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Maysa Polcri
Publicado em 3 de julho de 2025 às 14:56
Os dois irmãos feridos na explosão de uma fábrica ilegal de fogos de artifício em Maragogipe, no Recôncavo baiano, morreram após ficarem hospitalizados. O mais velho, David Miguel de Jesus Batista, 25, morreu na quarta-feira (2), após passar sete dias internado. Seu irmão mais novo, João Vitor, de 17 anos, faleceu no dia 30. Ambos trabalhavam com a fabricação ilegal de espadas na zona rural da cidade e foram vítimas da explosão no dia de São João (24). >
O Ministério Público do Trabalho (MPT) anunciou nesta quinta-feira (3) que abriu investigação para apurar o caso. De acordo com o órgão, o principal desafio do inquérito é identificar o responsável pela fabricação que colocou as vítimas em risco. O episódio aconteceu na comunidade de Samambaia, na zona rural da cidade. >
Os ferimentos foram tão graves que um dos irmãos precisou ser transferido por uma equipe do Grupamento Aéreo da Polícia Militar da Bahia (Graer) para Salvador. O outro também foi trazido para a capital, mas de ambulância. A Polícia Civil da Bahia informou que o caso é investigado pela Delegacia de Maragogipe. Testemunhas estão sendo ouvidas e provas são coletadas para determinar as causas da explosão.>
O procurador Ilan Fonseca, que integra as ações de combate aos fogos clandestinos na Bahia, deu detalhes sobre as condições de trabalho dos jovens. As investigações preliminares apontam que eles eram os únicos que trabalhavam no local. "Era um casebre antigo e com condições precárias. A fabricação era de espadas juninas de forma precária e muito improvisado, como costuma acontecer em outras cidades como Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas", explica. >
Veja imagens de fábrica de espadas onde irmãos morreram em explosão
Laudos periciais estão sendo realizados e deverão indicar o que provocou a explosão. A suspeita, segundo o procurador, é que o acidente tenha sido causado pelo uso de uma substância componente da pólvora utilizada na fabricação dos materiais. "As espadas vêm sendo feitas através do uso da pólvora, fabricada através do nitrato de potássio. A substância é utilizada em fertilizantes nas fazendas e é encontrada facilmente na região", afirma Ilan Fonseca. >
Uma série de ações conjuntas realizadas este ano pelo MPT e pela polícia apreendeu 2,8 milhões de fogos ilegais e realizou duas prisões na Bahia. A repressão à atividade busca evitar que novas mortes continuem a ocorrer. De acordo com Ilan Fonseca, uma média de quatro pessoas morrem todos os anos no estado vítimas de explosões desse tipo. O caso mais emblemático aconteceu em 1998, quando 64 pessoas morreram em uma explosão em Santo Antônio de Jesus.>
Uma ação civil pública contra o principal empresário do setor, Gilson Froes Prazeres Bastos, filho do dono da fábrica que explodiu no final da década de 1990, busca uma indenização à sociedade e impedir a prática clandestina. Gilson, seus sócios e suas empresas estão proibidas de fabricar fogos de artifício, por uma decisão da 24ª Vara do Trabalho de Salvador. Nas operações deste ano, o órgão flagrou o descumprimento e cobra atualmente as multas previstas na Justiça.>