Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Do Brasil à África: Salvador sedia Conferência internacional sobre conexões

Durante três dias serão debatidas as relações do Brasil com países africanos

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 29 de agosto de 2024 às 13:06

Reitoria no momento da abertura do evento Crédito: Gil Santos/ CORREIO

Os primeiros africanos que desembarcaram na Bahia e, portanto, no Brasil, chegaram no século XVI, vindos de regiões como Senegal, Angola, Níger, Benin e Moçambique. Foram diferentes ciclos e períodos, mas o fato é que sempre mantivemos uma relação de proximidade com a África. Essa foi uma das razões para Salvador ter sido escolhida pelos países africanos para sediar a 6ª Conferência da Diáspora Africana nas Américas, que começou nesta quinta-feira (29) e segue até sábado (31).

O evento é realizado pela União Africana e das Américas e pelo Governo do Togo, tem 50 representantes de nações e, segundo os organizadores, o objetivo é fortalecer as raízes africanas ao redor do mundo, além de estabelecer maior diálogo entre o Estado e a sociedade civil desses países. Entre as abordagens estão pan-africanismo, memória, restituição, reparação e reconstrução.

A abertura foi realizada na sede da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba), no Canela. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou do encontro e destacou que o evento possibilitará aprender mais sobre o continente e a relação dele com o Brasil.

“É a oportunidade de nos aproximarmos mais dos países africanos e entender que as bandeiras que defendemos no Brasil são universais e que essa conexão nos fortalece. O Brasil tem a maior população afrodescendente fora da África, e conhecer mais as nossas histórias e as nossas memórias é muito importante. São símbolos africanos que compõe a própria identidade nacional, especialmente na nossa Bahia e em Salvador”, afirmou.

Ministros durante a coletiva de imprensa com jornais nacionais e internacionais Crédito: Ana Albuquerque/ CORREIO

A imprensa internacional também acompanhou a abertura do evento. O ministro das Relações Exteriores, da Integração Regional e dos Togoleses no Exterior, Robert Dussey, agradeceu ao governo brasileiro pela oportunidade, frisou que negros africanos e brasileiros são iguais e que a luta contra a discriminação racial é uma luta pela sobrevivência e pela dignidade.

“Temos as mesmas raízes e precisamos nos unir para seguir nessa jornada. Hoje estou muito feliz em estar ao lado dos meus irmãos e irmãs para falar sobre a luta contra a discriminação racial e pela igualdade de direitos”, disse. “A única diferença é que vocês têm passaporte brasileiro e nós temos passaportes africanos”, brincou, provocando risos.

O encontrou começou com uma apresentação artística de dança e de música. O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, disse que o Brasil tenta se inserir dentro de uma disputa cultural e ideológica e que a 6ª Diáspora contribui para essa agenda política.

“As simbologias que envolvem Brasil e África são fundamentais para que a gente possa fortalecer a cultura brasileira naquilo que ela tem de mais importante e no que ela tem também de mais específico. Vamos discutir os temas da política que é democracia, direitos humanos, economia, direito ao desenvolvimento, formas de cooperação e troca de experiências acadêmicas”, explicou o ministro.

 Robert Dussey e Silvio Almeida Crédito: Ana Albuquerque/ CORREIO

O reitor da Ufba, Paulo Miguez, afirmou que a Universidade tem uma longa tradição de relações com o continente africano, disse que a instituição está pronta para colaborar com essas conexões e cobrou mais políticas públicas para esse público.

“São muitos pesquisadores africanos trabalhando conosco e muitos pesquisadores nossos trabalhando em África. Temos um prazer imenso de receber os estudantes africanos. O que precisa ser feito em todo o Brasil é a ampliação no número de editais que permitam mais pesquisas e especialmente a criação de um programa de assistência a mobilidade estudantil dos estudantes africanos no território da diáspora, no território brasileiro”, disse.

A ministra da Igualdade Racial, Aniele Franco, também afirmou que o encontro pode ser uma oportunidade para elaboração de novas políticas públicas. “Um evento como esse que tem a participação da sociedade civil, uma escuta e no final essa parceria com governos internacionais é mais um passo concreto para que a gente possa ter avanços de verdade nessas e em outras áreas”, disse.

O encontro teve também a presença da secretária de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais da Bahia, Ângela Guimarães, que explicou que o debate ajuda a projetar a Bahia no mundo.

“A Conferência é uma oportunidade singular para aprofundarmos o diálogo sobre temas essenciais para a construção de sociedades mais justas e equitativas. A Bahia, com sua rica herança cultural afro-brasileira, é o local ideal para receber essa conferência, reforçando nosso compromisso com a promoção da igualdade racial e o reconhecimento da inestimável contribuição dos países africanos para a nossa identidade, sociedade e afirmação”, afirmou.

Os debates que forem travados nesses três dias serão levados para um encontro de países africanos que será realizado em novembro. O evento prossegue na sexta-feira (30), no Wish Hotel da Bahia, e sábado (31), no Centro de Convenções em Salvador, mas será limitado a participantes convidados da União Africana e das Américas.