'Pablo Escobar' era alvo de operação que acabou na morte de policial federal em 2023

Investigação sobre a localização do líder da Katiara começou após morte de Lucas Caribé

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 4 de março de 2024 às 16:05

Operação começou na madrugada desta segunda-feira (4) Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Pablo Escobar, o líder da facção Katiara que foi morto em Valéria na madrugada desta segunda-feira (4), era alvo da polícia na ação que acabou na morte do policial federal Lucas Caribé. Na ocasião, porém, integrantes do Bonde do Maluco (BDM) tentavam invadir o bairro pela área de vegetação nas imediações da Estrada do Derba. Ao encontrar e entrar em confronto com a polícia, além de matar Caribé, os homens do BDM impediram o principal objetivo da ação: a localização das lideranças da Katiara.

Em coletiva de imprensa sobre os resultados da Responsio, Marcelo Werner, titular da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA), admitiu que a ação seria uma nova tentativa de chegar aos comandantes da Katiara. “Aquela operação integrada que ia ser realizada naquele dia iria atingir a área onde hoje houve o jato de operações. Então, ele [Escobar] era um dos alvos. Em razão não só da liderança, mas dele ser um perpetrador de crimes violentos e contra o patrimônio”, fala Werner, citando a apreensão de veículos que foram objetos de roubos e furtos do traficante.

Além de homicídios, Escobar tinha mandados de prisão em aberto por organização criminosa e tráfico de drogas. No fim de 2022, o traficante foi incluído no Baralho do Crime da SSP-BA, onde estão listados os criminosos mais perigosos do estado. Até então, ele figurava como o ‘Quatro de Copas’ do baralho. A partir da falha na primeira tentativa, a polícia intensificou as investigações e o estudo da área de vegetação em Valéria onde os criminosos se escondiam.

Delegada geral da Polícia Civil, Heloísa Brito afirma que foram mais de seis meses de investigação para que a operação pudesse ser deflagrada. “Nós fizemos um planejamento muito cuidadoso, até para que não tivesse nenhum tipo de risco para a comunidade que mora no local. Eles utilizam uma área de mata, onde a polícia não tem um trânsito comum. Esses indivíduos, normalmente, nascem crescem e moram naquela região, o que dá o conhecimento de todas as saídas. Isso exigiu que de fato nós fizéssemos uma investigação, um levantamento muito cuidadoso”, fala.

De acordo com informações, Escobar e uma outra liderança que foi morta e não teve a identidade revelada, foram localizados ainda na área urbana de Valéria, mas correram para a mata, onde dispararam contra os policiais. No tiroteio, os dois foram atingidos e não resistiram aos ferimentos. Apesar da liderança em Valéria, o secretário Marcelo Werner atribuiu a Escobar responsabilidades por crimes fora de Salvador.

“Era a principal liderança da facção em Valéria e responsável por diversos crimes violentos, não só naquela região, mas no estado da Bahia. A liderança alcançada orquestrou diversos ataques também a outras facções, acirrando disputas por domínio de território em Salvador. Então, era um indivíduo de alta periculosidade que estava à mercê da justiça”, completa.

O terceiro traficante da Katiara localizado na operação foi preso em flagrante em um acampamento onde foram encontradas granadas. Além deste, outros dois acampamentos foram localizados. Ao todo, foram apreendidos 150 kg de maconha, seis granadas, rádios comunicadores, balanças de precisão e porções fracionadas de cocaína, crack, munições, além de sete aparelhos celulares.