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Larissa Almeida
Publicado em 25 de outubro de 2024 às 06:00
Quatro das cinco vítimas que morreram no acidente envolvendo o avião do modelo Embraer-121 Xingu eram baianas e a quinta pessoa também vivia no estado. De acordo com João Ferreira Borges, 68 anos, o irmão Joseilton Borges trabalhava como mecânico de aeronaves há 36 anos e tinha viajado para Florianópolis com o objetivo de fazer a manutenção de um avião da empresa. Essa era uma atribuição comum que o mecânico não só já estava acostumado, como também gostava. >
“Ele estava na Abaeté há três anos e nunca teve problema nenhum, ao longo da carreira, com voos. Quando alguém falava, ele dizia que era mais confiante no avião do que em um carro. Era apaixonadíssimo pela aviação, nasceu para isso”, afirma. >
Quando não estava trabalhando, Joseilton dividia o tempo entre a família, os amigos e o ativismo. Ele era casado, pai de duas filhas e presidente do Sindicato dos Aeroviários da Bahia (Sindiaero-BA). Para João, era também um excelente irmão e pessoa. “Ele estava sempre disposto para todos que gostavam dele. Era uma pessoa sempre alegre, que nunca negou nada para ninguém. A rua de casa hoje dobrou de pessoas querendo dar apoio, porque gostavam dele. É muito triste não ter mais ele perto”, frisa. >
A amiga Rebeca Bandeira, uma das fundadoras do Sindiaero-BA ao lado de Joseilton, a vereadora Luciana Tavares e o ativista Kleber Sales, lamentou a morte do companheiro de luta trabalhista. “Ele trabalhou muito em favor da classe trabalhadora. Era um homem muito íntegro e honesto. Eu recebi de forma muito pesarosa a notícia do falecimento dele. Abalou meu dia, porque eu o tinha como um amigo e irmão”, pontua. >
A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB), que conhecia Joseilton da luta sindical, prestou homenagem nas redes sociais. “Lamento profundamente a morte do camarada Joseilton Borges, carinhosamente conhecido como Bicudo [...]. Era uma figura alegre, de luta, que estava animado com o progresso em sua carreira. Sempre teve consciência da importância de participar das lutas sindicais de transformação social. A perda é grande e dolorosa”, escreveu no Instagram. >
Copiloto sergipano escolheu Salvador para viver >
O copiloto Dulcival da Conceição Santos, 39 anos, nasceu em Sergipe, mas morava em Salvador. Ele tinha conquistado há pouco tempo o sonho de ser piloto, que cultivava desde a infância. Antes disso, trabalhou desde cedo para bancar os estudos e, por um tempo, foi vendedor de livros em uma empresa. De acordo com a prima Eliane, 30 anos, a aviação e a família eram as prioridades da vida dele. >
“Os olhos dele brilhavam quando ele contava cada voo que fazia. Sempre andava feliz, tinha uma relação muito boa com a família. [...] Era um homem honesto, cuidava muito bem dos pais e fazia questão de, mesmo morando em Salvador, ir em Sergipe ver os pais ou buscá-los”, conta. >
As últimas publicações de Dulcival no aplicativo de mensagens do WhatsApp foram feitas no dia do acidente. No status, ele compartilhou fotos em homenagem ao Dia do Aviador. Uma delas dizia ‘Pra muita gente, o céu é o limite. Pra quem é da aviação, o céu é o lar”. >
O que se sabe sobre as outras vítimas >
Além de Joseilton e Dulcival, estavam a bordo do avião comandante Jefferson Rodrigues Ferreira, 36 anos, a médica Sylvia Rausch Barreto, 31, e o enfermeiro Erisson Silva da Conceição Cerqueira, que não teve a idade divulgada. >
Erisson trabalhava como enfermeiro do Hospital Português, mas tinha pelo menos dois outros trabalhos paralelos. Ele era solteiro e não tinha filhos. Na tarde desta quinta-feira (24), o hospital emitiu uma nota de pesar pela morte dele. >
"Com grande pesar, comunicamos o falecimento de Erisson Silva da Conceição Cerqueira, Enfermeiro III, do setor UTI 4, na última quarta-feira (23/10). Erisson será lembrado por sua dedicação, profissionalismo e pelo cuidado com os pacientes, deixando um legado de empatia, compromisso e excelência no cuidado à saúde", disse o comunicado. >
A médica Sylvia Rausch Barreto, 31 anos era natural de Pedra Azul (MG), mas morava desde criança em Salvador. Ela se formou pela Unime. Era solteira e, além de médica, era sócia de uma loja de eletrônicos. A reportagem tentou contato com pessoas próximas à vítima, mas não obteve retorno. >
O comandante Jefferson Rodrigues Ferreira, 36 anos, era natural de Guanambi, no sudoeste baiano. Ele era casado, não tinha filhos e era piloto há 13 anos. A reportagem também não conseguiu falar com familiares de Jefferson.>