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Higiene de mais pode fazer mal, alertam especialistas

Saiba frequência e jeito certo de praticar hábitos de higiene pessoal rotineiros, como tomar banho, escovar os dentes e se limpar depois de ir ao banheiro

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 27 de agosto de 2023 às 16:00

Um banho por dia é o suficiente
Um banho por dia é o suficiente Crédito: Reprodução/iStock

Que higiene de menos faz mal, todo mundo já sabe. Mas e higiene de mais? Vídeos que vira e mexe viralizam no TikTok, Instagram, YouTube e Twitter, sobre o assunto, alertam que tomar muitos banhos e utilizar muitos produtos - com ação bactericida ou perfume, por exemplo - faz mal. Na dúvida, fomos atrás de médicos das mais diversas especialidades para ver o que é verdade e o que é mentira entre tudo que saem falando por aí. O que descobrimos? Que tem, sim, jeito certo de praticar hábitos cotidianos de higiene pessoal, como tomar banho, escovar os dentes e até limpar o traseiro.

Em um dos vídeos virais, uma europeia espanta um latino americano ao contar que toma banho “pelo menos uma vez por semana”. Na sequência, ela ainda se justifica: “Mas uso desodorante e perfume e, como é verão, vou à praia”. Nos comentários, espanhóis e portugueses se defendem, alegando que tomam um banho por dia e que a Europa não tem um só clima e uma só cultura. Os brasileiros, como seria de se esperar, parecem chocados: “Os brasileiros que tomam banho antes e depois de ir à praia horrorizados vendo esse vídeo”, diz um dos comentários.

Números de 2021 da Procter&Gamble, gigante americana que é dona de marcas como Pampers e Oral B, comprovam que os brasileiros estão bem acima da média global na frequência de hábitos de higiene, tomando banho 8,5 vezes por semana. De acordo com o livro Passando a limpo: História da higiene pessoal no Brasil, do jornalista Eduardo Bueno, o legado vem dos povos indígenas. Todos se depilavam, cortavam e lavavam os cabelos e tomavam banhos frequentes, enquanto os portugueses não. Para aqueles que quiserem se aprofundar no assunto, no livro “O limpo e o sujo”, Georges Vigarello explica que a história da limpeza corporal é uma história social.

Qual a frequência ideal do banho?

Os dermatologistas alertam que um banho por dia já é suficiente e o excesso de água e sabão em contato com a pele pode fazer mal, retirando a hidratação natural. A dermatologista Fabiane Mulinari Brenner, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica ainda que o mesmo vale para a água quente e, por isso, os banhos, que devem durar cerca de cinco minutos, precisam ser com água morna ou fria para não piorar ou provocar doenças de pele, como eczema e psoríase.

Para os amantes das buchas e esponjas, uma má notícia. “Elas podem ressecar e agredir a pele, retirando também a oleosidade natural e podendo causar feridas e abrir portas de entrada para infecções”, coloca Fabiane. Os sabonetes não saem ilesos. “Eles devem ter um pH neutro ou pouco agressivo e nada de antibacterianos porque eles podem eliminar bactérias benéficas ao organismo.”

A essa altura você, que tem cabelos compridos, deve estar se perguntando qual a frequência ideal para a lavagem. De acordo com a dermatologista, de duas a três vezes por semana, mas a necessidade da lavagem deve ser guiada pela oleosidade do couro cabeludo. O alerta vai para a importância da hidratação do comprimento e pontas dos cabelos, que podem ficar ressecados.

A estudante Katharina Santos, de 25 anos, passou por isso na época em que chegava a lavar os cabelos mais de uma vez por dia e tomava até sete banhos em apenas uma tarde. Ela explica que vê os banhos como momentos de relaxamento e alívio da ansiedade e que buscou tratamento quando percebeu que havia um problema. “Hoje em dia eu sou uma pessoa que gosta de tomar banho, mas de forma controlada. Tomo de dois a três banhos por dia, a depender da minha rotina”, acrescenta Katharina.

Como higienizar corretamente as partes íntimas?

Em outro vídeo viral no TikTok, a fisioterapeuta pélvica Camila Gutz faz um passo a passo de como limpar o traseiro. Isso mesmo. Ela recomenda que as pessoas afastem as nádegas durante o banho para poder higienizar a região ao redor do ânus e não está errada.

@camila.gutz

Domingou com tutorial de como lavar o cool.

som original - Camila Gutz

A proctologista do Hospital Mater Dei, Manuela Liger, afirma que uma má higiene do local permite a permanência de fezes na região, o que pode causar coceira, alteração da microbiota, aumento da proliferação bacteriana e favorecimento de infecções, além do mau cheiro. A limpeza pode ser feita com água e sabão comum, sem necessidade de produtos específicos. Para as mulheres, é importante fazer a higienização de frente para trás, para não levar contaminação à vagina.

