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Larissa Almeida
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 06:30
Há quem diga, em tom de brincadeira, que só mesmo o Espírito Santo poderia separar a Bahia e o Rio de Janeiro no mapa do Brasil para conter a catarse carnavalesca e os verões prolongados que o encontro de baianos e cariocas poderia proporcionar. Embora as delimitações geográficas tenham impedido essa união, ela se mostrou inevitável nos molhos, temperos e até nas guloseimas que participaram do Rio Gastronomia, o maior festival do ramo no país, que contou com iguarias baianas em pratos diversos durante três finais de semanas seguidos no bairro da Gávea, na Zona Sul fluminense. >
Para encontrar as delícias com gosto da Bahia, o primeiro sentido a ser utilizado foi a visão. Em meio a dezenas de estandes montados no Jockey Club Brasileiro, chamou atenção aquele nomeado como Dois de Fevereiro. Na fachada do local, a imagem de Iemanjá e o barquinho decorado com fitas do Senhor do Bonfim levaram à suspeita que viria ser confirmada logo em seguida por Krause Sales, gastrônoma que é aluna e amiga do chef do restaurante.>
“João Diamante [chef do restaurante] é baiano”, conta, desvendando logo o mistério. “Ele é muito ligado às matrizes dele. Ele nasceu na Bahia, mas veio criança para o Rio e, através do Dois de Fevereiro, ele viu a forma de homenagear a terra e a ancestralidade dele, e fazer um tributo a Iemanjá”, explica Krause.>
Na noite do penúltimo sábado do evento, dia em que a reportagem esteve no Rio Gastronomia, a gastrônoma estava responsável pelo estande do amigo. Ela fez um passeio pelos pratos que estavam sendo vendidos no festival e explicou que o preparo de cada um deles resultava de uma experiência de João pela Bahia. >
“Tudo aqui tem um ‘quê’ de Bahia. Ele ofertou como entrada uma pipoca de manjubinha, com maionese de capim-limão e pimenta-de-cheiro, além da coxinha de bobó de camarão. De prato principal, tem o Arroz Odoyá, que conta com arroz e frutos do mar. Ou seja, tudo está ligado às águas. O mais diferente que ele cozinha, e que é vegetariano, é o nhoque de banana-da-terra”, detalha Krause.>
Depois de experimentar o trio de coxinhas de bobó de camarão, que tinha o azeite de dendê mais suave do que aqueles encontrados em terras soteropolitanas, o paladar guiou a busca por um doce – o que, no processo, acabou possibilitando o encontro com um pedaço do sul da Bahia, presente nos brownies de Andressa Fonseca, proprietária da Doutora Brownie. >
No estande de Andressa, foi possível experimentar mais de um sabor da guloseima de chocolate feito com o cacau que é importado de Ilhéus. O cardápio variado tinha como opção brownie com brigadeiro, leite em pó, doce de leite, café, caramelo salgado e ganache salgado. Com a alta demanda por chocolate, a escolha por um produto de qualidade foi um investimento feito à medida que o negócio crescia, conforme conta a empreendedora.>
“Desde 2017, a marca nasceu com o intuito de me ajudar a ter uma renda para fazer a faculdade de Medicina e cresceu tanto que eu desisti da faculdade. Me apaixonei pela gastronomia e estou aqui até hoje. Enquanto o negócio foi crescendo, dei preferência a marcas de chocolate feito com o cacau da Bahia. Não abrimos mão de usar, porque somos apaixonados pelo gosto”, relata.>
A paixão pelo sabor dos produtos alimentícios produzidos pelos baianos também determinou a preferência do CEO Tiago Rocha. Mas, antes de chegar até a história dele, foi preciso ouvir representantes dos estandes da feira de produtos regionais, que teve direito a uma grande área de exposição no evento. Dona da Bodega Produtos do Nordeste, a carioca Socorro Feliciano foi a principal responsável por espalhar a fama de uma farofa que faz sucesso no Rio Gastronomia.>
A farofa em questão, que é vendida por ela fora do festival, foi idealizada e criada por Tiago, com farinha vinda diretamente do Recôncavo Baiano. Ele diz que a ideia de fazer farofas temperadas surgiu há mais de dois anos, mas somente em novembro de 2024 a Yaci Farofas nasceu.>
“Tudo começou com a farofa Premium, que era muito apreciada nos restaurantes que trabalhei. De diferente, tem o carinho e o resultado de muito estudo, que me fez chegar à decisão de usar cebolas e alhos desidratados, que preservam 95% dos nutrientes. Nesse processo de estudo, fui até algumas casas de farinha experimentar farinhas do Brasil inteiro e fui identificando que a do Recôncavo Baiano era muito saborosa”, conta Tiago.>
Entre as características da farinha baiana, mais precisamente de Santo Amaro e adjacências, o CEO da Yacy Farofas destaca o equilíbrio no sabor e granulação, que favorece a crocância na hora do preparo. Anualmente, a fábrica responsável pela confecção da farofa importa 400 quilos da farinha, movimentando a economia do Recôncavo e levando mais da Bahia para o Rio.>
Ampliação da conexão além da gastronomia>
Patrocinadora oficial do Rio Gastronomia, a GOL reconheceu a conexão entre a Bahia e o Rio de Janeiro ao decidir disponibilizar, entre agosto e dezembro, cerca de 396 voos entre Salvador e a capital fluminense, uma média de 80 voos semanais. No Rio, a companhia é líder e já responde por 60% da oferta geral na cidade, na soma das operações no Aeroporto Internacional Tom Jobim (GIG) e no Santos Dumont (SDU).>
Para além do Rio, a GOL anunciou o crescimento anual de 13% na oferta de voos domésticos no verão, com 60 mil voos e 11 milhões de assentos disponíveis entre dezembro de 2025 e fevereiro de 2026. A região Nordeste vai receber mais de 21 mil operações e 4 milhões de assentos, um aumento de 10% frente à temporada do verão anterior.>
Salvador, que é vista como um importante centro de distribuição de voos da companhia, vai receber mais operações para Natal, Fortaleza, Belo Horizonte, Vitória, Porto Alegre, Curitiba, Campinas/Viracopos, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. Já Porto Seguro contará com ligações diretas da GOL desde Brasília e Rio/Santos Dumont, bem como o aumento da oferta da frequência de voos para Rio de Janeiro, São Paulo e a capital baiana.>
“Nossa malha aérea de alta temporada de verão, a maior da história, reflete o compromisso da companhia em atender à crescente demanda por viagens.[...] O aumento nas operações e a oferta de novas rotas são reflexos do nosso engajamento em proporcionar experiências significativas e acessíveis para todos os clientes” afirma Mateus Pongeluppi, vice-presidente comercial da GOL.>