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'Falta de ar e palpitação': como vivem as pessoas que têm medo de elevador

Especialistas explicam sintomas da fobia e importância de tratamento

  • Foto do(a) author(a) Millena Marques
  • Millena Marques

Publicado em 13 de julho de 2025 às 08:00

Elevador
Elevador Crédito: Shutterstock

Aos cinco anos, a socióloga aposentada Marli dos Santos ficou presa em um elevador ao visitar uma unidade da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) em Paulo Afonso, no Vale São-Franciscano da Bahia. A imagem da mãe apreensiva, que a acompanhava durante a visita, ainda está viva em sua memória. A esse episódio, Marli, hoje com 68 anos, atribui o início do medo de elevador. "Eu me lembro que minha mãe ficou entalada (na saída de emergência), e eu comecei a ficar sem respirar", disse.

Em boa parte da vida adulta, Marli conseguiu superar o medo de utilizar o equipamento. No entanto, o sentimento retornou nos últimos anos. Isso porque os três elevadores do prédio onde mora, um edifício de 50 anos de Salvador, têm apresentado alguns problemas. "Eu já fiquei presa umas quatro a cinco vezes. Isso me deu uma pânico enorme", relatou.

O último episódio ocorreu ao lado de uma cadeirante. "Quando o elevador para que eu só vejo parede, eu entro em pânico. Começa a tapar a traqueia, começo a ficar sem ar", contou. Marli também já viveu momentos de desespero no Elevador Lacerda, um dos principais cartões portais da cidade baiana. "Eu entro em pânico mesmo, começo a gritar", disse.

O medo não está restrito apenas ao elevador, mas sim a todo e qualquer ambiente fechado. Para se ter uma ideia, ela dorme com a porta do quarto da aberta. "Eu não fecho a porta de jeito nenhum. Esse medo de lugar fechado acho que veio depois que meu filho, quando tinha 4 anos, se trancou no quarto", contou. "Eu acho que tudo isso foi me criando um medo", complementou.

Moradora de um apartamento no 11º andar, é quase inevitável usar elevadores no dia a dia. Mas onde puder evitar, Marli evita. "Eu tenho uma amiga que mora no 29º andar de um prédio com 30 andares. Ela já me chamou várias vezes, mas eu já disse: 'Querida, eu posso até ficar embaixo, mas na sua casa eu não vou", disse.

O medo de elevador é uma fobia específica, do tipo situacional. Ou seja, a pessoa tem um medo intenso e irracional de uma situação ou objeto específico. Quem explica isso é a psicóloga clínica e psicoterapeuta cognitivo-comportamental Priscilla Pardo. "Este medo muitas vezes está relacionado a preocupação com acidentes, com sensação de que pode ficar sem ar ou sufocado ou até mesmo medo de perder de controle dentro do elevador", explicou.

Nem sempre quem tem medo de elevador também tem claustrofobia, mas há uma relação entre os dois. "A claustrofobia é um medo irracional de espaços fechados ou confinados, e o medo de elevador pode ser uma manifestação dessa fobia, já que os elevadores são ambientes fechados", pontuou Priscilla.

A claustrofobia pode ser desenvolvida em qualquer estágio da vida. Isso porque muitos fatores podem desencadear uma fobia. "As experiências negativas que temos durante a infância, hoje em dia também vivemos como muito estresse e até a questão da predisposição genética. Isso tudo pode influenciar no desenvolvimento da fobia. Não é apenas um fator desencadeante", detalhou a psicóloga clínica Nili Brito.

No caso da atendente home office Juliana Pereira, 30, o medo de elevador foi desenvolvido quando foi morar em Salvador, aos 10 anos. "Eu entrei (em um elevador) a primeira vez com minha tia, mas foi muito desconfortável. No lugar não tinha acesso à escada, ai tive que ir, mas fiquei de olho fechado o tempo inteiro", relatou. A preferência, aliás, é sempre utilizar escadas.

No entanto, até as escadas trazem uma angústia para Juliana. "Às vezes me dá um desconforto também porque é só vão de escada, com concreto do lado. Ai eu me sinto presa também. Minha questão é essa: lugar pequeno, todo fechado, baixo, eu tenho essa dificuldade. Eu me sinto mal mesmo. A sensação é de desmaio, falta de ar, é complicado", contou. Hoje, com o auxílio das dicas passadas pela psicóloga, Juliana consegue evitar os episódios de desespero.

Observar sintomas

A psicóloga Nili Brito destaca a importância de observar os sintomas físicos e emocionais para identificar a claustrofobia. "É aceitar procurar, reconhecer, que precisa de ajuda profissional e ir atrás dessa ajuda, com profissionais especializados, para que possa ser feita não apenas uma avaliação correta, como também um tratamento adequado para cada pessoa", pontuou.

Os sintomas geralmente são: medo excessivo, dificuldade para respirar, palpitação, náuseas, sensação de desmaio, tontura, ruminação antecipatória e boca seca. "A pessoa acaba evitando até momentos importantes, como uma reunião que precisa passar por um elevador, uma viagem de avião. A pessoa acaba evitando. Isso impacta diretamente na rotina e na qualidade de vida. É ai que entra o isolamento social", completou Nili.