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Maysa Polcri
Publicado em 10 de julho de 2024 às 08:00
Se você é tutor de gato e seu animal tem acesso às ruas, é preciso ficar atento. Os casos de esporotricose vem aumentando nos pets e nas pessoas nos últimos dois anos na Bahia. Até esta terça-feira (9), foram registrados 380 casos em humanos no estado este ano. A doença é causada por fungos e os sintomas mais característicos são lesões que demoram para cicatrizar, especialmente na cabeça de felinos. >
Os dados foram disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), a pedido da reportagem. A esporotricose era considerada uma doença rara no estado até 2018, quando os primeiros casos apareceram em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. A partir daí, houve disseminação e a esporotricose passou a integrar a Lista de Doenças de Notificação Compulsória de Interesse Estadual, em março do ano passado. >
Apesar de serem mais comuns em gatos, os cachorros também podem se infectar com os fungos do gênero Sporothrix. Os animais de estimação se contaminam através do contato com solo e vegetação onde os fungos estão presentes. Um animal pode transmitir a doença para o outro e para os seres humanos. Por isso, os pets infectados devem ser isolados de outros animais. Não existe vacina para a doença. >
O médico veterinário Fernando Oliveira, dono da clínica Diagnovet, conta que vem percebendo o aumento do número de atendimentos de animais com a doença desde o ano passado. Só na última semana, três casos diferentes de esporotricose apareceram no consultório. Ele alerta para que os tutores estejam atentos às lesões nas peles de gatos e cachorros. >
“A lesão é degenerativa e vai tomando proporções. Isso abre portas para outras patologias, seja uma infecção mais grave, presença de larvas ou até necrose óssea com perda do membro lesionado”, explica Fernando Oliveira sobre o desenvolvimento da doença. Animais com acesso às ruas estão mais sujeitos a contaminação, inclusive, pelo contato com outros animais. “A maior parte das lesões ocorrem na cabeça porque os gatos, quando brigam, se machucam nessa parte do corpo”, completa. >
Em caso de pets com os sintomas, os tutores devem levar os animais para receber atendimento especializado. As pessoas devem utilizar luvas e higienizar os objetos utilizados pelos animais para se prevenir da contaminação pelo fungo. >
Fernando Oliveira
Médico VeterinárioSegundo a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), 318 animais já foram identificados com esporotricose neste ano na cidade. Em todo o ano passado, foram 993 ocorrências. “O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) realiza orientações para prevenção, avaliação de animal suspeito, diagnóstico citológico e fornecimento de tratamento para os tutores de baixa renda”, ressalta a SMS. Casos de animais suspeitos devem ser relatados ao CCZ pelo disque 156. >
O tratamento é o mesmo para humanos e animais: medicamentos antifúngicos. A evolução dos quadros infecciosos pode ser fatal para os pets e para os tutores. Quem explica é o médico infectologista Fábio Amorim. “Pacientes que tenham comorbidade, especialmente, podem ter infecções cada vez mais graves, que podem alcançar os pulmões e evoluir para uma infecção fúngica disseminada”, explica. >
Os animais só são considerados curados da esporotricose quando realizam, ao menos, quatro testes negativos para a doença, segundo o veterinário Fernando Oliveira. O teste é feito através da cultura micológica, quando o fungo é isolado de uma biópsia da lesão. Em geral, o tratamento completo dura entre seis e dez semanas. >