Também é importante se limpar de forma correta após defecar. Talvez você já tenha se deparado com notícias sobre o fato de a ex-BBB Ana Clara não usar papel higiênico para limpar as fezes. Pois ela está correta! “Após a evacuação, o certo é lavar com água e sabonete. O papel higiênico realiza atrito, pode irritar a região do ânus, causar feridas e coceira, além de não realizar a limpeza completa, ficando alguns resíduos de fezes”, explica Manuela.

@choquei Ana Clara contou que abandonou o uso de papel higiênico e adotou a ducha higiênica por achar que o papel machuca. #anaclara #bbb #bbb23 #papelhigienico #curiosidades som original - CHOQUEI

Para se limpar após o xixi, a ginecologista Paula Matos Oliveira, professora de Ginecologia da Escola Bahiana de Medicina e Universidade Federal da Bahia, alerta: “A forma ideal é utilizando água e enxugando adequadamente a vulva, mas a pessoa pode limpar a região genital após urinar utilizando o papel higiênico. Para isso devem ser feitas leves compressões com o papel na área úmida, não devendo friccionar para evitar lesões, fissuras e irritações. O lenço umedecido pode ser uma alternativa quando a mulher está fora de casa. O uso excessivo pode promover sensibilidade na pele devido às substâncias que contêm”, pontua.

Durante o banho, os cuidados continuam. “A vulva deve ser lavada com água, utilizando os dedos para lavar bem, dedicando atenção às ‘preguinhas’ que podem acumular esmegma. Não é necessário higienizar a vagina e vale lembrar que não se recomenda o uso do sabonete íntimo, porque altera o pH da vagina e acaba causando o desequilíbrio da flora, tendo como con sequências candidíase ou vaginose, por exemplo”, diz a ginecologista Ilser Martinez, coordenadora de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Mater Dei.

Quanto aos pênis, o urologista Ubirajara Barroso, professor e pesquisador da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, explica que após urinar, é preciso “abrir o prepúcio e ordenhar a uretra. Esses cuidados evitam que o pênis fique úmido, o que causa mau cheiro e predispõe ao crescimento de fungos e à irritação local pela acidez urinária”, coloca. Na hora do banho, é importante uma limpeza cuidadosa, com água e sabão neutro.

“Lavar o pênis aos banhos pelo menos duas vezes ao dia, ou quando houver acúmulo de secreções, é fundamental. Uma higienização inadequada pode ocasionar acúmulo de esmegma que, não somente predispõe a infecções, mas também ao risco de câncer”, destaca o urologista.

Cotonete: pode ou não pode?

De acordo com Luis Henrique Barbosa, otorrinolaringologista da AMO, clínica da Rede Dasa, os ouvidos são autolimpantes e a cera, por ser um fator de proteção, não deve ser removida. “Basta o indivíduo estar hidratado para que o cerume não resseque. As hastes flexíveis ou retiram toda a cera do conduto auditivo, deixando-o exposto a infecções e coceira, ou empurram toda a cera para próximo ao tímpano, levando à diminuição da audição”, explica.

Quanto ao nariz, Barbosa diz que é importante a realização de uma lavagem para remoção de crostas e mucos das cavidades nasais para prevenir infecções das vias aéreas e obstrução nasal. “Existem diversas formas de realizar a lavagem nasal, diversos tipos de dispositivos, com diferentes quantidades e pressão. O importante é que seja realizada com solução salina fisiológica (soro fisiológico 0,9%) em temperatura ambiente. A frequência vai depender da rotina, mas quando houver algum tipo de infecção ou alergia, deve ser realizada várias vezes ao dia”, destaca.

Existe jeito certo de escovar os dentes?

O dentista Cristiano Goes, conselheiro do Conselho Regional de Odontologia da Bahia (CRO-BA), diz que é preciso tomar alguns cuidados durante a escovação. Ele recomenda um método chamado de “rolo”, que consiste em movimentos giratórios, da gengiva para o dente, com as cerdas em 45 graus em relação às faces do dente, com exceção da parte superior. Nessa superfície, é recomendado um movimento de vai e vem. Segundo Goes, a escovação deve durar entre dois e três minutos, com escovas macias, e nenhuma parte da boca deve ser esquecida, principalmente a língua.

A escovação deve ser feita três vezes ao dia e mais do que isso pode ser prejudicial. “O excesso de escovação pode tanto gerar desgaste das estruturas dentárias por erosão como causar feridas na mucosa”, diz. O dentista recomenda, ainda, a utilização de fio dental antes de todas as escovações e diz que o antisséptico bucal pode ajudar a melhorar o hálito, mas não remove toda a placa bacteriana.