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‘Mundo caótico’: Especialistas analisam a ira que leva a atitudes extremas e como manter o controle emocional

Para psicóloga e psiquiatra, a tendência à reatividade está ligada ao individualismo da sociedade atual

  • R
  • Raquel Brito

Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 08:30

“Não devemos olhar pra ninguém com julgamento, sem antes conhecer a dor que essa pessoa carrega”, diz a psicóloga Ingrid Nayan.
Psicóloga Ingrid Nayan Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

Na tarde desta segunda-feira (8), um jovem entrou para a estatística gerada pela pretensão de fazer justiça com as próprias mãos. Thiago Henrique Lopes Ferreira, de 24 anos, foi morto a tiros por um vizinho após quase atropelar um de seus cachorros. Na realidade e em produtos culturais, como as séries brasileiras Os Outros e Justiça e a norte-americana Beef, torna-se comum ver conflitos simples tomando dimensões catastróficas por conta da ira.

Segundo Milena Pondé, professora de psiquiatria na Escola Bahiana de Medicina, é inegável que a tendência a agir impulsivamente seja parte do ser humano. “Mas a gente sabe também que o ser humano não é puramente instinto, como os animais. A natureza da gente é toda moldada pela cultura, então claro que os valores éticos que predominam numa cultura vão também nortear o comportamento da gente", afirma.

Ela afirma que o aumento visível da impulsividade na sociedade atual está relacionado à predominância do individualismo. Com isso, as pessoas ficam mais sozinhas e tendem a se apegar a animais e bens materiais em detrimento de outras pessoas.

“E eu acho que existe um agravante atualmente, que é essa confusão entre a fantasia e a realidade. Existe todo um mundo virtual onde tudo pode, onde os jogos de violência, a mentira, os perfis falsos e as notícias falsas correm soltas. Então não existe nenhuma valorização da verdade nesse mundo virtual, que é um mundo em que as pessoas ficam escondidas e esquecem que no mundo real são vidas reais, porque os valores se confundem”, adiciona.

A psicóloga Ingrid Nayan ressalta que deve haver uma avaliação psicológica em cada caso para definir os motivos de atitudes impulsivas. “O mundo em si está muito caótico. As emoções estão afloradas e a reatividade se torna ainda mais comum. Essa reatividade pode vir de várias questões emocionais, provenientes do estresse diário, familiar e o desgaste emocional”, diz.

Como manter a tranquilidade?

Para Nayan, os primeiros passos na tentativa de manter o controle emocional nos dias atuais são reconhecer que precisa de auxílio e ter uma rede de apoio para enfrentar as adversidades. “O acompanhamento psicológico e em alguns casos o acompanhamento psiquiátrico, porque às vezes é necessário a intervenção medicamentosa”, indica.

Segundo Pondé, são necessárias também mudanças de hábitos. “Uma coisa que favorece muito o aumento de endorfinas, de substâncias que tranquilizam, é a atividade física. Então a atividade física sempre é algo recomendável na vida das pessoas, porque relaxa, enche o organismo de endorfina e acalma”, afirma.

Além disso, ela aponta a redução do consumo de alimentos oxidantes e industrializados, assim como do consumo de açúcar em excesso, drogas, álcool e hormônio para melhora de desempenho, como pontos cruciais.

De acordo com a psiquiatra, alimentos disponíveis de forma rápida configuram uma alimentação que estimula a presença de estresse oxidativo no cérebro e aumentam a irritabilidade. “Excesso de açúcar, bebida alcoólica e drogas, isso acentua a impulsividade. Então, as recomendações principais são que a pessoa se volte para uma vida com menos agentes químicos”, diz.

Entre esses agentes, ela enumera os psicoestimulantes, usados para melhorar a concentração e o desempenho, e hormônios, como a testosterona. “Tudo isso estimula a agressividade e a impulsividade, então é preciso que a gente reveja o consumo de substâncias que acentuam esses fatores”.

*Com orientação de Fernanda Varela.