Dia de São Jorge é celebrado por devotos em procissão na Cidade Baixa

A caminhada parou para celebrar fiéis antigos da única paróquia dedicada ao santo na capital

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  • Gilberto Barbosa

Publicado em 23 de abril de 2024 às 21:40

Procissão de São Jorge
Procissão de São Jorge Crédito: Paula Fróes/CORREIO

O dia 23 de abril é um dia especial para os devotos da Paróquia de São Jorge, no bairro do Jardim Cruzeiro, em Salvador. Os fiéis da única igreja dedicada ao santo guerreiro na capital baiana, celebraram caminhando em procissão pelas ruas da Cidade Baixa.

“Hoje é um dia muito importante, não só para a paróquia, mas para toda a Bahia. São Jorge é um santo universal, padroeiro de diversos países e nós, que somos devotos, nos alimentamos da fé, da esperança que temos nele”, afirmou o pároco Clóvis Souza Santos.

As celebrações começaram a partir das 5h com a alvorada. Missas foram celebradas às 8h e às 13h. Pouco antes das 17h, os fiéis se reuniram no Largo de Roma, de onde seguiram em direção até a paróquia. Entre canções e preces, a representação de São Jorge foi acompanhada por devotos como a doméstica Matilde de Jesus, 42.

“Eu não consegui vir no ano passado, então, saí mais cedo do trabalho para conseguir estar aqui e receber essa benção. A minha fé em São Jorge é forte, ele me ajudou a fazer minha casa no interior e agora eu vim pedir ajuda para conseguir uma casa aqui”, disse.

Quem também esteve na caminhada foi o auxiliar de farmácia, Evanizio de Souza, 39 anos. Morador do Jardim Cruzeiro, ele contou que toda a família é devota de São Jorge: “Minha avó paterna me levava na igreja quando eu era pequeno. Eu faço aniversário em abril, fiz minha primeira comunhão lá, batizei meu filho lá e recebi outras bençãos que ele me deu”.

Tamanha fé se refletiu em seu filho, que foi batizado em homenagem ao santo: “O nome dele é Jorge, por causa de São Jorge. Além disso, ele também faz aniversário em abril. Então, eu o trouxe para conhecer a origem do nome dele e do lugar que eu vim”.

A procissão parou em frente às casas de devotos antigos da Paróquia de São Jorge. Uma delas foi a de Maria José de Santana, que completou 103 anos nesta terça-feira (23). Os fiéis prestaram suas homenagens, com canções de parabéns e abraços em Dona Zezé, como é carinhosamente chamada. A pouco metros dali morava Dona Caçula, outra frequentadora histórica da igreja, que faleceu em 2022, aos 94 anos.

Dona Zezé completa 103 anos hoje
Dona Zezé completa 103 anos hoje Crédito: Paula Fróes/CORREIO

“Elas foram participantes ativas da vida da paróquia de São Jorge. Enquanto tiveram saúde, elas dedicaram muito tempo e muita energia para a igreja”, explicou o padre Clóvis.

Quem também recebeu a homenagem dona Celina Cabral, 95. Moradora da região há cerca de 60 anos, ela foi presidente do apostolado da igreja por um quarto do período. Exibindo a imagem de São Jorge na entrada de casa, ela foi bastante abraçada pelos colegas da paróquia e seguiu o restante do cortejo ao lado deles.

“É a nossa fé, o nosso amor que nós temos hoje pela nossa paróquia e pelo nosso general, nosso protetor. A imagem está aqui, mas ele está lá no céu, rodando e pedindo a Deus por nós aqui na Terra”, disse.

Após a procissão, foi realizada a Santa Missa Solene, presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, Dom Dorival Barreto, às 19h.

Dona Celina com a imagem de São Jorge
Dona Celina com a imagem de São Jorge Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Quem foi São Jorge?

Um dos poucos santos venerados por Católicos, Ortodoxos e Anglicanos, São Jorge nasceu na Capadócia, atual Turquia, entre os anos de 275 e 280 D.C.. Durante a infância, ele se mudou para a Palestina, onde foi orientado por sua mãe nos ensinamentos cristãos. Optando por seguir carreira militar, ele ascendeu ao posto de oficial do imperador romano Diocleciano. Jorge da Capadócia morreu degolado em 23 de abril 303 D.C. por ordem direta do imperador, por se recusar a negar a fé cristã, mesmo sob tortura, durante um período de perseguições aos cristãos por parte do Império Romano.

São Jorge é considerado padroeiro dos cavaleiros, soldados, escoteiros, esgrimistas e arqueiros. Ele é invocado ainda contra a peste, a lepra e as serpentes venenosas. O santo é honrado também pelos muçulmanos, que lhe deram o título de “profeta”.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela