SAÚDE

Mutirão de Dor Lombar chama a atenção para doenças raras

Reumatologistas destacaram a importância de buscar atendimento precoce

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  • Gil Santos

Publicado em 10 de maio de 2024 às 15:05

Mutirão aconteceu nesta sexta (10)
Mutirão aconteceu nesta sexta (10) Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A auxiliar de cozinha Andreia Souza, 43 anos, tem uma dor na coluna que a impede de trabalhar e, apesar de tomar inúmeras medicações, ela não consegue nem dormir direito. Nesta sexta-feira (10), ela foi uma das pacientes que procurou atendimento no ‘Mutirão de Dor Lombar’, uma iniciativa da Clínica IBIS, em parceria com a Faculdade ZARNS de Medicina, com objetivo de facilitar o diagnóstico precoce e o tratamento da espondilite anquilosante.

A doença é autoimune, sem cura e pouco conhecida. Ela afeta principalmente a coluna vertebral. Andreia começou a sentir as primeiras dores há dois anos, fez diversos exames e descobriu que tem duas hérnias de disco. A auxiliar de cozinha buscou ajuda porque não conseguia consulta com especialistas e se sentia imobilizada por causa da dor.

“Fiquei impedida de trabalhar por conta das dores e também da falta de atendimento, porque para conseguir um médico reumatologista é muito difícil, e até no particular a gente não consegue. Estou, por exemplo, com uma requisição para 2025. Quando vi na imprensa que teria esse mutirão e larguei tudo para vir buscar ajuda”, contou.

Ela já passou por diversos especialistas, mas foi no mutirão que teve a primeira consulta com um reumatologista. A médica Emanuela Pimenta, que avaliou os exames de Andreia, contou que a ação foi desenvolvida em alusão ao Maio Roxo, mês que busca chamar atenção para as doenças especiais, como é o caso da espondilite anquilosante, e frisou a importância do diagnóstico precoce.

“São pacientes que passam por vários especialistas e que não conseguem diagnosticar, porque é uma doença rara, mas os reumatologistas conseguem fazer o diagnóstico. O mutirão é para acolher esses pacientes que estão com a dor lombar de longas datas, diagnosticar e fazer o acompanhamento. É uma doença autoimune, tem fatores genéticos e ambientais, não se sabe a causa ao certo”, afirmou a reumatologista.

As principais vítimas são homens e jovens. Ela causa dor lombar e pode acometer outras regiões como inchaço nos tornozelos, na planta dos pés e causar inflamação nos olhos. O diagnóstico da espondilite anquilosante pode ser desafiador e muitas vezes requer uma combinação de histórico clínico e familiar, exames físicos e de imagens, como radiografias e ressonância magnética, e testes laboratoriais.

O tratamento é realizado com medicamentos feitos utilizando o que há de mais avançado em biotecnologia e que agem especificamente nas substâncias responsáveis pela inflamação. São chamadas terapias biológicas. O reumatologista da IBIS, Dr. Rafael Carvalho, explica que a efetividade do tratamento está diretamente relacionada ao tempo de acometimento pela doença.

“A descoberta precoce é capaz de restabelecer a mobilidade, evitar a progressão e garantir uma ótima qualidade de vida aos pacientes”, afirma o médico.

Na fase avançada a doença provoca a redução do movimento da coluna vertebral, desde a região lombar, podendo afetar até a cervical. O indivíduo pode ter um grande impacto nas atividades do dia-a-dia, como dificuldade para pegar um objeto no chão ou entrar e sair de um carro, por exemplo. O Maio Roxo promove a conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), Lúpus, Fibromialgia, entre outras. O mutirão fez cerca de 100 atendimentos.