marca é 125 metros sem nadadeiras e 150 metros com nadadeiras. Na apneia estática – quando o atleta fica parado com as vias aéreas submersas pelo maior tempo possível - é 5 minutos e 39 segundos”.

Quanto tempo você consegue prender a respiração debaixo d’água? Quem explica o que é o mergulho em apneia é o instrutor da Escola Submerso Esportes Aquáticos, certificado pela PADI (Professional Association of Diving Instructors) e SDI (Scuba Diving International), Robson Oliveira:

“A apneia de mergulho consiste em ficar sob a água apenas com o ar dos pulmões, sem a ajuda de um tanque para respirar. Muitos mergulhadores procuram a apneia também para melhorar o seu tempo, na prática da caça esportiva. Outra procura muito comum é de surfistas que costumam pegar ondas grandes”.

Além da pesca submarina, as atividades incluem a observação da fauna e flora subaquática, a coleta, o esporte e o mergulho livre, como destaca Robson. Basta uma máscara, snorkel (tubo respirador) e nadadeiras. “A prática do esporte pode ser no mar, piscina, rios e lagos. No curso, o mergulhador amador vai conhecer o básico e, aos poucos, aumentar seu tempo, respeitando o seu estado físico”.

Prática

No caso da servidora pública Maria Figueiredo, 43 anos, a curiosidade pelo esporte veio durante um processo de terapia. Maria já faz mergulho em apneia há 1 ano e meio. “O mergulho me remete às minhas férias de infância, quando passava boa parte na praia. Me proporcionou um conhecimento maior do meu corpo e minha respiração”.

Já o empresário, Ronaldo Batista, 39 anos, começou a praticar o mergulho livre até se interessar pelo mergulho em apneia justamente para melhorar a sua capacidade em permanecer mais tempo debaixo da água. “Consigo ficar em apneia durante 3 minutos e 36 segundos. É muito desafiador e faz com que testemos os nossos limites”.

Nas escolas de mergulho, em Salvador, o valor do curso varia entre R$ 500 a R$ 1 mil. Na Sun Dive, com a aproximação da alta estação em breve, a procura pelo curso deve ser ainda maior, como destaca o instrutor, certificado PADI, Luis Henrique Morais:

“Em média, são 10 alunos por mês, mas acredito que a procura deve continuar a aquecer. O que gosto é que é um esporte democrático, onde em uma turma se consegue juntar um capitão da polícia militar, dois médicos, um baleiro de ônibus, um dentista, uma tenente do bombeiro militar e um trabalhador de serviços gerais”, diz.

As aulas práticas ministradas por Luís, que trabalha há mais de 30 anos como instrutor, acontecem na Praia da Boa Viagem. “É um esporte que pode ser feito em qualquer ambiente aquático, desde que cumpra a regra número um: nunca mergulhar sozinho e que seu companheiro tenha o conhecimento básico”.

Jefferson Silva, 30 anos, é um dos alunos de Luís que se tornou mergulhador profissional. Ele conta que consegue chegar a 5 minutos 15 segundos sem respirar. “Sempre tive contato com o mergulho mesmo sem saber direito o que era, pois vivia no mar e as brincadeiras eram sobre ir um pouco mais fundo ou quem conseguia prender a respiração por mais tempo. Quando fiz o curso, pude aprender mais e praticar com segurança. Mergulhar para mim é, além da profissão, um estilo de vida”.

Mergulho seguro

Segundo o doutor em Bioquímica e coordenador do eixo básico do curso de Medicina do Centro Universitário de Excelência em Feira de Santana (Unex), Tiago Veltri, o tempo médio do ser humano em apneia é de 2 minutos.

“Porém, se a gente pegar a maioria, quando passa de 1 minuto, já não consegue mais manter a apneia. Entretanto, existem pessoas extremamente treinadas em mergulho ou em processos que necessitem manter a apneia por um tempo prolongado. O recorde mundial no Guiness Book é de 24 minutos e 35 segundos”.

Veltri chama atenção para casos de quem tem asma não controlada ou asma induzida por exercício. Sobre os benefícios da apneia, o mergulhador bem treinado vai alcançar uma melhoria nas funções cardiovasculares e respiratórias. “Em geral, a maioria das pessoas pode praticar o mergulho em apneia. Antes de iniciar, a recomendação é saber se tem uma condição patológica devido aos riscos, como, por exemplo, o de desmaiar no meio do processo e se afogar”, orienta.

