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Hospital Municipal de Salvador cria iniciativa para conhecer pacientes e realizar desejos

“Prontuário Afetivo” e “Os Três Desejos” são projetos de medicina humanizada que vêm melhorando os quadros de saúde de pacientes

  • Foto do(a) author(a) Marina Branco
  • Marina Branco

Publicado em 2 de setembro de 2024 às 16:11

Profissional preenchendo o prontuário afetivo de paciente
Profissional preenchendo o prontuário afetivo de paciente Crédito: Otávio Santos/Secom PMS

O Hospital Municipal de Salvador (HMS), na Boca da Mata, criou um projeto de medicina humanizada composto por um Prontuário Afetivo, e uma iniciativa de realização de desejos. A ideia é trazer perguntas pessoais na anamnese do paciente, possibilitando conhecer a pessoa por trás do caso e conectar profissional e paciente, além de questionar acerca de vontades e saudades, para realizar desejos e sonhos dos atendidos.

O questionário pode ser preenchido por qualquer integrante da equipe que acompanha o caso, em conversa com o paciente ou seus acompanhantes. As perguntas tratam dos hábitos, emoções, relações, gostos e história dos pacientes, e tem mostrado uma melhora geral nos quadros clínicos na unidade.

O projeto é como uma anamnese emocional, adaptando as perguntas clássicas de estado físico e quadro de saúde do paciente para incluir também a personalidade de quem vive a doença. A diferença entre a avaliação clássica e a sentimental vem desde o visual, que contrasta o impresso, digital e preto e branco comumente feito, com um prontuário escrito à mão e com ilustrações.

Ao invés de se manter na prancheta do médico, o prontuário afetivo fica fixado na parede do quarto do hospital, informando todos que tratam o paciente sobre quem aquela pessoa é. A iniciativa começou durante a pandemia de Covid 19, quando a distância entre pessoas pareceu aumentar, e os pacientes eram ainda mais tratados como números.

É o que conta Ludmilla Souza, psicóloga do HMS, que foca na humanização da medicina para trazer acolhimento ao paciente, e trabalhar em prol de sua melhora. “Entendemos que acolher esses pacientes é fazer com que eles resgatem a sua subjetividade. Comumente a hospitalização e o adoecimento nos convoca a tristeza, a despersonalização. O paciente não é leito X ou Y. Não é o paciente com essa ou aquela doença. O prontuário busca esse resgate, trazendo nome carinhoso, apelido, gostos, preferências e a história. São essas doses de amor e afeto que fazem muita diferença”, contou ela.

O prontuário afetivo não é o único projeto do HMS que visa a medicina humanizada. A unidade do hospital tem outra iniciativa, chamada “Os Três Desejos”, onde médicos e enfermeiros questionam os pacientes sobre coisas que gostariam de fazer, ou que sentem falta de quando faziam.

Entre respostas que vão desde ver o pôr do sol até encontrar os animais de estimação que ficaram em casa, os profissionais de saúde humana buscam realizar os desejos de seus pacientes. A meta é cumprir o máximo possível de vontades, sendo no mínimo três por paciente, em referência ao conto dos três desejos de Aladdin.

Um dos pacientes que recebeu o novo tratamento foi Rogério dos Santos, ou Júnior, como prefere ser chamado. O homem de 31 anos está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por um quadro de diabetes, e preencheu o prontuário afetivo em seu atendimento.

Entre perguntas como “como quer ser chamado?”, “qual a sua música predileta?”, “o que gosta de fazer?” e “tem um sonho?”, Júnior contou que gosta de pescar, ler e escrever. Desde então, as enfermeiras que o atendem leem a ficha e sabem sobre o que falar para se conectar com ele. “Fui tratado com muito carinho. Com certeza, esse tratamento ajuda na melhora do paciente. As enfermeiras conversando comigo sobre livros, pareciam amigas de longa data”, contou ele.

Quadro de prontuário afetivo do HMS
Quadro de prontuário afetivo do HMS Crédito: Otávio Santos/Secom PMS

No caso de Júnior, sua acompanhante, a esposa Eliene Bonfim, participou da dinâmica, comentando sobre os interesses do marido. A gente está acostumado com aquele monte de perguntas sobre sintomas, sobre doença. Agora, além disso, nos perguntam sobre como nos sentimos, o que gostamos. Coisa de primeiro mundo”, disse.

O HMS sempre teve foco no atendimento humanizado, e vem intensificando a prática nos atendimentos em parceria com a Santa Casa de Misericórdia da Bahia, que atende uma média de 12 mil pacientes e realiza 500 cirurgias por mês.

Para Gustavo Mettig, diretor geral do HMS, o projeto do prontuário é feito de perguntas simples, mas que fazem toda a diferença na abordagem. “Em posse das respostas, nossa equipe consegue se aproximar dos pacientes, possibilitando um atendimento mais humano e, consequentemente, fazendo com que a estadia no hospital seja breve e menos sofrida possível”, comentou.

O programa de medicina humanizada é aplicado na UTI e nas unidades de atendimento adulto, mas a meta da unidade é que, em breve, o projeto chegue também à área de pediatria. Assim, crianças também se tornarão nomes por trás dos casos, e terão desejos realizados mesmo durante períodos de internação.