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Priscila Natividade
Publicado em 8 de outubro de 2023 às 16:00
Desde pequena, Cecília Moura sempre foi louca por doce. Aliás, não tinha como ser diferente, já que a sua mãe, Maria José, e sua avó, Ivone, eram doceiras de mão cheia. Tudo sempre muito artesanal e caseiro. “Então, eu cresci comendo muito doce. Meus pais não gostavam de comprar biscoito recheados e nem doces industrializados. Então eu sempre gostei muito de combinações de sabores”, conta ela. >
Crescer em Itaberaba, perto da avó, com quem aprendeu a cozinhar e a gostar de doce, levou Cecília a se tornar confeiteira Diplôme de Pâtisserie pela Le Cordon Bleu, em São Paulo, ainda que tivesse tentado cursar Engenharia de Minas antes. Por incrível que pareça, foi na faculdade que não concluiu que ela conheceu Calvin Coelho, que também desistiu da formação e se jogou na área de gastronomia quando fez o curso de Cozinheiro no Senac.>
No meio desse processo todo de mudança de carreira, os dois decidiram abrir a Le Lapin (@lelapin.ba), na Pituba, confeitaria que concretizou o sonho da menina que gostava da surpresinha de uva nas festinhas. >
“Nós somos curiosos, gostamos de provar e testar coisas novas, e isso sempre passa para as nossas criações. Eu tenho carta aberta para criar e isso me faz sempre estudar mais e estimular a criatividade”, comenta Cecília. Essas memórias e referências de infância fizeram o casal apostar com tudo no público infantil com a criação de uma sobremesa diferente para o Dia das Crianças. A ideia foi trazer um doce que fosse lúdico, mas sem a utilização de ingredientes industrializados.>
“Pensamos primeiro na estética, o que melhor remeteria à infância. Daí, veio a ideia do ursinho de pelúcia. Queríamos um sabor que fosse infantil, mas que continuasse sendo artesanal. Afinal, não é porque é um doce voltado para crianças que precisa ser cheio de produtos industrializados como Nutella. É o nosso bolo de baunilha, com geleia de morango, mais azedinha, para balancear o brigadeiro que vai dentro. E a mousse é mais divertida porque ela explode na boca”, explica Cecília. >
E se engana quem acha que só creme de avelã é capaz de encantar as crianças. “A gente sabe que elas querem isso, porém, assim que elas batem os olhos nos doces bonitinhos, isso abre uma nova curiosidade. As cores, as formas, chamam muita atenção. Para as crianças mais chocólatras, nós temos também bolo de brigadeiro, claro, mas feito com menos açúcar, um chocolate mais amargo, e agrada com unanimidade até as mais pequenas”, ressalta a confeiteira, que enxerga aí mais uma tendência para os pequenos.>
“A nossa linha é realmente algo que não seja industrializado. Acho que é uma fase ótima para apresentar sabores e as crianças são totalmente abertas a isso, muito mais do que os adultos até e sempre se apaixonam. Os doces fofos conquistam de cara. E isso é muito bacana, porque oferecemos uma confeitaria que acaba sendo mais saudável, com menos açúcar e as crianças adoram.”>
Cecília Moura
sócia da Le LapinNo dia 12 de outubro, a casa vai abrir para o café da manhã, a partir das 8h30. A produção da loja hoje, em média, é de 600 doces e 300 salgados durante a semana. E com os brunchs nos finais de semana, são vendidos mais de 400 sanduíches no mês. Os mais pedidos são o Entremet Le Lapin, o Cheesecake e a Tartelete de Banoffe. A marca chega a faturar mensalmente R$ 60 mil. >
“A criação do cardápio foi basicamente feita com itens que gostaríamos de comer em Salvador e não encontrávamos com tanta facilidade, além de coisas que gostamos de cozinhar”, afirma Calvin.>
Calvin Coelho
sócio da Le LapinNa verdade, a Le Lapin começou como uma alternativa de incremento na renda quando Cecília decidiu fazer bolos por encomenda. A partir daí, nesses 7 anos de operação, a marca foi evoluindo e se destacando bastante na produção de panetones e ovos de Páscoa até ganhar um ponto físico na pandemia e se tornar o que é hoje. Tanto ela como Calvin estagiaram no Restaurante Origem em Salvador. Calvin também tem passagens pela La Taperia e pelo Pipo, em São Paulo. Já Cecília tem no currículo de confeiteira, diversos cursos como panificação profissional na Levain, chocolate com Simone Izumi e Diego Lozano e sorvete na Escola Sorvete.>
“O Origem foi um divisor de águas, a primeira vez que jantamos lá já fez minha perspectiva com confeitaria mudar completamente. Eu me apaixonei pelas sobremesas complexas, e me encontrei muito lá quando fui estagiar também. Ver toda a operação da cozinha me deixou apaixonada pelas possibilidades dentro da carreira, que vão muito além de encomendas para festa, que era o que fazíamos até então. Por isso resolvi me profissionalizar. Confeitaria não é sobre açúcar, é sobre saber entregar sabor”, diz Cecília.>
O foco hoje é em ainda mais estudo e especialização para expandir o negócio, como complementa Calvin: “O que fazemos hoje na Le Lapin é diferente de tudo o que se acha em Salvador, mas justamente porque nunca fizemos isso para nos diferenciar, fazemos isso porque faz parte da nossa personalidade. Nosso lucro atualmente vem sendo investido nisso, estudamos muito para que, no futuro, a gente consiga crescer mais”. >
. Público infantil Atenda sempre as crianças com a mesma atenção e escuta que oferece ao adulto. Crianças têm vontades próprias, e muitas delas escolhem o que vão comer. >
. Cardápio Tenha sabores que agradem, sobretudo, à base de chocolate, avelã e morango. Sem dúvida, são ingredientes que as crianças gostam muito. >
. Espaço Físico É legal pensar também em brinquedinhos para que as crianças possam se distrair e dar um momento de tranquilidade também. Sempre funciona.>
. É doce Ao desenvolver o doce, aproveite para brincar também com formas e cores. Crianças adoram coisas lúdicas. E elas são fisgadas, na maioria das vezes, pelo visual. Então é importante ter esse estímulo em uma vitrine. >
Cecília Moura e Calvin Coelho são sócios e criadores da confeitaria Le Lapin. Cecília tem formação em Pâtisserie na Le Cordon Bleu, e Calvin fez curso de Cozinheiro no Senac. >