Mudanças climáticas podem deixar flores até 80% mais caras para o Dia das Mães

Vendedores importam rosas vermelhas de outros países para driblar escassez do produto

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  • Maysa Polcri

Publicado em 10 de maio de 2024 às 05:15

 A data é considerada o “Natal” da floricultura brasileira
A data é considerada o “Natal” da floricultura brasileira Crédito: Marina Silva/CORREIO

As variações de clima, com ondas de calor extremo e grande volume de chuvas, atrapalharam a produção de flores no Brasil. Itens como rosas, astromélias e lírios estão em falta no mercado e os vendedores têm importado flores de países da América do Sul para garantir a venda neste Dia das Mães - comemorado no próximo domingo (12). Com o impacto, consumidores podem encontrar produtos até 80% mais caros nas floriculturas, inclusive de Salvador.

O comerciante Wado Vieira trabalha há 52 no setor de flores e conta que a importação não é novidade. Neste ano, ele aumentou a compra de rosas vermelhas da Colômbia para evitar a falta do produto mais procurado no Dia das Mães. A data comemorativa é a que mais tem vendas no ano e corresponde a 16% do comércio anual de flores no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor).

“Vai faltar  mercadoria nacional, por isso compramos itens importados. Rosas e astromélias não estão disponíveis nem com o preço maior. Ano passado, a rosa nacional era vendida por R$ 3, a unidade, neste ano, pulou para R$ 7”, explica Wado Vieira, da Amparo Flores, localizada na Graça. No local, o preço das rosas vermelhas teve alta de 80% e a unidade custa R$ 15, com a embalagem.

Só no ano passado, o Brasil enfrentou nove ondas de calor. O estado de São Paulo, maior responsável pela produção de flores do país, foi um dos mais atingidos. Como o plantio e a colheita são sensíveis às mudanças climáticas, os produtores criam estratégias para driblar as dificuldades.

“As mudanças climáticas atrapalham, mas em uma escala menor. A maioria de flores e plantas ornamentais são produzidas em estufas, ambientes protegidos, onde luz e água são controladas. Os transtornos não são 100% evitados, mas o impacto é menor”, analisa Renato Opitz, diretor do Instituto Brasileiro de Floricultura. A produção das flores dura, em média, de 8 a 12 meses.

O Ibraflor projeta que as vendas neste Dia das Mães sejam 8% melhores do que no mesmo período do ano passado. Segundo Renato Opitz, as compras foram feitas com mais antecedência dessa vez. No sítio Filomena, em Mogi Mirim (SP), cerca de 90% da produção de flores já tinha sido vendida uma semana antes da data comemorativa.

“A cada ano, mais pessoas antecipam as compras através das encomendas. Isso é bom para o produtor e o mercado, que conseguem se programar melhor. Quem deixa para a última hora, acaba comprando mais caro”, conclui Renato Opitz. 

A administradora Camila Novais, 29, é daquelas pessoas que se programa com antecedência. O presente para o Dia das Mães já estava garantido desde a quinta-feira (9), quando encomendou um buquê de rosas vermelhas, no valor de R$ 120. “Eu cresci vendo minha mãe ganhar flores do meu pai, então, presentear dessa forma é um hábito da nossa família. Ela gosta muito, sempre fica emocionada”, diz.

Em boa parte das floriculturas de Salvador, por outro lado, a procura é intensificada nos dois dias que antecedem a data comemorativa. “Sobre a procura, a gente só consegue precisar a partir de sexta-feira (10), que é quando o movimento fica maior”, diz Gina Carvalho, que está há 25 anos no ramo. Na Max Flores, na Federação, onde ela trabalha, as flores mais vendidas no período são as rosas, flores do campo e orquídeas.