Falta de dados é um desafio para as políticas públicas para população de rua

No segundo dia do G20 representantes das maiores economias do mundo discutiram o tema

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  • Gil Santos

Publicado em 28 de maio de 2024 às 18:18

Auditório ficou lotado Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/ CORREIO

A crise econômica que vive o Brasil nos últimos anos, associada à crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19, levou centenas de pessoas a viverem nas ruas, mas quantas são? Onde estão? São mais homens, mulheres ou crianças? Por que elas foram à rua? E por que não conseguem sair? No segundo dia do G20, em Salvador, os grupos de trabalhos discutiram sobre produção de dados e elaboração de políticas públicas para a população em situação de rua.

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, participou da abertura do evento e destacou que a falta de informações detalhadas sobre essa população é um desafio para a elaboração de ações efetivas, adiantou que o Governo Federal está fazendo uma pesquisa sobre o tema e que as primeiras informações serão divulgadas em junho.

"Os dados são a base central para qualquer política pública e qualquer iniciativa estatal para a mudança de uma realidade tal como é a das pessoas em situação de rua. Se queremos mudar essa realidade, precisamos entender quem são essas pessoas, quais os motivos levaram a viver na rua, quais o impeditivos para que saiam dessa situação e como construir caminhos para ajudá-las", disse.

Silvio Almeida afirmou que é preciso desenvolver uma política de estado sobre essa questão, disse que o problema não é falta de políticas públicas, mas de ações coordenadas que garantam as condições necessárias para o progresso das populações nas sociedades capitalistas e que falta a muitos países um caminho para o desenvolvimento. O ministro comemorou o debate dentro do G20 e afirmou que a discussão é sobre direitos humanos.

"Se o centro do debate do G20 vai ser a redução ou eliminação da pobreza, da fome e da desigualdade, discutir a situação da população de rua me parece que é algo central, porque a gente trata do grupo social mais afetado por essas mazelas. Discutir as saídas para a população em situação de rua é discutir também as políticas públicas naquilo que elas tem de mais afetivas, a capacidade de atingir as pessoas mais vulneráveis", afirmou.

Ele lembrou da situação do Rio Grande do Sul, onde cerca de 630 mil gaúchos estão desabrigados ou desalojados por conta das enchentes, como um exemplo da importância de ter uma moradia adequada. O auditório ficou lotado com representantes de diversos países.

O embaixador e chefe do G20, Mauricio Carvalho Lyrio, disse que a Presidência definiu como prioridades para o ano de 2024 a inclusão social e o combate à fome e pobreza, o desenvolvimento sustentável e a reforma das instituições.

"Precisamos, em primeiro lugar, reforçar os esforços para acabar com a fome no mundo. Em segundo lugar, promover o desenvolvimento sustentável, fomentar a transição energética, e combater as mudanças do clima", afirmou.

Ao todo, delegações de 45 países estão participando da 3º Reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Desenvolvimento do G20. O encontro está sendo realizado no Centro de Convenções, na Boca do Rio, onde representantes das maiores economias do mundo estão debatendo iniciativas de redução da desigualdade, acesso à água e desenvolvimento sustentável.