Mulher é presa por suspeita de enganar pelo menos 65 vítimas com falsas vendas de postos de trabalho

A estimativa é de que a soma dos danos causados pelos golpes seja de aproximadamente R$ 2 milhões

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  • Larissa Almeida

Publicado em 28 de maio de 2024 às 18:00

Draco
Draco Crédito: Divulgação

Uma mulher de 31 anos foi presa na noite de segunda-feira (27) por suspeita de comandar um esquema de venda de supostos cargos públicos em Salvador. De acordo com Larissa Laje, delegada titular da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), pasta vinculada à Coordenação Especializada de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Ceccor/LD), do Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco), a mulher mantinha a atividade ilícita desde 2018 na capital baiana e enganou pelo menos 65 vítimas. A estimativa é de que a soma dos danos causados pelos golpes seja de aproximadamente R$ 2 milhões.

Os falsos postos de trabalho eram oferecidos pela suspeita mediante o pagamento de quantias que variavam entre R$ 3 mil e R$ 60 mil. Conforme as investigações do Draco, na 2ª etapa da Operação SAC, a mulher se passava por servidora pública do Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde foi funcionária terceirizada e utilizava um uniforme para ter acesso aos órgãos públicos e conseguir ludibriar as vítimas.

“Começou com o SAC, que faz parte da Secretaria de Administração. Ela utilizava estacionamentos da Secretaria de Saúde (Sesab) e rondava ao redor usando uma camisa do Departamento de Polícia Técnica, transparecendo confiança por ser – falsamente – servidora pública. Ela transitava nas secretarias estaduais, principalmente. Mas também era vista em shoppings e na residência de outras vítimas”, relata a delegada.

Ainda de acordo com a titular da Darcco, o alvo da suspeita eram pessoas vulneráveis. Uma vez que as vítimas eram atraídas, ela formava um grupo de vendas e começava as transações por lá, recebendo dinheiro sem que nenhum cargo fosse entregue. “Ela fazia um grupo de confiança que começava com o discurso ‘se você arrumar mais cinco [pessoas], eu consigo seu emprego mais rápido’. Um dos grupos começou no SAC, mas tinha um enorme na Sesab com pessoas que trabalhavam em um hospital e outro grupo, formado por idosos que se encontravam em um shopping”, detalha.

Para cada grupo, havia a oferta de cargos compatíveis com o perfil das vítimas. Isso acontecia, segundo a delegada Larissa Laje, porque a suspeita adentrava a vida dessas pessoas para saber exatamente o que cada um queria. “Por exemplo, um grupo de pessoas que ia dar baixa no Exército. Ela sabia que essas pessoas iam ficar desempregadas e dizia ‘olha, eu vou ter um emprego que necessita dessas qualificações de vocês, mas vocês precisam me pagar um valor para eu chegar na pessoa que é responsável por essa vaga no alto escalão’. Ela ia criando uma história muito bem-feita”, aponta.

Na 1ª etapa da Operação SAC, deflagrada em abril deste ano, foram bloqueados bens em nome da suspeita e em sua residência, no bairro de Patamares, foi cumprido um mandado de busca e apreensão. No entanto, conforme apurado no inquérito policial, ela continuou tentando ocultar valores ilícitos, transferindo para contas de terceiros e utilizando uma empresa de fachada, no intuito de movimentar essas quantias.

Segundo a titular da Darcco, a suspeita inclusive recebia as vítimas na frente do seu apartamento para passar credibilidade e chegava a fazer transações financeiras com cartão de crédito na frente do prédio.

Após ser presa nesta segunda-feira, a mulher foi levada para prestar depoimento, mas preferiu se manter em silêncio. Ela será indiciada por estelionato, que tem pena prevista de um a cinco anos de reclusão, e furto qualificado, com pena de dois a oito anos de reclusão. A suspeita, que segue sendo investigada por crime de lavagem de dinheiro, passou por exames de lesões corporais e permanece presa, à disposição do Poder Judiciário.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro