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Yasmin Oliveira
Publicado em 27 de novembro de 2023 às 23:29
Os zoológicos de Salvador, na Bahia, e Itatiba, em São Paulo, realizaram um match entre suas harpias, através do programa de manejo cooperativo. As aves em extinção foram pareadas por um especialista na espécie baseado em sua genética. A harpia macho passará a viver permanentemente no zoológico de Salvador.>
Os zoológicos realizam o manejo cooperativo entre instituições em busca de preservar as espécies em extinção, como o mico-leão de cara dourada, onça-pintada, lobo-guará e cervo do pantanal. >
A espécie é criticamente ameaçada de extinção pela perda dos habitats. As harpias são animais da Mata Atlântica e é comum no sul da Bahia. Esses animais fazem seus ninhos em árvores com mais de 30 metros de altura.>
Com expectativa de que os animais copulem, o zoológico de Salvador está realizando a adaptação da harpia macho em um novo habitat. Atualmente, ele está em um recinto de aclimatação que fica ao lado do recinto da fêmea. Os animais conseguem se ver pela tela e ouvem a vocalização um do outros.>
“Essa é a primeira etapa de aproximação, vai levar alguns meses para que ele fique sozinho com ela no recinto. Essa é uma ação criteriosa, que fazemos ao observar o comportamento da fêmea e observando o comportamento do macho, porque nessa espécie a fêmea é muito maior que o macho”, conta Anna Celly, bióloga e gestora do zoológico da capital baiana.>
Nas harpias, a fêmea é o dobro do tamanho do macho e o risco de acelerar esse contato pode até perder o macho em um ataque. Por ser o maior rapinante das Américas e a mais forte do mundo, ela possui sua força nas garras e bico. A fêmea pode chegar até dez quilos, enquanto o macho chega apenas a seis quilos.>
A equipe do zoológico está observando para ver como o comportamento dos animais irá mostrar sua aproximação para que a copulação ocorra. Isso pode levar entre dois meses a um ano.>
“A expectativa é que eles sejam um casal viável reprodutivamente e que os ovos eclodam filhotes. Se eles não tiverem ovos, eles vão ficar juntos para o resto da vida e a gente já não vai ter mais essa expectativa de nascimentos, vamos mantê-los juntos por uma questão de bem-estar, porque não são animais solitários”, explica a gestora.>
A bióloga explica que o cativeiro ajuda na proliferação da espécie porque a fêmea pode colocar até três ovos, mas só um filhote vinga na natureza. Quando esses ovos nascem em cativeiro, o zoológico faz com que os três filhotes sobrevivam, pois eles passam mais de um ano sob o cuidado dos pais e levam quase cinco anos até chegar à plumagem de adulto.>
*Com orientação da subeditora Monique Lôbo>