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Prefeitura inaugura Casa das Histórias no Comércio

Narrativa destaca os saberes e fazeres de pessoas comuns e do cotidiano da cidade

  • R
  • G
  • Raquel Brito

  • Gilberto Barbosa

Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 23:26

Casa das Histórias é inaugurada em Salvador
Casa das Histórias é inaugurada em Salvador Crédito: Paula Fróes

“Um é dois, três é cinco!”, “Olha o carro do ovo!”, “Olha o picolé!”. Para quem anda por Salvador, escutar essas três frases pela rua é comum. Agora, elas ecoam também pela Casa das Histórias de Salvador, novo equipamento cultural da cidade, localizado no Comércio. Inaugurada nesta segunda-feira (29), dia que marcou também a reinauguração do Arquivo Público de Salvador, a Casa tem como objetivo mostrar a história da capital baiana a partir das pessoas que a constroem dia após dia. A entrada é gratuita até o dia 31 de março, com retirada de ingressos pelo Sympla.

A cultura da cidade está presente até nas escadas da Casa. São as Escadas do Patrimônio, junção dos azulejos de Prentice de Carvalho e José Eduardo Ferreira com as expressões populares nos alto-falantes. Enquanto nos degraus os visitantes veem retratadas cenas como um jogo de capoeira e uma baiana vendendo seus quitutes em frente ao Farol da Barra, o ambiente sonoro é tomado por vivências do cotidiano soteropolitano, que vão desde o anúncio dos ovos a torcedores cantando o hino do seu time de coração.

Azulejos dos degraus trazem a arte de Prentice e Zé Eduardo
Azulejos dos degraus trazem a arte de Prentice e Zé Eduardo Crédito: Paula Froes/CORREIO

Segundo a curadora Ana Helena Curti, a equipe criativa partiu do princípio de evidenciar outras óticas e camadas de Salvador, as que ainda não estão no imaginário das pessoas. “Trouxemos histórias, camadas, lugares da cidade que talvez as pessoas ainda não conheçam para que elas possam se deslocar por Salvador e conhecer um patrimônio. A casa é a própria cidade, a ideia é que as pessoas possam vir para cá e viver as experiências”, afirma.

Ambientes

No primeiro andar, o destaque é para a natureza, tanto na influência do mar para as mudanças estruturais na cidade como na força sensorial dos elementos. 

No nível acima, as obras permitem um olhar para Salvador por outro ângulo. A maquete Ampliando a Cidade, com direção criativa de Antonio Curti, traz a cidade vista de cima, inteira ao alcance dos olhos. Nela estão pontuados os 24 locais registrados na coleção Diálogos do Patrimônio, que traz imagens de lugares essenciais para a construção de Salvador, do Santo Antônio Além do Carmo à Calçada.

Imponente, maquete de Salvador se destaca no segundo andar
Imponente, maquete de Salvador se destaca no segundo andar Crédito: Paula Froes/CORREIO

Já no terceiro andar, tomam conta do salão 24 retratos de pessoas que vivenciam e transformam a narrativa da cidade. Unidas a áudios introdutórios de cada uma dessas histórias, as fotografias de Renan Benedito evidenciam o protagonismo de pessoas negras, indígenas e com deficiências.

Revelando Histórias, de Renan Benedito
O ator Jorge Washington e a gestora Ninfa Cunha fazem parte da obra Revelando Histórias Crédito: Paula Froes/CORREIO

A gestora e produtora Ninfa Cunha observava com orgulho a si mesma na fotografia. Pessoa com deficiência física, ela foi uma das modelos de Benedito e diz estar honrada de participar do projeto. “Eu adorei o convite, digo que agora sou imortal na cidade de Salvador. E eu amo essa terra, essa gente, acho que nós somos um povo diferenciado, que aqui até o sol é diferente”, declara.

Uma coleção em homenagem aos 14 anos do Acervo da Laje domina o quarto andar. Para Vilma Santos, idealizadora do projeto, ter os trabalhos da iniciativa expostos no centro de Salvador é uma oportunidade de mostrar a potência do Subúrbio.

"Estar aqui é importante para as pessoas perceberem que, para chegar na cidade, a nossa história depende das periferias, porque é lá que as coisas acontecem. Mostrar que o Subúrbio tem arte, não só violência."

Vilma Santos

Idealizadora do projeto

Outro destaque são as versões táteis de obras na Casa, como os azulejos de Prentice e a fotografia Tia Nola, de Marco Illuminati. Além de permitir mais interatividade entre o público e as peças, a iniciativa promove a inclusão de pessoas com deficiências visuais, por exemplo. Segundo José Eduardo, também idealizador do Acervo, essa é uma prática do Acervo da Laje que eles fizeram questão de levar para a nova instalação cultural da cidade.

Presença de versões táteis das obras é um diferencial da Casa das Histórias
Presença de versões táteis das obras é um diferencial da Casa das Histórias Crédito: Paula Froes/CORREIO

“Essa é uma provocação, porque geralmente, quando a gente vai aos museus, não pode fazer isso. As obras táteis vêm justamente para fazer essa continuidade desse trabalho de inclusão, porque a arte é para todo mundo. E nós, nas curadorias, é que temos que ficar atentos para que isso se torne cada vez mais possível e constante”, afirma.

A inauguração contou com a presença de nomes como o prefeito Bruno Reis, o ex-prefeito ACM Neto e o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Bruno Tourinho. Para Bruno Reis, a Casa das Histórias dá a Salvador um acervo que garantirá o legado da cidade.

“Nesses quase cinco séculos de existência, nós temos muitas histórias para contar, que agora estão preservadas neste equipamento. Essas histórias serão contadas e estarão registradas na eternidade. Também no arquivo que nós recuperamos, higienizamos e restauramos, nós temos documentos que historiadores e estudiosos vão poder utilizar para pesquisa. Sem sombra de dúvidas, este equipamento vai estimular muito a vida de mais visitantes e a permanência aqui”, diz o prefeito.

Para Tourinho, a expectativa com a Casa é promover uma interpretação crítica do patrimônio, para fazer com que as pessoas se perguntem o que falta nas representações hegemônicas da cidade. “Aqui a gente faz uma análise a partir do que está no Arquivo Público e também do que não está. A história tem que ser preservada e sempre repensada, recalculada, as perspectivas têm que ser sobrepostas e esse é um espaço para isso, que a gente consegue valorizar essas múltiplas perspectivas que toda história tem. Essa casa oferece isso de várias formas”, afirma.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela.