Netflix? Alexa? Baianos estão entre os que menos consomem streaming e dispositivos inteligentes no país

Estado tem a 4ª menor proporção de domicílios com serviços de streaming e a 3ª menor proporção de domicílios com dispositivos inteligentes

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  • Millena Marques

Publicado em 9 de novembro de 2023 às 18:57

Apenas 30,1% dos domicílios baianos tinham serviço de streaming em 2022
Apenas 30,1% dos domicílios baianos tinham serviço de streaming em 2022 Crédito: Reprodução

Apesar do sucesso evidente das plataformas de streaming ao redor do mundo, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovou que baianos são os brasileiros que menos consomem tais serviços e outros dispositivos inteligentes. Os dados do módulo sobre Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) apontam que Bahia tem a 4ª menor proporção de domicílios com serviços de streaming e a a 3ª menor proporção de domicílios com dispositivos inteligentes.

Em 2022, 1,5 milhão dos 4,9 milhões de domicílios baianos com televisão possuíam algum serviço pago de streaming de vídeo, o que representa 30,1% das residências. O índice baiano era superior somente aos registrados nos estado do Maranhão (28,2%), Piauí (27,4%) e Paraíba (26,2%). A taxa baiana é 13,3% menor do que a nacional, de 43,4%. No Brasil, 31 milhões dos 71,49 milhões de domicílios com o aparelho de TV tinham acesso a tal serviço.

Com 62,2%, o Distrito Federal liderava o ranking de consumo de streaming, seguido de Santa Catarina (56,7%) e Rio de Janeiro (51,6%).

Quando abrange o número de domicílios baianos que utilizavam dispositivos inteligentes, os dados são ainda mais tímidos: o estado tem o 3º menor percentual do país, à frente apenas de Maranhão (6,9%) e Roraima (6,4%). Os apetrechos tecnológicos só estavam presentes em 383 mil dos 4,7 milhões domicílios da Bahia, o que representa 8,1% do total.

De acordo com a supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros, o acesso ao streaming e aos dispositivos inteligentes está diretamente correlacionado com a renda domiciliar per capita. Isso é percebido da seguinte forma: as residências que possuem esses serviços têm um pouco mais do que o dobro da renda de domicílios que não têm acesso.

"O fator rendimento, condição de vida financeira, é importante para ter o serviço de streaming pago e é ainda mais importante para os dispositivos inteligentes. A Bahia é um estado que sempre está entre o três piores estados de renda domiciliar per capita média e renda de trabalho média do país, infelizmente, isso reflete nesses dados", explica.

Conforme os dados mais recentes do IBGE, do segundo trimestre de 2023, a Bahia tem o menor rendimento de trabalho do país, ao lado do Maranhão, com R$ 1.836. Quanto a renda mensal domiciliar per capita, o estado registrou o quinto menor índice, com R$ 1 mil. O segundo rendimento desrespeito a soma de todas as rendas dos moradores de um mesmo domicílio e divide pelo número de moradores.

Professor no Departamento de Ciência e Computação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), pós doutor na Universidade da Califórnia e pesquisador nas áreas de redes de alta velocidade e redes 5G, Gustavo Bittencourt Figueiredo associa esses números a duas razões específicas: a renda domiciliar per capita, também apontada por Viveiros, e o perfil de usuário baiano.

A busca por acesso a plataformas de streaming tem correlação direta com o entretenimento. Por isso, há uma disputa de espaço dessas plataformas com a TV aberta, que é gratuita. "Nosso estado ainda tem por hábito o consumo de TV aberta, o que reflete nesses números", pontua.

A questão social também é pontuada por Figueiredo tanto para streamings quanto para os dispositivos inteligentes. "Normalmente, é necessário pagar por um serviço de streaming. Por outro lado, não há necessidade de pagar um serviço de TV aberta. Os dispositivos inteligentes, por sua vez, são utilizados basicamente para duas aplicações: automação e segurança residencial ou empresarial. Isso está associado a domicílios que possuem maior poder aquisitivo."

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo