Número de casos de zika cresce 58,9% na Bahia

Altas temperaturas favorecem aumento de casos

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  • Maysa Polcri

Publicado em 14 de novembro de 2023 às 20:00

Visitas domiciliares da Operação Dengue são suspensas por conta da pandemia.
Nenhum óbito foi registrado este ano no estado Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Dores nas articulações, cansaço e manchas vermelhas na pele. Esses foram os sintomas que acenderam o alerta da estudante Fernanda Passos, 27, em junho deste ano. A jovem procurou atendimento médico e recebeu o diagnóstico de zika pela segunda vez. O primeiro foi há oito anos, em 2015. Fernanda representa um dos 1.724 casos da doença registrados este ano na Bahia - o que representa um aumento de 58,9% em relação ao ano passado.

Entre 1º de janeiro e 4 de novembro de 2022, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) identificou 1.079 casos prováveis de zika. O número engloba pacientes com diagnósticos inconclusivos. Neste ano, 139 municípios baianos realizaram notificação para o aumento da doença e cinco deles tiveram incidência de mais de 100 casos a cada 100 mil habitantes.

De acordo com a Sesab, as cidades com maiores incidências da doença são Itapé, Vera Cruz, Piripá, Malhada de Pedras e Barra da Estiva. Até agora, nenhum óbito em decorrência da zika foi registrado na Bahia.

Para ter a certeza do diagnóstico, é preciso realizar exames laboratoriais, como explica o virologista Gúbio Soares. “Os sintomas da zika e da dengue são muito parecidos e o diagnóstico de laboratório é essencial. Eles podem ser encontrados em postos de saúde e em farmácias”, diz.

O aumento do número de casos de zika acompanha o crescimento da quantidade de pacientes com dengue no estado. Ambos estão relacionados às altas temperaturas registradas na Bahia, que favorecem a proliferação do vetor das doenças, o mosquito aedes aegypti.

“Estamos entrando nas semanas do ano em que o número de casos deve aumentar, além da onda de calor que atinge todo o Brasil, acompanhado de chuvas”, explica Alberto Chebabo, presidente da Associação Brasileira de Infectologia.

Depois de ser diagnosticada pela segunda vez com zika, Fernanda Passos ficou de repouso e fez uso de analgésicos. “A crise foi pior do que a primeira, as dores e as manchas perduraram por mais de uma semana”, conta. Na época em que buscou assistência médica, a estudante soube que uma pessoa próxima também teve a doença. 

Fernanda Passos já havia sido diagnosticada com zika e dengue anos antes
Fernanda Passos já havia sido diagnosticada com zika e dengue anos antes Crédito: Acervo Pessoal

“Vizinhos de uma casa ao lado do meu condomínio não cortam o mato há meses e, infelizmente, a incidência de insetos aumentou muito. Não posso afirmar que eu tive zika devido a isso, mas pode ter influenciado”, afirma.

O virologista Gúbio Soares ressalta a importância de evitar acúmulo de água parada. “As temperaturas vão aumentar e é importante que a população esteja alerta para os cuidados: cobrir tanques de água e não deixar água parada em casa. Assim, os mosquitos não encontram lugar para colocar os ovos”, diz. 

Em Salvador, focos de aedes aegypti podem ser denunciados através do Fala Salvador, no número 156 ou site.