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Gil Santos
Publicado em 28 de novembro de 2023 às 15:31
Quando o verão chega fica difícil de caminhar pelas ruas do Pelourinho, em Salvador, devido a multidão. As ruas e casarões do tempo colonial são o principal cartão postal da cidade e atraem turistas do Brasil e de outras partes mundo, mas moradores e trabalhadores do Centro Histórico estão com medo de que a criminalidade aumente na mesma proporção. No último verão, a polícia precisou intensificar as ações depois de uma onda de assaltos e agressões na região. >
A situação ficou tão crítica que a Prefeitura resolveu criar um distrito específico para o Centro Histórico, mudou a sede da Guarda Municipal para o bairro e anunciou 100 agentes a mais para reforçar a segurança. Nesta terça-feira (28), uma promotora de vendas que mora há 20 anos no bairro, e que pediu para não ser identificada, contou que a chegada da estação mais quente do ano é motivo de alegria e de incerteza ao mesmo tempo. >
“A gente fica feliz porque com o aumento do movimento teremos mais clientes, o faturamento aumenta, mas por outro lado cresce também a ação dos bandidos. De crime, o que a gente mais vê é furto e assalto. A maioria [dos criminosos] é usuária de drogas, são pessoas que roubam para poder trocar por uma pedra de crack ou algo pior”, afirmou. >
Ela contou que alerta os clientes sobre ter cuidado com aparelhos, como celular e câmeras fotográficas, e evitar transitar em ruas pouco movimentadas. O presidente da Associação do Centro Histórico Empreendedor (Ache), José Yglesias Garcia, contou que a maioria das ocorrências praticadas contra os lojistas está relacionada a furtos. >
“A situação da segurança pública melhorou bastante, mas o Centro Histórico tem uma questão muito particular. São raros os crimes de homicídio ou a mão armada, como acontece em outras regiões da cidade, o mais comum são furtos de correntes de ouro e de celulares. Muitos são menores de idade, que estão amparados pela legislação, e tem os dependentes químicos que também é um problema”, afirmou.>
Para os comerciantes outra dor de cabeça são os furtos de cabos para retirada do cobre. No ano passado, o CORREIO fez uma matéria sobre os impactos desse crime, nem mesmo equipamentos públicos, como o Cine Glauber Rocha e a Câmara Municipal, foram poupados. Para o casal de turistas André e Amanda Bianchi, naturais de São Paulo, os problemas do Centro Histórico de Salvador são os mesmos de toda cidade grande. >
“Vimos alguns dependentes químicos quando chegamos e fomos abordados por pedintes. Isso é muito comum em outras cidades, infelizmente é uma realidade em todo o Brasil, mas esperamos que o poder público não naturalize essas questões. O Pelourinho é tão lindo e tão rico culturalmente, então, precisa ser preservado e cuidado”, disse Amanda.>
Operação verão >
Nesta terça-feira, o Governo do Estado fez dois eventos para marcar o lançamento da Operação Verão, período de novembro a março em que a polícia intensifica as ações, principalmente nas áreas turísticas do estado. O governador Jerônimo Rodrigues (PT) contou que cerca de seis mil policiais militares, civis e técnicos, além de bombeiros, realizarão ações preventivas, ostensivas, de investigação e resgate.>
“Em momento algum, nos últimos meses, nós paramos de fazer operação. Polícia Militar e Polícia Civil em parceria com a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária estão fazendo apreensão de drogas, de armas e de criminosos. Só na Operação de Verão deste ano o investimento será cerca de R$ 27 milhões, com entrega de viatura para Salvador e para o interior, além do reforço no policiamento e novos equipamentos”, afirmou. >
O lançamento da operação foi realizado no Farol da Barra e no Terreiro de Jesus, ambos com a entrega de viaturas. Haverá, neste período, um incremento mensal de 4.500 policiais militares, em esquema de plantões extras para aqueles que estão de folga, que totaliza investimento de cerca de R$ 2,7 milhões. >
Cerca de R$ 22 milhões foram investidos em 125 viaturas (carros, motos e bases móveis) e quatro botes rígidos de salvamento. O secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, contou que o investimento na Operação Verão foi maior que a do ano passado.>
“É um esforço grande de investimento para que a gente possa fazer uma grande operação. A expectativa é muito grande de recorde de público nas festas de largo e no Carnaval, estamos com um percentual na rede hoteleira maior que os últimos dois anos, então, a gente precisava usar as ferramentas para proporcionar mais segurança aos turistas, sejam eles baianos e brasileiros, seja eles estrangeiros”, afirmou. >
Ele contou que o atendimento virtual da Polícia Civil vai operar em inglês e espanhol para atender os turistas. O contato é o WhatsApp (71) 99973-7729. A Delegacia de Proteção ao Turista da Polícia Civil e o Batalhão Especializado de Polícia Turística da PM já possuem profissionais que falam diversos idiomas. >
Estrutura >
As viaturas de duas e quatro rodas serão empregadas nos pontos turísticos, no patrulhamento em regiões com hotéis e pousadas, nas principais vias e também no entorno dos grandes eventos. Já as embarcações ajudarão na fiscalização preventiva nas praias, em regiões com rios e também lagos.>
Já o Sistema de Reconhecimento Facial estará presente nos principais pontos turísticos dos municípios. Câmeras fixas e móveis serão empregadas para auxiliar na localização de pessoas com mandado de prisão expedido pelo poder judiciário. >
Em 2023, o RF ajudou na captura de 617 pessoas. Cerca de 80% delas eram procuradas por homicídio, tráfico de drogas, estupro e roubo. Desde a sua implantação, em dezembro de 2018, a tecnologia da SSP localizou 1192 foragidos da Justiça.>
As força estaduais realizarão ações especiais na Baía de Todos os Santos, nas Costas do Dendê, dos Coqueiros, das Palmeiras, do Cacau, do Descobrimento e das Baleias, além da Chapada Diamantina, nos Lagos do São Francisco (Norte) e Caminhos do Oeste, entre outros sítios turísticos.>