Existem diversas categorias de mergulho em apneia, como esclarece o instrutor de mergulho da Shark Dive Escola e Operadora de Mergulho, certificado PADI e SDI, Walter Andrade. Tudo vai depender do lugar, profundidade e maior tempo submerso. Na modalidade em Piscinas ou Indoor é possível praticar a Apneia Estática, Apneia Dinâmica com Nadadeiras e a Apneia Dinâmica sem Nadadeiras. Já na modalidade de Profundidade ou Outdoor entram as categorias de Lastro Constante com Nadadeiras, Lastro Constante sem Nadadeiras, Imersão Livre, Lastro Variável e Sem Limites.

“A apneia competitiva tem crescido em popularidade na última década. O campo vem se desenvolvendo rapidamente como um esporte de aventura e a Associação Internacional para o Desenvolvimento da Apneia (AIDA) reconhece numerosas disciplinas”.

Apneia é uma ótima opção para quem deseja melhorar  as funções cardiovasculares e respiratórias
Apneia é uma ótima opção para quem deseja melhorar as funções cardiovasculares e respiratórias Crédito: Robson Oliveira/ Divulgação

O Brasil é referência na prática competitiva do esporte. O recorde pertence a pernambucana Karol Meyer, atleta a conquistar o maior número de recordes mundiais para o país. Karol chegou a ficar 18 minutos e 32 segundos em apneia estática e já atingiu a marca de 68,9 metros de profundidade. A atleta é dona de oito marcas no Livro dos Recordes. Ricardo Bahia é mais um atleta brasileiro recordista mundial de apneia (Guinness 2012) e também campeão panamericano.

No mundo, o recorde pertence ao russo Alexey Molchanov. Foi ele que, em julho de 2021, alcançou a maior profundidade mergulhada em apneia durante uma competição nas Bahamas, chegando a 131 metros. “Não existe ainda uma idade mínima estipulada para começar o mergulho em apneia. O mundo subaquático sempre atraiu o interesse das pessoas, quer seja pelos seus mistérios, belezas naturais, vida aquática ou pela mera busca de novos desafios”, comenta Andrade.

Os principais riscos são relativos ao ambiente como a água, correnteza, ondas, pedras, vida aquática, substrato, visibilidade, temperatura, profundidade e embarcações, conforme acrescenta o também instrutor de mergulho da Escola Galeão Sacramento e da Mundial Scuba, Juvenal Barreiro. “Cada um vai ter a sua tendência para a profundidade e conhecer até onde pode chegar. Uma sensibilidade que muda de pessoa para pessoa”.

Barreiro começou quando ainda tinha 7 anos. Já são 54 praticando o esporte. “Quando dou aulas, gosto de levar meus alunos a uma profundidade de 15 metros. Vejo pessoas ficarem de 30 segundos até três a quatro minutos em apneia. Os mais experientes passam disso”, completa.

ONDE APRENDER

1. Submerso (@submersosupdive) O curso custa R$ 1 mil, com uma carga horaria de 10h. As aulas avulsas na Barra custam R$ 150.

2. Sun Dive (@sundivemergulhosoficial) O curso custa R$ R$ 650. Quem leu a reportagem no CORREIO* paga R$ 500. As aulas são na Praia de Boa Viagem, na Cidade Baixa.

3. Galeão Sacramento (@galeaosacramento) As aulas podem ser agendadas de segunda-feira à domingo, às 8h, 10h ou 14h. O valor é R$ 1 mil que pode ser parcelado em até 6x. À vista, fica R$ 900. As aulas práticas acontecem na Barra.

4. Shark Dive (@sharkdiveoperadora) O valor é R$ 650. O curso tem duração de 12h. Existe a opção de praticar no Parque Marinho da Barra, Boa Viagem e na Prainha do MAM.

5. Mundial Scuba (@ mundial_scuba_mergulho) O curso custa R$ 1 mil e pode ser pago em 6x. As aulas são individuais e acontecem no Porto da Barra.

PARA ASSISTIR

De tirar o Fôlego (2023) O documentário estreou recentemente no Netflix e conta a trajetória da recordista Alessia Zecchini e do um mergulhador Stephen Keenan, dispostos a tudo para nadar em regiões profundas de alto risco.