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Policiais da Bahia mataram quatro pessoas por dia em 2024, diz anuário

Das vítimas, 91,1% são homens, dos quais 79% são negros e 45% têm até 29 anos

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 24 de julho de 2025 às 19:14

Polícia Civil identifica autores de homicídio e prende um dos envolvidos em Ribeirão do Largo
SSP declara, em nota, que todas as ocorrências são investigadas pela Polícia Civil e pelas respectivas corregedorias Crédito: Ascom PC-BA/ Guilherme Santos

Um fator decisivo para o posicionamento da Bahia enquanto um dos estados mais violentos do Brasil, quando se fala de mortes violentas intencionais, está na taxa de letalidade proveniente de ações policiais. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025 registram a polícia baiana como a mais letal em números absolutos, com 1.556 registros em 2024 - cerca de quatro mortes por dia. Nas cinco cidades baianas do top 10, 25,8% das mortes violentas foram decorrentes de intervenções policiais. Das vítimas, 91,1% são homens, dos quais 79% são negros e 45% têm até 29 anos.

“A gente percebe que a Bahia, proporcionalmente ao nacional, continua com um padrão de uso letal da força muito alto em comparação ao restante do país. Se eu pegar as 27 polícias militares e civis do Brasil, eu tenho 15 unidades da federação onde as polícias representam menos do que 10% do total das mortes violentas intencionais. Ou seja, as polícias fazem parte da solução e não do problema. Dá para falar com segurança que, em casos como o da Bahia, as polícias fazem parte do problema da violência e não só da solução”, afirma o presidente do Fórum, Renato Lima.

Lima destaca que o uso da força na Bahia é recorrente e histórico, mantendo-se com média constante em 2023 e 2024. “Óbvio, tem situações em que você precisa fazer o uso letal da força. Mas, quando mais de 25% do total de mortes é cometido pela polícia, aqui a gente precisa pensar e ver o que que está acontecendo”, declara. 

O diretor chama atenção também para o papel do discurso político na forma como as forças de segurança atuam. “O argumento que muitas vezes o ex-governador, hoje ministro Rui Costa, dizia era: ‘ah, mas os números não são verdadeiros’. Esses números são praticamente iguais aos do Ministério da Justiça, recentemente publicado. ‘Ah, mas aqui é o crime que vem em cima’. Se fosse assim, eu não teria 15 estados em que o problema existe, mas numa proporção muito menor”.

Para o pesquisador, o padrão é claro. “Se o político diz que a polícia pode agir dessa forma, a polícia vai agir dessa forma. É importante destacar isso. Tem 15 estados onde isso não acontece, onde a polícia é parte da solução. Não dá para dizer que as polícias brasileiras matam muito. Não. As polícias de seis estados matam muito, proporcionalmente, e a gente precisa olhar para elas e pensar que é possível mudar e fazer com que elas nos ajudem a pensar soluções - e não só agravar o problema da violência e do crime”.

Referindo-se aos casos de mortes decorrentes de intervenções policiais, a SSP declara, em nota, que todas as ocorrências são investigadas pela Polícia Civil e pelas respectivas corregedorias. Além disso, afirma que medidas de aperfeiçoamento do controle da atividade policial vêm sendo adotadas, a exemplo da Portaria nº 070-CG/2025, da Polícia Militar da Bahia, que estabelece o afastamento e acompanhamento psicológico de policiais envolvidos em ocorrências com mortes por intervenção legal, garantindo também suporte jurídico, emocional e profissional.