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"Ninguém fala mais sobre Covid, imaginei que fosse um resfriado", diz diagnosticada com a doença nesta semana

Em uma semana, casos de Covid-19 aumentam 131,3% na Bahia, aponta Sesab

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  • Millena Marques

Publicado em 2 de novembro de 2023 às 11:51

Andréa Aragão recebeu diagnóstico na última segunda (30)
Andréa Aragão recebeu o diagnóstico na última segunda (30) Crédito: Reprodução

A última coisa que passou pela cabeça da administradora Andréa Aragão, 41 anos, é que poderia estar contaminada com o vírus da Covid-19 após ter tomado três doses da vacina. Assim como tantos outros contaminados, a moradodora de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), só descobriu a doença porque trabalha em uma clínica de saúde mental e foi orientada por uma colega enfermeira a realizar um teste rápido.

"Imaginei que fosse virose, pois é o cenário que estamos vivendo, né? Ninguém fala mais sobre Covid, não fazem teste. Então não passou pela minha cabeça ser Covid. Pensei que fosse uma virose, um resfriado", conta Aragão.

Distante do auge da pandemia, os sintomas similares aos de um simples resfriado dificultaram o diagnóstico da doença, que tem se espalhado com maior facilidade na Bahia nos últimos dias.

De acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), divulgados nesta quarta-feira (1), o estado registrou 645 casos de Covid entre os dias 24 e 28 de outubro. Esse número representa um crescimento de 131,2% dos casos quando comparado à semana anterior, quando 279 casos foram registrados.

Aragão entra na lista de contaminados dias depois desse levantamento. Os sintomas de moleza no corpo, garganta inflamada e alteração de olfato e paladar se manifestaram na última sexta-feira (27), quando teve uma indisposição fora do comum. Após passar o final de semana relativamente bem, a administradora recebeu a confirmação por meio de um teste rápido, realizado no próprio trabalho, na segunda-feira (30).

Dias antes da manifestação dos sintomas, o marido de Andréa, o arquiteto Rodrigo Castro, 48, foi a uma emergência com sintomas similares. "Achei que era gripe, pois antes tinha tido uma fraca, pensei que fosse a mesma coisa. No entanto, fui piorando e acabei  ficando uns 15 dias com sintomas da tosse", disse Castro, que não chegou a realizar o teste, mas acredita que tenha passado o vírus para a esposa. 

Essa não é a primeira vez que a administradora é diagnosticada com Covid. Um ano após tomar a terceira dose do imunizante, ela foi contaminada. No entanto, a forma como o vírus atuou desta vez foi menos impactante.

"Parece ser um ciclo mais rápido, então do dia que senti o primeiro sintoma, consegui preservar minha rotina, cumprir minhas atividades. Na sequência, precisei me afastar do trabalho para não contaminar outras pessoas. Como foi mais rápido, foi mais fácil reorganizar o processo", afirmou Aragão, que já recebeu o resultado de um teste negativado na quarta-feira (1).

Esse quadro mais leve é consequência da vacina, principalmente para pessoas que completaram todo o ciclo. É o que aponta a médica infectologista Áurea Paste, coordenadora da residência de Infectologia do Instituto Couto Maia (Icom).

"A apresentação clínica atual da covid é um quadro leve. Habitualmente, um pouco de dor de cabeça, coriza, obstrução nasal, tosse seca e febre baixa. Às vezes até sem febre", explica.

Para evitar o aumento de contaminações, Paste mantém orientações já conhecidas pela população em casos gripais, que podem ser resfriados comuns, gripe, covid ou qualquer outro vírus respiratório: uso de máscaras, busca por assistência médica e evitar aglomerações.

"Se está com sintoma gripal, use máscara até ter um diagnóstico acertado. No início do quadro, há uma alta transmissão viral, porque o vírus fica na secreção respiratória. Então, tosse e espirro o disseminam com muita facilidade", pontua.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro