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Emilly Oliveira
Publicado em 8 de agosto de 2023 às 06:00
Hoje, Dia Internacional do Gato, Tupac, de 3 anos, vai ganhar uma comidinha especial para celebrar a data com pompas. O mimo é uma das demonstração de amor que a tutora dele, a cabeleireira Antônia Gomes, 53, expressa em datas comemorativas, como a desta terça-feira (08) e nos aniversários, para além do chamego e cuidado diário. >
Aos olhos dela, Tupac não é apenas um animal de estimação, é um membro da família. Por isso, faz questão de que o felino se sinta feliz. Ração e água são apenas o básico. Além de banquetes em efemérides, Antônia faz brinquedos pensados especialmente para mantê-lo em forma - por causa do risco de engordar após a castração - e mantém uma alimentação balanceada de acordo com a raça e o pelo dele. >
“É um amor que não se mede, uma troca. Eu dou e recebo amor. Me emociono ao falar porque ele é um animal que sabe quando estou triste. Fica no meu colo, me olha e tranquiliza. Ele consegue mudar todo o ambiente. Eu tive um gatinho que faleceu, mas quando cruzei o olhar com Tupac, vi que ele veio para ficar, não para substituir”, conta Antônia.>
Muitos gatos, no entanto, não têm a mesma sorte de Tupac. Além de serem vítimas do preconceito, sofrem com o abandono e os maus tratos na rua.>
Por isso, precisam contar com a ajuda de ONGs de proteção animal, como o Gatil Irmã Francisca, localizado em Salvador, e presidido pela advogada e estudante de medicina veterinária, Ana Paula Farias, 40, para receberem os cuidados que têm direito e serem conectados a pessoas dispostas a amá-los.>
Segundo os dados mais recentes da Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis), coletados antes da pandemia, Salvador tem 250 mil animais de rua, entre cães e gatos. Apesar de não realizar a divisão por tipo, o número corresponde a apenas 0,04%, dos 100 gatos resgatados, anualmente, pelo Gatil Irmã Francisca. O que segundo ela, acende o alerta sobre a importância de doar os animais, ao invés de abandoná-los.>
“A intenção é que o gatil seja um lugar de cuidado e passagem, mas as pessoas querem usá-lo como um local de abandono. Eu tenho seis gatos, dos quais sou apaixonada e costumo dizer que quem ama, castra um, e quem não ama castra dois, pois a solução não é abandonar o gatinho não castrado ou maltratar, é cuidar ou doar para quem possa cuidar”, afirma Ana Paula, que é voluntária da ONG há 10 anos, foi vice-presidente por quatro, está como presidente há um ano e meio e tem gatos há sete anos.>
Foi por meio de uma pessoa que estava doando alguns gatinhos que a assistente social Alexandra Guedes, 42, conheceu o gato Gil, que vai completar um ano no próximo mês. O amor pelo bichinho cresceu tanto que, depois de batizá-lo com o nome do cantor baiano Gilberto Gil, que ela também ama, veio outro apelido: Fifilho. Isto porque, ele se tornou um filho para ela.>
Assim como as mães de humanos, Alexandra não mede esforços para mimar Fifilho. No Natal, ela o vestiu de Papai Noel e sofre de saudade quando viaja e precisa deixá-lo em Salvador. “Ele é tudo para mim. Dorme comigo, deita do meu lado quando estou melancólica, pula na minha barriga quando estou na rede… É o meu grudinho”, diz Alexandra.>
Segundo a veterinária e diretora técnica da Felina Clínica para Gatos, Ilka Gonçalves, se engana quem pensa que os gatos são animais que não se apegam aos donos, são traiçoeiros ou não valorizam o cuidado que recebem. “As pessoas esperam que os gatos sejam cachorros pequenos, mas eles têm a própria forma de demonstrar amor. Se enroscar nas pernas das pessoas, virar de barriga para cima, fazer gesto de amassar pãozinho e um barulhinho de motor são alguns dos sinais que eles dão”, lista.>
Também há as pessoas tão apaixonadas por gatos que estenderam o sentimento aos seus trabalhos. Há um ano, Nina Vieira, 34, tem uma cafeteira com foco em incentivar a adoção de gatos, no Rio Vermelho, em Salvador. Na Preta Cat Café, os clientes têm a chance de adotar um gatinho enquanto tomam café. “Eu tive a ideia depois que a minha gata de 17 anos, Preta, faleceu. A ideia é incentivar a adoção por afinidade. Os bichinhos ficam em um gatil com uma parede de vidro que dá para o salão”, conta Nina.>
Já Adriane Sampaio, 38, mais conhecida como ‘menina dos gatos’, é babá de gatos há mais de uma década e passou a hospedar alguns deles em sua casa há dois anos. “Me apaixonei por gatos durante um intercâmbio e voltei com o desejo de trabalhar para o bem estar deles. Assim como cachorros, eles também querem um ambiente seguro e tranquilo para se sentirem felizes”, destaca ela.>
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>