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Entenda como a taxação dos produtos brasileiros pelos Estados Unidos pode afetar o bolso dos baianos

Tanto o setor agropecuário, quanto a indústria baiana vão ser impactados com a tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump

  • Foto do(a) author(a) Monique Lobo
  • Monique Lobo

Publicado em 11 de julho de 2025 às 05:30

Produção agroindustrial
A Bahia é um importante exportador de produtos agropecuários como soja, manga, cacau, café e algodão Crédito: CNA/Wenderson Araújo

A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira (9), aumentou a cotação do dólar e a preocupação dos baianos sobre o impacto disso no estado.

Importante exportador de produtos agropecuários como soja, manga, cacau, café e algodão, por exemplo, além de óleos combustíveis e outros insumos para os Estados Unidos, a Bahia deve ser afetada pela imposição econômica do presidente norte-americano, é o que avalia o coordenador do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Relações Internacionais da Unijorge e pesquisador visitante na University of Waterloo, no Canadá, Tiago Matos.

"O impacto das tarifas deve ser sentido de forma geral entre os entes federados, e de forma específica de acordo com as relações comerciais de cada estado brasileiro com os Estados Unidos", diz Matos.

Na Bahia, essas relações são presentes em diversos setores. "Vão desde o setor primário, com o agronegócio baiano, com a cadeia da soja, os produtores de frutas como cacau e manga, e a produção algodoeira e de fibras etc. Como também impacta a indústria, principalmente neste momento em que o estado recepciona novos investimentos produtivos que estão realizando a montagem de plantas industriais que precisam contar com bens de produção, como máquinas, por exemplo, que geralmente são importadas", afirma o especialista.

Em um comunicado publicado nesta quinta-feira (10), a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) destaca a preocupação da entidade com a elevação das tarifas sobre os produtos brasileiros. "Na indústria baiana, a medida pode afetar segmentos como os de celulose e de petroquímica, bem como a exportação de produtos como manteiga e licor de cacau, e pneus, dentre outros, que fazem parte da cadeia regional", informa a entidade.

Segundo a Fieb, os Estados Unidos são hoje o terceiro destino das exportações baianas. No primeiro semestre deste ano, o volume exportado chegou a 8,3% do total, uma queda de 1,2% comparado ao mesmo período de 2024. "Trata-se de um montante de US$ 440 milhões, de um total de US$ 5,1 bilhões exportados pela Bahia, e que representa aproximadamente 1% do PIB da Bahia", diz a federação.

A celulose tradicional será um dos principais produtos afetados, revela a Fieb. O produto é responsável por 16,2% das vendas baianas para o mercado dos Estados Unidos, com US$ 71,4 milhões no primeiro semestre, valor equivalente a cerca de 12% das exportações do setor.

Manteiga e licor de cacau, celulose solúvel, pneus, benzeno, isopreno, paraxileno e ácido acrílico também estão entre as exportações mais relevantes que devem sofrer com a elevação da taxação.

Tiago Matos também aponta que serão particularmente afetadas as empresas norte-americanas que estão instaladas aqui e que dependem da importação frequente de insumos da sede nos Estados Unidos.

O impacto deve acontecer em dois pontos principais: de um lado, há um risco imediato de excedente de produtos, pondera Tiago Matos. "Desestimulo de investimentos produtivos e consequentemente aumento do desemprego nas cadeias produtivas que miram o mercado estadunidense", acrescenta.

Do outro lado, com a possível retaliação brasileira na mesma medida devido à reciprocidade, ou seja, a taxação de 50% a produtos dos EUA, as importações por aqui também podem ficar mais caras. "Aí entra mais um efeito com potencial inflacionário, porque importamos dos Estados Unidos produtos de maior valor agregado como combustíveis, eletrônicos, componentes da indústria, equipamentos hospitalares, remédios, e esses são produtos cujo aumento de preço gera um efeito imediato no bolso do consumidor e um custo imediato para a economia do país", pontua.

Isso significa que vai pesar no bolso dos baianos? Possivelmente. Para Tiago Matos, os baianos devem sentir essa mudança em dois momentos: "O primeiro e mais imediato é um aumento da oferta interna de produtos que costumávamos exportar para os Estados Unidos e que, em função das tarifas, perderão competividade e formarão estoques. O aumento expressivo da oferta, sem tempo hábil para o redirecionamento a novos mercados, pode fazer com que o preço caia, o que beneficiaria o consumidor interno".

Mas, isso não deve durar muito. "A médio prazo, a expectativa é que haja uma margem de incremento de preços desses produtos, como forma de compensar a perda de mercado externo e a diferença entre o poder de compra do dólar e do real brasileiro", completa.