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É normal não recuperar o olfato após a covid? Veja o que dizem os especialistas

Segundo pesquisa, 85% dos pacientes recuperam o sentido

  • R
  • Raquel Brito

Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 05:00

Marcel Menon é um dos especialistas presentes no Congresso
Marcel Menon é um dos especialistas presentes no Congresso Crédito: Divulgação/ABORL

Não poder sentir o cheiro de café fresco, do seu prato preferido ou do perfume de alguém querido. A perda do olfato é um dos principais sintomas da covid-19 e, em alguns casos, demora para ir embora. Um exemplo foi a campeã do Big Brother Brasil 19, Paula Von Sperling: infectada pelo vírus em maio de 2020, passou os sete meses seguintes sentindo apenas 20% ou nada do olfato.

Mas, existe o risco da perda se tornar permanente? Os otorrinolaringologistas Marcel Menon, professor da Faculdade da Santa Casa de São Paulo, e Fabio Pinna, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, que vieram a Salvador para o Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia, explicam que existe um estudo em andamento sobre o assunto.

“A iniciativa juntou vários centros pelo país, e o que a gente viu vai bem ao encontro do que foi visto nos estudos da Europa e de outros lugares: em até dois meses daquele quadro mais agudo da perda de olfato, 85% dos pacientes vão recuperar total ou quase totalmente o sentido”, conta Menon.

Segundo ele, apesar de ser um índice bom, é importante que se tenha uma atenção especial para os 15%, e é essencial que um médico seja procurado logo no início da perda do olfato.

“O olfato é um sentido que por muito tempo ficou relegado ao segundo plano, digamos assim, em comparação com a visão e a audição. Porque instintivamente a pessoa acha que vai recuperar, e de fato a maioria recupera. Mas, quando a gente pensa no olfato, a primeira coisa que vem à nossa cabeça é o prazer: de comer, de sentir o cheiro de uma comida gostosa, o cheiro do nosso filho. Mas a gente tem que lembrar que o olfato é um instrumento fundamental para o nosso corpo para segurança, em casos de identificar comida estragada mais facilmente, deixar alimentos no fogo e ir para outro cômodo, identificar cheiro de gás vazando, por exemplo. Coisas que podem colocar em risco a sua vida”, acrescenta.

Para Pinna, uma análise precisa e o melhor tratamento só virão com a avaliação personalizada de cada caso. “Para você fazer um acompanhamento adequado, o ideal é uma consulta médica prévia para a gente ver sintomas que estão associado a essa perda do olfato, se tem alguma inflamação junto, se tem uma rinite, uma sinusite crônica, porque o treinamento olfativo é o que tem mais evidência, mas sempre tem alguns outros conjuntos de tratamento que vão muito bem com o treinamento olfativo, a depender da causa de base. Então, uma consulta médica vendo gênero e idade do paciente, por exemplo. A gente deve considerar também as áreas profissionais dos pacientes na exigência de olfato. Para quem trabalha com cozinha, ela é muito maior, por exemplo”, diz.

Formas de tratamento

Entre os processos mais conhecidos para a recuperação do olfato, está o treinamento olfativo mencionado por Pinna, que ganhou destaque durante a pandemia da covid-19. O processo consiste em exercícios que estimulam o olfato, a partir da inalação de aromas e cheiros conhecidos, como café, menta e sucos concentrados.

Mesmo utilizando essa forma, que pode ser adaptada a um exercício caseiro, os especialistas reforçam que ela não é suficiente. “Essa é a alternativa terapêutica que tem a maior evidência científica de trazer um benefício a longo prazo. Mas, como eu falei, eu não acho que é muito prudente, principalmente a pessoa que já está há muito tempo com uma perda de olfato, simplesmente fazer um tratamento sem procurar ajuda médica”, defende Menon.

“Às vezes, a perda do olfato pode ser um presságio em pacientes idosos, um sintoma inicial de uma doença neurodegenerativa, como Alzheimer ou Doença de Parkinson. Então, por exemplo, se um idoso já está perdendo o olfato sem uma infecção prévia, sem covid, sem uma gripe, e começa a ter alguma alteração, é um dado a mais para investigar e fazer o diagnóstico precoce”, completa Pinna.

Para os tratamentos em consultório, que devem ser feitos o mais rápido possível após a detecção dos sintomas, existem exames como a nasofibroscopia, feita através de um fio que passa pelo nariz com uma fibra óptica na ponta, permitindo que o médico observe se tem alguma coisa acontecendo. Além disso, a depender do diagnóstico, podem ser solicitados exames de imagem, como tomografia e ressonância.

Congresso

O Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia teve início nesta quinta-feira (30), no Centro de Convenções, em Salvador, e vai até sábado (2). Idealizado pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), o congresso reúne profissionais de todo o país. O evento está em sua 53º edição e a terceira feita na capital baiana, que já sediou o encontro em 1948 e 2006.

Com palestras, painéis, mesas-redondas, simpósios e minicursos, o Congresso reúne mais de 500 palestrantes ministrando presencialmente capacitações voltadas ao aprimoramento nas áreas de Rinologia, Otologia, Otorrinolaringologia Pediátrica, Otorrinolaringologia Geriátrica, Plástica da Face, Laringologia, Medicina do Sono, Otoneurologia, Alergia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, entre outras subespecialidades da Otorrinolaringologia.

*Com orientação da subeditora Monique Lôbo