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Adriano Souza Santana, 46 anos, foi atingido por disparos de arma de fogo na Rua Djalma Sanches
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2023 às 16:04
Um homem foi morto a tiros no bairro de São Marcos, em Salvador, na noite de segunda-feira (20). Adriano Souza Santana, 46 anos, foi atingido por disparos de arma de fogo na Rua Djalma Sanches. Ele era irmão do PM Marcelo Souza Santana, morto em setembro por outro policial, após confundir o colega com um assaltante.
Em nota, a Polícia Militar informou que foi acionada para atender à denúncia em São Marcos. Ao chegarem, os PMs constataram o fato, mas a vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no local, que foi isolado para a realização de perícia pelo DPT.
Não há dados quanto à autoria e à motivação, que estão sendo investigadas pela Polícia Civil.
Dois policiais militares e um suspeito morreram em uma perseguição no dia 27 de setembro, no bairro do IAPI. O caso se iniciou após um carro de aplicativo ser roubado. Os policiais foram identificados como Anderson de Souza Santana e Marcelo Santana. O primeiro chegou a ser socorrido ao Hospital Ernesto Simões Filho e o segundo para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não sobreviveram.
Segundo a Polícia Militar, por volta das 19h30, PMs do Batalhão Gêmeos faziam monitoramento contra roubo de ônibus na região da Avenida San Martin quando notaram um motorista de um Siena branco em atitude suspeita. Em um carro despadronizado, os policiais passaram a seguir o veículo à distância, pedindo apoio de uma equipe padronizada do próprio Batalhão para fazer a abordagem.
Os suspeitos notaram que eram seguidos e acabaram batendo no fundo de um ônibus na ladeira do IAPI. Logo após o acidente, dois homens saíram do carro correndo para direções diferentes. Um homem ficou, se identificou como motorista de aplicativo e contou que tinha sido vítima de assalto e levado pelos bandidos junto com o carro.
Os PMs seguiram na busca dos suspeitos. Já na região da Santa Mônica, pediram apoio da equipe da Rondesp BTS. Com a aproximação dos policiais, houve troca de tiros com um dos suspeitos, que foi baleado e foi socorrido, mas morreu no Hospital Ernesto Simões Filho.
Uma equipe em viatura despadronizada foi informada da localização do outro acusado. Um PM identificado como Soldado Santana, buscando chegar logo ao local, segundo a corporação, foi de moto-táxi para o bar, que fica na Rua Astrozildo Sepúlveda, no IAPI. Lá estava, fora de serviço, o outro policial militar, Anderson. Ao ver o PM dando de voz para o suspeito se render, acreditando se tratar de um assalto, o PM de folga sacou a arma e iniciou uma troca de tiros. Os dois PMs e o suspeito foram baleados.
O PM que trabalhava foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde passou por cirurgia, mas morreu. O PM que estava de folga foi levado ao Ernesto Simões FIlho, onde também morreu. O suspeito, que usava uma tornozeleira eletrônica, teve morte confirmada dentro do próprio bar.
Marcelo Santana, que estava em serviço quando foi atingido, tinha 42 anos e era soldado lotado na inteligência do Batalhão Gêmeos, que atua no combate a roubos em transporte público. Morador do bairro de São Marcos, ele fazia ações sociais para ajudar jovens e era mestre de karatê. Segundo afirmam os familiares, em outubro, já havia sido confirmada uma ação social coordenada por ele para o Dia das Crianças.
Conhecido pelo sobrenome Santana, Marcelo era casado com Girlene Santana e pai de quatro filhos. Fruto do casamento, os dois tiveram um casal, e ganharam, anos depois, duas filhas que foram acolhidas e adotadas por ambos após a morte da mãe – prima da esposa de Marcelo. Natural de Tucano, a 267 km de Salvador, o policial morou por anos em Euclides da Cunha, no norte do estado, até trazer toda a família para a capital.
A carreira militar de Marcelo começou em 2008, embora sua trajetória para se tornar um soldado tenha começado muito antes. Prima de Girlene, a aposentada Luciene Cerqueira, 65, conta que Marcelo sempre teve o sonho de ser policial. “Ele estudou muito, perdia noites em busca do que queria. Era a vontade dele ser policial, com todo orgulho. Quando passou, ficou muito feliz e abraçou a profissão. Muita gente quer ser polícia porque acha bonito, mas na cabeça dele não era assim. Ele foi para defender e cuidar de todos”, diz.
Discreto, o policial evitava até mesmo falar com familiares e conhecidos quando estava de farda para preservar a segurança deles. “Era um homem íntegro. Ninguém tinha nada de ruim para dizer dele, porque ele era muito protetor. Às vezes, as pessoas usam a farda para se promover, mas ele, quando nos via na rua, só piscava. Isso era para que bandidos não soubessem quem éramos e não mexessem com a gente. Ele era desse nível. Ajudava a todos a ponto de me pararem na rua para dizer ‘Marcelo me defendeu’ e, até o último momento, ele lutou pela segurança de todos nós”, completa Luciene.
Marcelo chegou a ser socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
Anderson de Sousa Santana, que estava fora de serviço quando avistou Marcelo e acreditou que ele fosse assaltar o suspeito, era soldado do Batalhão de Guarda da Polícia Militar. Morador do bairro do IAPI, ele também fazia trabalhos sociais em comunidades, ao lado do vereador de Salvador, Sandro Bahiense.
Na sua rotina fora do trabalho, era comum ajudar os moradores do IAPI na regulação e marcação de consultas, assim como auxiliar jovens e adolescentes a fugirem da criminalidade por meio do esporte. Tal como Marcelo, ele já estava planejando uma nova ação para o Dia das Crianças.
Apelidado carinhosamente de Sinho, Anderson era definido como um homem ligado à família. Além de iniciativas de solidariedade, a família afirma que o que ele gostava de fazer era trabalhar como policial. “Ele sempre estava no bairro, onde nasceu e se criou, fazendo solidariedade. Ele também gostava de ser policial e morreu sendo um”, ressaltou o vigilante de prenome Valtécio, 40, primo do PM.
A carreira do soldado começou em 2009 na Polícia Militar, quando ingressou na Cavalaria. Depois, foi transferido para a 47ª Companhia Independente da PM, radicada em Pau da Lima. Anderson era casado e tinha uma filha que, curiosamente, se chama Marcela – mesmo nome do outro PM morto e de seu filho, Marcelo Jr.
Segundo a PM, Anderson chegou a ser levado ao Ernesto Simões Filho, mas não resistiu e morreu.